Capítulo 7

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UMA SEMANA DEPOIS

07:28h

O dia não tinha começado muito bem. Eu sabia que toda aquela comida japonesa tão tarde da noite me faria mal. Minha pele estava gelada, o suor escorria pelo meu corpo e, provavelmente, minha pressão tinha baixado. Droga de intoxicação alimentar.

- Eu falei para o Felipe que preferia comer outra coisa, mas quem disse que ele me escuta? - Adriana falava sozinha enquanto procurava uma roupa no armário.

- Falando sozinha, mãe?

- Bom dia, filho.

Ela dá um beijo demorado na bochecha dele.

- Só vim avisar que o café já está pronto.

- Hummm... Vamos lá então. Depois eu me arrumo.

Assim que Adri deu a última mordida em sua torrada e conferiu o relógio, a crise de ansiedade voltou. E junto com a crise de ansiedade, um enjoo incontrolável, que a fez voltar correndo para o quarto.

Será que eu estou ficando doente?

Uma semana havia se passado desde o acampamento. Murilo finalmente havia decidido contratar Vladimir, logo na segunda-feira e, mesmo assim, ele nunca mais tinha aparecido na Escola.

Há uma semana, Adri e Vlad não se viam. Ela não sabia se ele já tinha consertado o celular, que parou de funcionar após a chuva que eles pegaram no acampamento... e pensar naquela noite a fez estremecer.

De repente, uma ideia passou pela sua cabeça...

Meu Deus! Mas e se... Não, não pode ser.

Voltei aos tropeços para a cama, me cobrindo novamente com minhas cobertas e me ajeitando em busca de uma posição mais confortável. Ouvi os gritos de despedida do Felipe, antes de ele passar correndo pelo corredor, provavelmente atrasado para a faculdade. Foi melhor assim. Não queria deixar ele preocupado. Meu estômago estava mais sensível ultimamente e esses enjoos estavam mais frequentes do que eu gostaria, mas logo tudo ficaria bem.

Acabei caindo no sono novamente e acordei com o barulho da campainha. O Felipe esqueceu a chave de novo.

— Dri, meu amor, você não vai acreditar no que aconteceu ho... Meu Deus! O que você tem? Você tá pálida! — Naná voltou na minha direção, depois de passar rápido pela porta, quase me atropelando, e colocou a mão sobre a minha testa. — Você tá gelada, Adri!

— Oi pra você também, Naná.

— Sem piadas, Adriana. O que aconteceu? — Minha amiga estava preocupada. Seu olhar alternava de mim para o sofá, atrás de nós.

— É apenas uma intoxicação alimentar. Daqui a pouco passa! — Eu me joguei no sofá.

Ela suspirou, me encarando como se ponderasse sobre algo e se sentou ao meu lado.

— Você está enjoada? — Perguntou, olhando fixo em meus olhos.

— Muito! — Ela olhava pela janela, parecendo não prestar atenção no que eu dizia. — O que foi, Naná?

— Nada. — Ela respondeu rapidamente, se levantando em seguida. — Eu vou até a farmácia comprar um remédio pra você.

— Não precisa. Senta aqui... - Dei leves palmadinhas no assento do sofá. - Me conta o que você ia me contar quando chegou aqui!

Mas ela me ignorou. Óbvio. No lugar de me responder, apenas balançou a cabeça e seguiu para a porta.

— Eu já volto. - Disse, por fim.

Sonhos de uma noite de verãoOnde histórias criam vida. Descubra agora