Já era tarde quando Felipe finalmente chegou em casa.
Adriana acordou com o barulho da porta da sala e conferiu o relógio: eram 20:33h.
- Filho, você demorou.
- Eu te mandei mensagem avisando que ia passar na casa da Isa antes de vir pra casa. Você não viu?
- Não, acho que eu dormi demais. - Ela bocejou.
O menino foi até o quarto, deixou a mochila e voltou à sala. Só então ele percebeu que havia algo errado. As janelas ainda estavam abertas, mesmo depois do anoitecer. Sua mãe estava com a mesma roupa que vestia no café da manhã. E sua feição não parecia nada amigável.
- Aconteceu alguma coisa? - Ele sentou-se no sofá de frente para a mãe.
- Sim. - Fez uma pausa. Como o menino a fitava pacientemente, ela continuou: - Eu estou grávida.
- É brincadeira, né? - Ele levantou. - Só pode ser mais uma daquelas suas pegadinhas. Anda, cadê a câmera? - Ele rodeou o sofá. - A Dinda está aqui, é claro. Onde ela está? - Ele voltou a se sentar no sofá, ainda incrédulo. - Você não pode estar falando sério.
- Mas eu estou, Felipe. Infelizmente, eu estou falando muito sério.
- Mas co-como? Ou melhor, de quem?
- Do Vladimir.
- Eu mato ele. - Felipe se levantou novamente.
- Não vai matar ninguém. Vem cá. Senta aqui. - Chamou.
Felipe sentou ao lado da mãe.
- Imagina quando o meu pai souber disso.
- A última pessoa em quem eu quero pensar agora, é no seu pai, Felipe.
- Eu sei. Me desculpa. Eu falei sem pensar... Mas o que você pretende fazer agora?
- Primeiro, eu vou contar para o Vladimir.
- Quando?
- Amanhã. A Taís me falou que ele foi contratado hoje.
- Mas...
- Não. Eu não fui trabalhar.
Ele apenas assentiu. Então, como que em um impulso, a abraçou fortemente.
- Eu te amo, mãe. E estou aqui com você para o que você precisar.
(...)
No dia seguinte, após as aulas do período matutino, Adriana dispensou as alunas e foi em direção à sala dos professores. Ela não tinha passado lá antes do início das aulas, então não havia cruzado com Vladimir ou com qualquer outro professor.
Quando ela já estava quase chegando à porta, alguém tocou seu ombro...
- Adri?
- Oi, amor. - Era Taís. - Como você está? Bem?
- Estou sim. Bem melhor. Aliviada, na verdade. Acho que porque eu conversei com o Felipe ontem e ele foi bastante maduro. Muito mais do que eu esperava.
- E com ELE? Você já falou?
- Ainda não... - Ela desviou o olhar.
- E o que você está esperando?
- A coragem.
- Mas então vai sem coragem, mesmo. Anda! Ele está bem ali... - Apontando para uma sala um pouco à frente no corredor.
Adriana pareceu ponderar, mas logo se virou e foi em direção à porta.
POV Vlad On
E lá se foi o meu segundo dia na Wolfmaya. É claro que eu ainda não estava habituado com a nova rotina. E, além disso, eu ainda não havia reencontrado a Adriana. Eu não queria invadir o espaço dela e parecer desrespeitoso, quando claramente ela precisava de um tempo, mas eu estava ansioso para contar sobre o meu divórcio definitivo. Não haviam mais impedimentos para nós dois.
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Sonhos de uma noite de verão
RomansaSonhos de uma noite de verão é uma história bastante alternativa de Adriana Esteves e Vladimir Brichta. O título é baseado na obra de Shakespeare, porém os rumos dessa história são total e completamente diferentes. Adriana é professora de Dramaturgi...