Seus olhos não saíam da minha boca. Ele parecia estar em total autocontrole e seu olhar transbordava desejo. Me aproveitando da situação, fui me aproximando vagarosamente do seu pescoço e comecei a distribuir beijos por ali, o provocando. Eu sabia que ele estava gostando, pois sentia sua respiração levemente acelerada. Minhas mãos, que já estavam em seus ombros, partiram para a sua nuca e eu comecei a arranhá-la de leve. No mesmo instante, nossos lábios já haviam se encontrado e tínhamos começado um beijo calmo e lento.
De repente, Vlad foi direcionando os nossos corpos para debaixo da arquibancada e descendo os beijos para o meu pescoço, dando leves chupões. Ele apertava a minha cintura e me puxava para perto dele. Não que eu nunca tivesse pensado nele desta forma, mas eu nunca imaginei que algo realmente fosse acontecer entre nós dois. Eu ainda não sabia o que estava acontecendo, mas eu estava gostando.
- Você realmente quer fazer isso, aqui, embaixo da arquibancada? – Vlad perguntava ofegante durante o beijo que eu tentava ao máximo não quebrar.
Mas bastou eu me dar conta do que estávamos prestes a fazer, para voltar à sanidade. Nós poderíamos ser pegos a qualquer momento, afinal estávamos em um acampamento da Wolfmaya, cercados por alunos e pelos demais professores. Mesmo eu precisando urgentemente senti-lo de novo, seria muito arriscado.
- Me desculpe. – Eu disse, me recompondo.
- Por me fazer o homem mais feliz desse mundo? – Vlad respondeu um pouco desanimado. Mas no fundo, ele sabia que eu estava certa. – Se dependesse de mim, nós caminharíamos de mãos dadas até encontrarmos o restante do pessoal.
Essa última frase mexeu um pouco comigo. O silêncio que nos acompanhou até o outro lado do lago me fez perceber que aquilo estava errado. Por mais que eu estivesse gostando de verdade do Vladmir, eu sabia que ainda haviam muitas coisas para serem resolvidas. Eu o amava por ele ser tão errado e mesmo assim ser o certo pra mim. É complicado, eu sei.
(...)
- Oi, amiga! – Taís se aproximou de Adri assim que ela e Vlad chegaram junto ao restante do pessoal, que estava espalhado pelo gramado embaixo das árvores. – Eu nem consegui falar com você depois da nossa apresentação.
- É verdade! Eu estava tão nervosa...
- Adri, eu vou ali falar com o Lázaro. O nosso grupo ainda tem um ensaio marcado para hoje à tarde. Você sabe o que tem que fazer. – Vlad piscou para ela antes de sair em direção ao grupo do teatro.
- É claro!
- O que você tem que fazer? – Taís não se esforçou para esconder a curiosidade.
- Um convite.
- Pra mim?
- Unhum. Vem... Vamos sentar e eu te explico tudo. – Adri apontou para uma árvore que estava a poucos metros delas. - O Vlad me disse que estava andando pelo acampamento ontem e descobriu uma cachoeira não muito longe daqui. Ele me convidou pra ir lá hoje, depois dos ensaios, mas eu fiquei um pouco apreensiva, sabe? Pensei que talvez você quisesse nos acompanhar...
- E segurar vela? Eu? Nem pensar... – Taís respondeu decidida.
- Um passarinho me contou que o Lázaro também vai... – Adri disse isso olhando para o outro lado, como quem não quer nada.
As duas riram e Taís acabou aceitando o convite. Minutos depois, elas conversavam a respeito de Vlad.
Por mais que nós fôssemos amigas há muito tempo, eu não consegui confessar à ela o que mais me incomodava. Mas com certeza dividir este fardo com alguém me rendeu uma sensação muito melhor do que eu esperava.
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Sonhos de uma noite de verão
RomanceSonhos de uma noite de verão é uma história bastante alternativa de Adriana Esteves e Vladimir Brichta. O título é baseado na obra de Shakespeare, porém os rumos dessa história são total e completamente diferentes. Adriana é professora de Dramaturgi...