Señorita

Vinte e Seis

SHAWN'S POV

O sol bateu em meu rosto me dando a certeza de que estava na hora de me levantar. Olhei para meu lado e vi apenas o lençol revirado, notando que estava sozinho ali. Suspirei ao levantar-me e esticar os braços em um pequeno alongamento matinal que fazia todas as manhãs. Minha rotina era bastante agitada, quase não tinha tempo para me exercitar, então aquele momento era praticamente o único que eu tinha livre. Tomei um banho e coloquei minha roupa de trabalho, camisa branca e calça social azul marinho que combinava com o paletó. Peguei o mesmo o deixando em cima da cama e fui na direção da cozinha, seguindo o cheiro de bacon que preenchia o apartamento todo.

— Bom dia! — disse ao passar pela porta da cozinha. Natasha logo levantou seu olhar para mim e sorriu, enquanto mexia os ovos na panela.

— Bom dia, doutor! Já está pronto? — perguntou ao servir os ovos mexidos nos pratos. Balancei a cabeça positivamente enquanto ajeitava os botões da manga da camisa.

— Sim, o dia hoje é longo. — disse ao servir um pouco de café em minha xícara e logo sentei-me a mesa. A mulher colocou um dos pratos na minha frente e sentou-se ao meu lado, aproximando seu rosto de mim e logo deixando um beijo em meus lábios.

— Que horas é o seu vôo? Queria tanto poder ir com você... — ela disse fazendo um biquinho logo em seguida. Sorri ao observá-la e comi um pouco dos ovos mexidos. — Faz muito tempo que eu não vejo a sua mãe, estou com saudades dela!

— Meu amor, são só dois dias. Você não pode ficar dois dias sem trabalhar. — dei um gole em meu café e ouvi Natasha suspirar. Desde que começamos a viver juntos, nunca passamos muito tempo afastados. — E além do mais, eu vou passar o tempo todo na conferência, só vai ter médicos chatos lá.

— Eu estou muito acostumada a lidar com médicos chatos. — encolheu os ombros ao falar. Ri com aquilo e terminei de beber meu café, me levantando logo após deixar um beijo na bochecha da mulher.

— São dois dias, Nat. Eu prometo que não vou fugir de você. — disse ao sair da cozinha.

— Nem pense nisso! — ri ao ouvir aquilo enquanto terminava de vestir meu paletó e voltei para a sala, encontrando Natasha em pé próximo à porta. — Me liga quando chegar lá?

— Claro que ligo! — sorri, tirando um sorriso do rosto da loira. Peguei minha mala e deixei o apartamento após me despedir de minha esposa.

No momento em que tomei a decisão de deixar São Francisco, decidi que também deixaria toda a minha vida lá. Tudo o que vivi antes de conseguir o emprego em Los Angeles ficou para trás, inclusive Camila. Me despedir dela seria difícil demais, então tive que dizer adeus através de uma carta. Eu sabia que se a encontrasse não conseguiria ir embora, portanto fui covarde de não dizer tudo pessoalmente.

Quando cheguei em Los Angeles as coisas foram se encaixando e fluindo com muita naturalidade. Minha residência no Hospital Infantil de Los Angeles me rendeu uma promoção para médico responsável pela ala emergencial. Depois de alguns meses consegui me estabilizar e abrir meu próprio consultório, onde conheci Natasha. Ela trabalhava em uma clínica fisioterapêutica no mesmo andar em que meu consultório ficava. Estamos juntos há dois anos e há mais ou menos cinco meses decidimos nos casar, decisão que eu nunca pensei que tomaria em minha vida.

No começo era estranho pensar que estava casado e tinha que dividir meu dia a dia, minha rotina, com outra pessoa. Mas Natasha era calma e extremamente organizada, tornando tudo aquilo mais fácil. Minha mãe foi um pouco contra meu casamento no início, por conta da distância, ela e minha mulher não tinham tanto contato como ela tinha com Camila. Por esse motivo pedi para que ninguém no hospital ficasse sabendo da minha união. Até mesmo Aaron teve de me jurar que não contaria para nenhum de meus amigos de faculdade.