Quarenta

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CAMILA'S POV

Minha barriga estava enorme e meu humor estava no pico de irritação. Tudo me deixava nervosa, principalmente quando eu precisava vestir alguma roupa e descobria que ela não me servia mais. Shawn também estava começando a me irritar, porém ele passava a maior parte do tempo livre arrumando o quarto do bebê, já que me convenceu que o melhor seria que nós reformássemos o quarto ao invés de pedir para que um profissional fizesse. Hoje eu completo 35 semanas, sendo então o último mês de gravidez. Finalmente. Apesar de estar nervosa com o parto, não aguentava mais o incômodo na hora de dormir e ter que fazer xixi a cada dez minutos.

No trabalho, todos me tratavam de maneira diferente, como se a qualquer segundo eu poderia explodir e ter meu bebê ali mesmo. Muitas mães de meus pacientes desmarcaram suas consultas provavelmente por esse motivo e todos me aconselhavam a ir para casa, começar minha licença maternidade algumas semanas antes. Mas eu não queria perder um segundo de trabalho, pois sei o quanto sentiria falta quando estivesse em casa.

Bom dia casal! — Tony disse assim que Shawn e eu entramos na ala pediátrica. — Chegaram atrasados hoje, está tudo bem? Você já está tendo contrações? — perguntou animada. Shawn negou com a cabeça e voltou seu olhar rapidamente para mim.

Você também vai ficar me perguntando se eu estou tendo contrações? Já não basta esse aqui que nem me beijar quer mais com medo de me fazer entrar em trabalho de parto antes da hora. — apontei para Shawn com a cabeça. O moreno rolou os olhos e entregou minha bolsa para mim, já que ele fez questão de carregá-la para que eu não pegasse nenhum tipo de peso.

Tony, você transava no final da sua gravidez? — ele perguntou para minha amiga, que concordou com a cabeça em resposta à sua pergunta.

Claro que sim. Minha médica disse que ajuda a mulher na hora do parto normal, sem falar que meus hormônios me deixaram louca até o último segundo da gravidez. — encarei Shawn, arqueando uma sobrancelha. O motivo do nosso atraso essa manhã era simples: Eu queria transar e ele não. Tive que tomar uma ducha gelada para apagar o fogo que estava sentindo, pois meu namorado não foi capaz de apagar. Esse é outro ponto em que eu não aguento mais na gravidez, a constante vontade de transar. Eu nunca fui assim, mas essa gravidez me fazia subir as paredes. 

Mesmo assim, eu continuo achando estranho. — ele disse encolhendo os ombros e logo deixou um beijo em minha bochecha. — Preciso ir, estou na emergência hoje. Te vejo no almoço? — concordei com a cabeça e ele se afastou, indo na direção do pronto socorro.

Tem algum recado para mim? — perguntei, tirando meu jaleco de dentro da bolsa e o vestindo.

Sim, mais dois pacientes pediram pra cancelar a consulta. — rolei os olhos ao ouvir aquilo e encolhi os ombros.

Bom, então eu acho que eu vou ficar na minha sala planejando minha licença. — peguei minha bolsa e afastei-me da estação de Tony na direção de minha sala.

Na verdade... — a ruiva disse em um tom mais alto, chamando minha atenção. — Manuel quer falar com você. — franzi as sobrancelhas.

O que ele quer? — perguntei, me aproximando novamente da estação de Tony.

Não sei, só sei que ele pediu para limpar sua agenda pelo resto da manhã. — Tony encolheu os ombros, voltando-se para seu computador em seguida. Rolei os olhos e fui até minha sala, deixando minha bolsa em cima de minha mesa. Não estava com muita paciência para lidar com Manuel hoje, mas infelizmente não poderia adiar, senão ele iria me perturbar por dias.

SeñoritaOnde histórias criam vida. Descubra agora