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Narrador

Noah não sabia se estava preparado pra contar, mas até aí Sina também não sabia se queria ouvir ou fazer o mesmo contar, uma mágoa guardada era provavelmente a coisa mais difícil de se contar, ela sabia bem, tanto para Noah quanto para Sina era fácil guardar e esconder sentimentos, aprenderam isso com o tempo, que não tinha sido gentil com nenhum dos dois, uma coisa podemos todos deixar bem clara, as vezes, as partes mais felizes e que todos pensam ser as mais realizadas e perfeitas, são as mais quebradas e infelizes, as pessoas escondem a sua dor, suas mágoas, mas quem faz errado é quem acredita que isso é sinônimo de perfeição, não há vidas perfeitas, e isso custava a muitas pessoas entender.

- nossos pais eram todos amigos, eles tinham se conhecido quando menores assim como nós, meu pai, Richard e Nathaniel, os pais de Josh e Lamar - o último nome saia quase como um insulto - quando eles cresceram fundaram uma empresa que hoje em dia quase ninguém sabe que existiu, ULB & Co, meu pai desistiu da empresa deixada pelo meu avô para fundar uma com o próprio nome e com os amigos

a alemã escutava sem interromper, não queria que isso fosse motivo para que ele parasse de contar, mas não queria que ele estivesse contando só porque estava bêbado, era uma coisa muito pessoal para que ela soubesse se Noah não estivesse em seu total juízo.

- depois de um tempo reparei que meus pais estavam brigando, frequentemente, mas meu pai sempre fez questão de se desculpar com ela, sempre, quando eu estava a um dia de completar dezesseis anos soube que a Harvard tinha me aceitado, eu iria estudar o que sempre sonhei em uma das melhores faculdades, meus pais estavam orgulhosos de mim e fizeram uma festa, tanto pelo meu aniversário quanto pela faculdade, tudo parecia estar perfeito, até que eu e Josh encontramos minha mãe e o pai de Lamar, na minha casa, no quarto do meu pai

ele virava o copo todo e Sina sentia que precisava da mesma quantidade de bebida para absorver aquilo, estava nervosa só de pensar se fosse ao contrário, se fosse ela no lugar de Noah.

- eu fiquei louco, xinguei o cara de tudo que era possível e a primeira coisa que eu fiz foi contar para o meu pai, ele também ficou furioso, não era de menos, ver o melhor amigo na própria cama com a mulher que estava casado por quase dez anos, mas meu pai foi descente, ele disse que se minha mãe quisesse partir com Richard ela poderia, mas ele não se conformou só com isso, disse que iriam embora da cidade, e que eu iria com eles, aquele desgraçado queria tirar tudo que minha família tinha mas obviamente foi um pedido negado, tanto pela minha parte como a do meu pai, minha mãe não dizia nada, é como se ela soubesse o quão ridícula e fodida aquela situação toda era - suspirava fundo - naquela noite eu dormi na casa de Josh porque minha mãe queria conversar, ela realmente queria, mas no meio disso Richard passou na casa dos Beauchamp e dizendo que iria me levar até em casa, ele me sequestrou, e quanto eu vi Lamar sabia de tudo, estava de boca fechada mas eu via pela sua cara que sabia de tudo, e não tinha me contado - cerrava os punhos - quando Richard parou no posto eu não pensei duas vezes eu fugir, iria contar tudo para o meu pai e ficaria tudo bem

Noah suspirava fundo antes de continuar, e o clima pesava e era como se uma grande bola de neve daquelas que não se pode simplesmente parar, estava rondando a cobertura e dando voltas e mais voltas.

- cheguei em casa e contei tudo a ele, já tinha polícia lá e tudo mais, estavam atrás de todos nós, e quando amanheceu, no dia do meu aniversário que eu achei que tudo tinha sido apenas um pesadelo terrível, descobri que tinha ficado ainda pior - batia o copo na mesa de vidro - eles tinham sofrido um acidente, um grande acidente, na avenida principal, parecia que eles estavam brigando e Richard acabou perdendo o controle do carro..... a minha mãe morreu, no dia do meu aniversário, o dia que eu nasci ela se foi

𝐭𝐡𝐞 𝐧𝐞𝐰𝐬 𝐥𝐢𝐞 » 𝐧𝐨𝐚𝐫𝐭Onde histórias criam vida. Descubra agora