The Stolen Empire - Gotville High 2

Capítulo 34

Eu olho ao redor, encontrando apenas escuridão ao meu redor. O vestido que eu usava arrasta no chão, o tecido preto se misturando com a falta de luz do ambiente. Meu cabelo estava preso em um coque alto, com algumas mechas caindo ao redor do rosto. Mordo o lábio e novamente tento ver alguma coisa, meu esforço sendo inútil.

"Peincesa." Escuto uma voz familiar atrás de mim e me viro para ver Liam me olhando com um sorriso no rosto. Ele usava um terno preto, com uma blusa branca e uma gravata também preta. Seu cabelo levemente bagunçado, dando aquela ideia rebelde pela qual eu me apaixonei.

"Onde estamos, Liam?" Murmuro e ele afasta uma mecha de cabelo do meu rosto, se aproximando de mim.

"Estamos na sua cabeça, gatinha." Adam se aproxima com seu próprio sorriso, e eu olho dele para Liam, nenhum dos dois parecendo sequer reconhecer a presença um do outro.

"Somos a representação do que você quer." A voz rouca de Nolan soa no meu ouvido, e seus braços rodeiam a minha cintura por tras, seus lábios indo para meu pescoço. Adam se aproxima e arrasta a língua pelo arco da minha orelha enquanto Liam morde meu lábio.

Que porra...

"É o que você deseja, não? Todos nós." Arlo sussurra no meu ouvido, do lado oposto de onde Adam estava. Engulo em seco.

"Não. Não é assim..." Murmuro, e todos eles dão risadinhas divertidas.

"Lembra, Mia..." Adam começa, e chupa meu lábio inferior, dando uma mordidinha.

"Estamos na sua cabeça." Arlo murmura, mordendo o lóbulo da minha orelha.

"Você pode até mentir para nós na vida real..." Nolan sussurra, beijando a pele do meu pescoço.

"Mas não para si mesma." Liam conclui antes de juntar os lábios com os meus.

Eu acordo sentando instantaneamente na cama, meu peito subindo e descendo rapidamente com a minha respiração ofegante. Passo a mão no cabelo e fecho os olhos, suspirando. Porra. Agora era a minha própria mente me pregando peças. Ótimo, exatamente o que eu precisava. Imagino que tenha acordado apenas por estresse, mas o barulho da janela abrindo me prova que estou enganada.

Acendo a luz para ver Adam entrando no quarto pela minha janela. Arregalo os olhos quando ele tropeça e quase cai, se segurando na parede e me encarando. Suor escorria pela sua testa, e eu sei imediatamente que tem algo muito errado.

"Por favor, me diz que você tem algum dom na medicina." Ele murmura e eu me levanto da cama, me aproximando dele. Quando chego perto, Adam solta a parede e teria caído se eu não tivesse o segurado. 

Então é aí que vejo suas costas. O tecido da blusa que ele usava estava colado em sua pele por conta de todo o sangue espalhado. Arregalo os olhos e o levo para sentar na minha cama. Ajowlho na sua frente e pego seu rosto entre minhas mãos, os olhos verdes de Adam encontrando os meus.

"Estou bem..." Ele sussurra e eu suspiro. Levo minhas mãos para a bainha de sua camisa e levanto, tomando cuidado para não machucá-lo.

"Deita de costas." Falo, e Adam obedece. Eu tenho que morder o lábio para não demonstrar meu choque quando tenho visão direta de suas feridas.

Não tinha uma parte de suas costas livre do sangue. Sabe aqueles filmes de escravidão ou guerra quando um servo é punido com chicotadas? Era exatamente isso que o motoqueiro tinha nas costas. Dezenas de cortes espalhados por sua pele, parecendo não ser tão fundos, mas rasgando em feridas. Lágrimas vão para os meus olhos, mas eu sei que esse não é o momento, então pego o kit de primeiros socorros que todos os quartos tinham e sento na cama.

"O que aconteceu com você, Adam?" Questiono enquanto limpo seus ferimentos, para distraí-lo da dor do remédio que eu aplicava, mas também pela minha própria preocupação.

"Dimitri ficou um pouquinho irritado." Murmura, e eu trinco a mandíbula.

"Ele fez isso com você porque estava irritado?" Tento manter a raiva longe de minha voz, mas mesmo sem ele reconhecer isso, sei que falhei.

"Estou acostumado." Adam diz, e eu me seguro para não gritar. Era como se estivessemos falando do porque o céu é azul. Algo que é simplesmente assim e fim de conversa, nada a fazer para mudar. Isso me deixa irritada. Não com ele, mas com o mundo ao meu redor.

Arquivo o assunto na minha mente para discutir com Adam mais tarde e termino de cuidar de suas costas. Uso gaze para fazer um grande curativo, então falo para ele sentar e tomo conta dos cortes mais superficiais em seu rosto.

"Gatinha... Nolan não pode saber disso." Adam sussurra enquanto cuido de um corte na sua têmpora e eu franzo a testa, encontrando seus olhos.

"Por quê?" Questiono, minha voz apenas um pouco mais alta que um sussurro.

"Vai piorar tudo. Promete para mim, Mia." Ele fala, mais sério. Suspiro ao terminar de cuidar de seus machucados.

"Piorar como?" 

"Olha... Agora, Dimitri se concentra em mim. Se Nolan saber disso, ele vai pirar. O que vai fazer o chefe fazer isso nele também." Explica, e meu coração aperta por ele.

Ele está tentando proteger Nolan. Se isso acontecesse com os dois, provavelmente Adam iria se machucar menos, por ter outra pessoa para Dimitri dividir sua atenção. Mesmo assim, ele aguenta calado para que seu amigo não tenha esses... problemas.

Estou começando a pensar que Adam Shade era um fodido anjo na Terra.

Concordo com a cabeça. "Tudo bem. Prometo." 

Adam sorri. "Obrigado, gatinha." Murmura, e eu lhe devolvo com meu próprio sorrisinho fraco.

"Deita. tenta dormir, vai ser bom para você." Falo, guardando as coisas na caixinha novamente e tentando ignorar que eu ainda podia sentir seu olhar me analisando, minha pele ficando arrepiada a cada local que seus olhos encontravam.

"Eu posso ir..." Ele começa, mas eu o interrompo.

"Não. Você vai dormir aqui. Não tem a mínima condição de descer pela janela, e eu nem mesmo sei como você subiu." Falo, e Adam suspira, dando um sorrisinho divertido e assentindo.

"Okay, gatinha. Okay."

Vejo Adam deitar no lado direito da cama, de barriga para baixo e vou para o banheiro deixar o kit no armário onde sempre ficou e me encaro no espelho. Suspiro e balanço a cabeça.

Acabei de brincar de enfermeira como se eu tivesse alguma ideia do que estava fazendo. Mas isso não estava nem perto da verdade.

Ultimamente, nunca sei o que estou fazendo.