Señorita

Trinta e Nove

Acordei ao ouvir um barulho vindo da cozinha e quando abri meus olhos, reparei que estava sozinho no quarto de Camila. Flashbacks da noite passada vinham em minha mente, deixando um sorriso em meu rosto. Levantei-me da cama e vesti minha cueca, que estava jogada no chão do quarto. Precisava tomar um banho, mas estava morrendo de fome, então decidi procurar algo para comer. Ao chegar na cozinha, me deparei com Camila mexendo nos armários enquanto murmurava alguma coisa. Ela vestia um pijama cor de rosa, com pantufas da mesma cor. Meu coração começou a bater em ritmos um pouco acelerados enquanto eu a observava. Como pode uma pessoa tão fofa ser ao mesmo tempo tão sexy?

— Meu Deus, Shawn! — a morena deu um pulo ao virar-se e notar minha presença ali. Prendi o riso e cocei a nuca levemente, entrando na cozinha.

— Bom dia. Não quis te assustar, me desculpa. — disse me aproximando dela. — O que está procurando? — perguntei, parando ao seu lado. Camila deu um passo para trás, ao notar nossa proximidade e pigarreou, apontando para o armário.

— Eu fiz panquecas e queria comer com calda de chocolate, mas eu acho que acabou. — respondeu, abaixando-se na altura do armário, o abrindo novamente.

— Você fez panquecas? — enfatizei o verbo. — Tem noção do perigo que colocou minha vida e a vida de todos os seus vizinhos? — brinquei. A mulher rolou os olhos e se levantou, cruzando os braços na frente do corpo.

— Na verdade... Eu comprei essas panquecas. Acordei morrendo de vontade de comer waffles e então fui até uma lanchonete que faz waffles. — ela disse enquanto se sentava à mesa. Franzi as sobrancelhas, voltando meu olhar para o prato de panquecas em cima da mesa.

— Waffles? Mas isso são panquecas. — voltei meu olhar para a morena, que encolheu os ombros.

— Eu comi os waffles lá e enquanto estava comendo pensei em como seria delicioso comer panquecas com chocolate. Então pedi as panquecas, mas eles não tinham chocolate. Eu lembrei que tinha comprado na última vez que fui ao mercado e resolvi trazer para comer aqui. Mas eu estava errada, não tem chocolate nenhum aqui. — explicou a mulher, enquanto olhava para o prato de panquecas a sua frente. Soltei uma risada e andei até a geladeira, pegando a calda de chocolate dentro da mesma. Camila abriu um sorriso de orelha a orelha ao ver o objeto em minha mão e levantou-se, vindo até mim e pegando o mesmo. — Eu sabia que tinha chocolate aqui!

— Eu vou te deixar com as suas panquecas... Preciso de um banho. — disse ao andar na direção da porta da cozinha.

— Ei, não vai comer? — virei-me, vendo a mulher separar algumas panquecas em outro prato. Voltei para dentro da cozinha e sentei-me ao seu lado, puxando o prato de panquecas para mim. Camila comia em silêncio, lançando olhares para mim em alguns momentos. Eu fazia o mesmo, perdido em meus pensamentos. Noite passada foi incrível e eu queria muito saber o que aquilo significava, mas sei que se perguntasse para Camila agora, com certeza ela se afastaria. E eu obviamente não queria isso.

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Combinei com Aaron de que sairíamos para almoçar, já que fazia certo tempo em que não nos víamos. Mais do que nunca, eu precisava conversar com meu amigo e pedir conselhos sobre o que estava sentindo. O restaurante escolhido por ele era uma hamburgueria e ficava perto do escritório de advocacia em que ele trabalhava. Aaron e eu sempre comíamos nesse lugar, desde a época da faculdade, ali nos trazia a lembrança de quando éramos universitários e não tínhamos muito dinheiro para comer em lugares chiques.

Quando cheguei no local, ele já estava me esperando e falava ao celular quando cheguei na mesa. Meu amigo era o advogado chefe do escritório e trabalhava muito. Tyler, seu namorado, me pedia o tempo todo para levar Aaron para sair, pois ele vivia tenso por conta do trabalho. Eu sabia que meu amigo amava o que fazia, mas trabalhar em noventa por cento do tempo não era saudável e aquilo um dia faria mal para ele.