POV Vlad On
Eu estava realmente muito triste, pois queria muito aquele filho com a Adriana. Ao mesmo tempo, ver todo o sofrimento dela, me causava dor. Mas eu precisava ser forte e não podia demonstrar fraqueza, pois ela precisava de mim, mais do que nunca.
- Adriana... – O médico começou a falar. Ela levou a mão à boca. Seus olhos já estavam cheios de lágrimas. – Infelizmente o bebê não resistiu. Eu sinto muito.
Nosso filho. Aquele era o NOSSO filho. Era difícil acreditar que ele não estava mais ali. Eu a abracei e nossas lágrimas se misturaram enquanto caíam incessantemente.
- Meu bem, a gente vai conseguir... A gente vai passar por isso. – Eu tentei acalmá-la, mas a minha voz não soou tão forte quanto eu gostaria.
Passados alguns minutos, que pra mim pareceram horas, o médico já havia levado a Adri para a sala onde eles fariam a curetagem e eu ainda estava imóvel dentro do quarto, olhando para a cama onde ela estava deitada antes, tão esperançosa.
Eu estava vivendo um pesadelo. O olhar dela, quando os médicos a levaram, era de cortar o coração de qualquer um.
Como não havia mais o que fazer ali, eu voltei à recepção. Não foi preciso dizer nada. Acho que a minha expressão era suficiente, pois a Agnes me abraçou forte, sem dizer uma palavra sequer e eu finalmente pude chorar tudo o que eu tinha segurado até então.
- Eu falei para a Adri que iria passar em casa para pegar algumas coisas. – Disse, assim que a Agnes afrouxou um pouco os braços. – Eu vou lá e volto pra dormir com ela.
Ninguém ali sabia exatamente o que dizer, então nós andamos todos em silêncio até o estacionamento.
O Felipe e a Flávia embarcaram em um carro... a minha mãe embarcou no carro da Agnes e eu fui logo atrás delas. Eu me sentia sem uma parte de mim, tendo que voltar sozinho, sem a Adriana... e garanto que agora ela se sentia assim também.
(...)
DOIS DIAS DEPOIS
Eu acordei e vi que a Adri estava parada na porta do quarto, me olhando...
Fiz um sinal para que ela viesse até mim. Ela assentiu e deu passos ainda fracos até alcançar a cama, se sentando ao meu lado.
Então, recostou a cabeça em meu ombro, encharcando a minha camisa com suas lágrimas. O choro dela era baixo, quase silencioso... Eu mexia em seus cabelos e às vezes, secava algumas lágrimas.
E nós apenas ficamos ali, em silêncio.
Não sei dizer exatamente quanto tempo se passou, até que ela se virou e me disse que estava com medo.
Eu também estava, mas me mostrei confiante.
- Confia em mim, meu amor... Vai dar tudo certo! – Eu beijei o topo de sua cabeça. - Você vai ver... Logo, logo vai ter um molequinho nosso correndo aqui por essa casa, e esses momentos difíceis serão apenas lembranças. Nós ainda vamos ser muito felizes, ouviu?
Ela apenas assentiu com a cabeça.
(...)
Passadas algumas semanas desde o ocorrido, os pais de Vlad já haviam ido embora e os dois estavam sozinhos no apartamento dela.
Adri estava sentada em uma poltrona, em seu quarto, encarando a rua por entre a cortina entreaberta, quando Vlad apareceu na porta:
- Amor, eu vou até a padaria... Você quer que eu traga alguma coisa de lá para você?
- Não, obrigada. Na verdade, eu estou sem fome.
Vlad pensou em discutir aquilo, mas sabia que seria em vão. As últimas semanas tinham sido muito difíceis para ela.
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Sonhos de uma noite de verão
RomanceSonhos de uma noite de verão é uma história bastante alternativa de Adriana Esteves e Vladimir Brichta. O título é baseado na obra de Shakespeare, porém os rumos dessa história são total e completamente diferentes. Adriana é professora de Dramaturgi...