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Narrador

cinco dias, era o número de dias em que Sina tinha passado ignorando seu pai, toda vez que ele chegava em casa da empresa a alemã fazia questão de se trancar dentro do quarto e só abrir a porta para que Luna entrasse com o jantar, ela não o queria ver de maneira alguma e isso era mais que compreensível.
Sina colocava uma música qualquer nas caixinhas de som de seu quarto e pintava as suas unhas, era uma boa terapia considerando que queria discutir até o amanhecer com seu pai que estava no quarto ao lado.

- senhorita Sina? - Luna batia na porta pedindo permissão para a entrada

- Luna - Sina abria a porta rapidamente não entendendo - pensei que só voltaria para trazer o jantar, aconteceu alguma coisa?

- o Sr. Deinert quer falar com a senhorita, ele disse que era urgente

- fofa-se ele e as urgências, quando eu precisei da ajuda do meu pai, do apoio, ele simplesmente me olhou com cara de espanto enquanto escutava aquele imbecil dizer que eu e todas as mulheres éramos incapacitadas - dava ombros voltando para sua cama

- Sina, por favor - a voz de Christopher soava atrás da porta quase fechada - não pode me evitar para sempre

- ah não posso? observe então - cruzava os braços e vendo que a porta abria - não me lembro de ter deixado você entrar, pelo que eu saiba essa propriedade ainda é minha, ou você vai chamar o Damien para falar mais alguma estupidez?

- Damien está afastado da empresa - Christopher falava ainda calmo - achei que seria o certo a se fazer

- isso não muda nada, não muda o fato de que me deixou falando lá sozinha - Sina falava com rapidez

- me desculpe filha - ele entrava lentamente em seu quarto esperando uma reação negativa da garota que não veio - eu sei que devia ter intervido, mas naquele momento eu não pude, peço perdão por isso

- o que você quer pai? eu sei que não está aqui para pedir perdão ou desculpas - suspirava - me diga logo e pelo menos podemos acabar com isso de uma vez

- eu quero que desça e jante comigo, sem formalidades, um jantar de pai e filha - ele dizia

- sem formalidades? - perguntava supresa pela primeira vez

- quando a sua mãe morreu eu virei um péssimo pai, só me importava com o trabalho e deixei você crescer sem alguém da família presente, acho que foi o meu maior erro - suspirava fundo - percebi hoje que estava quase cometendo esse mesmo erro de novo, te deixei sozinha naquele dia, não tive coragem de intervir por pura covardia, e esse não é o tipo de homem que eu quero ser, não é o tipo de pai que eu quero ser pra você

- um jantar - Sina erguia o dedo - vou pegar uma meia

- então eu te espero lá embaixo - seu pai sorria

ela estava curiosa, um jantar sem formalidades era tudo que Sina menos esperava, fazia muito tempo que isso não acontecia, o que deixava ela nervosa e curiosa ao mesmo tempo.
ao colocar seu moletom e calças suas pantufas confortáveis e quintinhas, Sina descia até encontrar uma cena que pensou que nunca mais veria, seu pai sentado no sofá de coro que ela pensava que nunca mais usaria, do lado de um pote imenso de pipoca e na mesinha a frente à televisão um fondue com todas as frutas que se podia imaginar.

- não acredito nisso - seus olhos chegaram a marejar por alguns segundos, mas ela conteve a emoção indo em direção ao pai e abraçando-o - obrigada por isso

- era o mínimo - depositava um beijo na cabeça da filha e sorria

desde que a mãe de Sina havia morrido, essa tradição dos Deinert tinha virado uma coisa do passado, assim como a maioria das coisas que relacionava a mãe, parecia que Christopher, de algum jeito queria mascarar a sua dor esquecendo e enterrando tudo no passado, mas memórias não se enterram e Sina não se esqueceu de nenhuma delas, mesmo com o passar do tempo e da sua idade.

- que filme vamos ver? - Sina deitava no sofá se aconchegando no cobertor que havia ali

- Bela e a Fera - seu pai respondia pegando o controle e a alemã sorria

- era o filme favorito da mamãe

- eu sei - Christopher suspirava fundo - eu quero ser um pai melhor Sina, quero mesmo e acredito que a primeira coisa a se fazer é mostrar pra você as coisas que a sua mãe gostava, o que ela fazia quando estava com você em casa e quando saíam, você era muito apegada a ela

- eu não me lembro.... queria muito me lembrar mas, não aparece - se lamentava triste, ela realmente queria lembrar de tudo aquilo, mas as memórias pareciam ter ficado perdidas em sua mente - porque agora? porque está trazendo tudo isso? se for culpa eu....

- não é culpa - ele olhava para o lado vendo Luna parada e sorrindo com a cena - eu só.... só percebi que você não vai estar aqui para sempre, vai crescer e não vai mais precisar do seu pai, então eu quero estar aqui enquanto precisar, porque esse é o meu único trabalho que eu não posso falhar

ding, dong

a campainha ecoava na mansão toda fazendo todos ali se assustarem um pouco, Luna sem pestanejar foi imediatamente em direção a porta abrindo a mesma, tudo aquilo estava estranho devido ao fato de que os porteiros geralmente avisavam quem entrava ou se aproximava da mansão.

- senhor Urrea - Luna abria um sorriso simpática mas soava nervosa

- desculpe chegar sem avisar - Dominic falava - mas eu queria resolver umas coisas com Christopher que não podiam esperar, ele está em casa? ou ocupado?

Luna entrou em desespero ao ver que Dominic tentava ver o interior, mas conseguiu tampar boa parte, Noah que estava ao lado do pai se divertia com a situação, ele sabia bem que haviam chegado em um momento esquisito e que a moça a frente só estava tentando evitar um climão.
Sina percebendo a movimentação estranha da mulher que geralmente trata todos com calmaria foi até a porta pedindo para que seu pai fosse colocando o filme, quase pulou de susto quando deu de cara com Noah e aquele sorriso imbecil dele de ponta a ponta, ah, como ela odiava aquele sorriso.

- Cinderela - fazia uma reverência

- o que fazem aqui? - Sina perguntava ignorando Noah, que sorria em maior deboche

- eu queria falar com o seu pai sobre uns negócios, e com você também senhorita Sina, agora que sou um dos parceiros da empresa gostaria de discutir seu futuro lá - Dominic parecia muito feliz ao dizer

- podemos conversar sobre tudo isso, só me deem dois segundos - a garota quase voava em direção a sala de estar - pai, pai, Dominic e Noah estão aqui, você tem que se trocar agora

- Dominic? o que diabos ele está fazendo aqui? eu liberei todos os funcionários da empresa mais cedo hoje justamente para não ser atrapalhado

- pai, só se troca rápido ok? eu vou distraí-los por enquanto mas preciso que seja rápido - seu pai acenava enquanto ia de fininho em direção a escada tentando não chamar atenção enquanto subia a mesma

Sina respeitava fundo sabendo que teria o inferno aguardando por ela, mas podia lidar com isso, sabendo que estava tudo bem ela podia lidar com qualquer coisa e naquele momento, qualquer um.





esse cap foi meio ruim mas o próximo vai ser bom, eu juro.

xoxo
marii

𝐭𝐡𝐞 𝐧𝐞𝐰𝐬 𝐥𝐢𝐞 » 𝐧𝐨𝐚𝐫𝐭Onde histórias criam vida. Descubra agora