Festa do Angel

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Liliane estava focando muito nos estudos, justamente para recuperar o tempo perdido naqueles três meses que tinha faltado a escola. Foi por esse motivo que mal prestou atenção nos seus amigos até quarta feira a noite, na festa do Angel, e Thomas sabia disso. Aquela era uma festa mais exclusiva. Só podiam entrar os convidados e os convidados dos convidados, o que era bom para Thomas, porque não teriam tantos olhos assim para colocar tudo o que faziam no PatenteSecrets, como haviam feito com sua conversa atrás da escola. O bom de querer ficar com Liliane Amato é que ficaria com Liliane Amato, e o ruim é que era Liliane Amato, que chamava muito mais atenção do que Thomas estava acostumado. Não sabia lidar bem com atenção, e não sabia como lidaria com ela se por acaso começasse a namorar Liliane. Talvez só estivesse sendo um bom sonhador, mas quem sabe.

Angel, o anfitrião, era um cara muito legal. Todo mundo gostava dele e todo mundo queria que ele gostasse deles, o que era incrível porque isso podia muito bem o classificar como o cara mais popular do colégio, mesmo ele não sendo o mais bonito, ou o melhor em esportes, ou o que pegava geral. Angel era extrovertido e engraçado, ele parecia gostar de todo mundo e sempre levantava o astral de geral. Sua lista de convidados na festa foi curta, por causa do tamanho da sua casa, mas também foi vasta. Tinha gente de todos os grupos da escola, sem excluir nenhum, e sem esse separatismo idiota. Do quarteto ele chamou Thomas, dos "populares" chamou Lianne, e isso era perfeito.

Thomas nem estava pensando em ir antes de Liliane comentar. Não ia a lugar algum sem o quarteto, e a lugar algum sem que André decidisse para onde, porque ele tinha ganhado a aposta de fevereiro, afinal. Mas agora ele ia, e ela ia, e ele estava usando suas melhores roupas e seu perfume caro do frasco bonito, e agora era tudo ou nada porque sabia que nunca conseguiria namorar aquela menina se adiasse por mais tempo. Ela o colocaria numa friendzone fodida, e ele não queria deixar isso acontecer. Ele não deixaria acontecer.

A casa do Angel não era tão grande, mas era o suficiente para o tanto de gente que ele convidou. Sem falar que tinha a longa garagem, espaçosa o suficiente para caber o caminhão do seu pai que não estava lá naquela noite. Thomas estava usando sua melhor calça, seu melhor casaco, sua melhor blusa e seus converses antigos, porque ele não tinha tênis novos e bonitos para levar. Mas gostava daqueles sapatos.

A casa estava acesa naquela noite, com música alta que dava para ser ouvida bem claramente do lado de fora. A porta estava escancarada e tinham algumas pessoas soltas dançando no quintal da frente. Aquilo parecia imensamente perigoso, mas talvez até os bandidos passassem longe daquela casa por respeitarem demais o Angel. Quando Thomas entrou, o anfitrião foi imediatamente até ele, pulando, para recebê-lo com um copo de sei-lá-o-que vermelho com álcool.

– THOMAS! - Disse, gritando para ser ouvido, enquanto pulava ao som da música. Seus cabelos, tingidos de branco, estavam encharcados e ele estava fedendo a bebida. - QUE BOM QUE VEIO! SE DIVIRTA! NÃO SE PRENDA E NÃO SE INTIMIDE! A ÚNICA REGRA É QUE NÃO PODE PERGUNTAR DO QUE É FEITA A BEBIDA VERMELHA! - Angel parecia repetir aquilo para todos os convidados que iam chegando. Ele colocou o copo com a bebida vermelha na mão de Thomas. - EU VI A LILIANE POR AÍ TE PROCURANDO, POR SINAL. ELA TAVA MEIO DESLOCADA.

– VALEU, ANGEL! - Gritou Thomas de volta, enquanto dava um gole da bebida vermelha que Angel lhe entregara. Ele quase cuspiu tudo. Descumprindo a regra, ele logo quis saber: - QUE MERDA EU ACABEI DE PÔR NA BOCA?

– NÃO ME OBRIGUE A TE EXPULSAR, THOMAS! - Respondeu Angel, e depois saiu pulando pra longe, muito animado. Thomas se perguntou se ele não estava usando drogas.

Ele deu mais um gole na estranha bebida vermelha, e mais uma vez se arrependeu. Ele olhou pela sala e não viu ninguém interessante, então foi para a garagem. A garagem estava lotada de pessoas, o que significava que os convidados do Angel tinham convidado muita gente. Procurar Liliane ali parecia impossível, mas ele se dispôs a tentar. Em todo conhecido em que esbarrava, ele perguntava se tinham visto Liliane. Ninguém deu nenhuma informação útil até ele esbarrar em uma certa pessoa de espessos cabelos avermelhados.

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