Doce Sorte
Escritora: Dani_Colpaert (Angelírico)
Capítulo 1 - Reação Magnética
– Tão logo surja em ti um pensamento, trata de retê-lo, não o exponhas logo, porém nutre-o; pois ele condensa-se mediante a contenção no silêncio e ganha em forças, como o vapor sob compressão. – recitei um trecho do livro que estava em minhas mãos, mas mesmo que as demais linhas ainda se estendessem em novos parágrafos, eu parei de ler.
Estava completamente sozinho no meu quarto, sem sequer uma alma aparente, fora a minha, é claro. Não entendia por que eu havia recitado um trecho qualquer, de um livro igualmente qualquer, sozinho em um escuro quase que qualquer também. Eu entendi tudo o que foi dito, mas a sensação de que algo me faltava era tão forte que eu não cheguei a compreender de fato o que foi dito, porque...
Afinal, o que me falta? Pensei.
Abri novamente o livro na mesma página, tateei as palavras com o dedo indicador em busca de onde havia parado e quando achei eu logo segui para o parágrafo seguinte.
– A pressão e a condensação geram a propriedade duma reação magnética... – quando terminei de dizer a última palavra, senti a curvatura de um corpo tocar as minhas costas e uma mão fria passar alisando minha costela e subindo a mão para meu peito, quase que em um abraço. A mão subiu lentamente, causando uma espécie de arrepio no meu corpo quente.
Ao contrário do que eu achei que fosse acontecer; como qualquer pessoa normal que seria eu me assustar por algo vir do além e me tocar por trás no meio do escuro no meu quarto que, até então, estava sozinho, no mínimo um Pai Nosso tinha que estampar meus pensamentos, mas essa não foi essa a reação do meu corpo, esse traidor. Na verdade, ele simplesmente reconheceu o toque daquela mão tão macia, mas ao mesmo tempo tão fria como ímã.
Foi, literalmente, uma reação magnética. Concluí em pensamentos.
Aquela mão subiu pelo meu braço, tateando o meu ombro e desenhando uma linha invisível por cima da minha clavícula com a ponta dos dedos quase brincalhões. Os subiu até o meu pescoço e parou com a mão sob o meu maxilar, o dedão passeou lentamente pela minha bochecha, em forma de carinho, coisa que não foi muito acolhedora...
Por onde sua mão passava, eu sentia arder como se fossem pequenos choques térmicos pelo contraste das nossas temperaturas tão antagônicas.
– D-Duma reação magnética... – não sei o porquê de eu ter voltado a ler, mas só senti que deveria. Okay, é provavelmente mais alguma inutilidade isso que estou fazendo, não é como se falar essas coisas fossem afastar todas as reações estranhas que estou sentindo. - Segundo que a lei que tudo que é mais forte atrai o mais fraco.
Eu tentei ler as palavras seguintes, mas elas se distorceram e tudo que me restou foi essa frase que impregnou a minha mente, e, como se soubesse disso, o seu dedão parou de acariciar minha pele.
Deslizou o pedacinho de gelo, quer dizer, dedo, para o canto da minha boca e deslizou lentamente por cima do meu lábio inferior, me colocando numa espécie de embriaguez com aquele toque. Mas, de repente, num ato brusco, soltou a minha boca.
Afinal, quem é o mais forte aqui? Pensei.
Me convenci de que não eram só mãos surgindo de algum portal atrás de mim quando as mesmas me viraram de frente a um corpo feminino. Antes mesmo que eu pudesse reconhecer algum traço ou observar a mulher à minha frente, minha boca foi tomada novamente, mas dessa vez não por dedos e sim por outra boca.
Ela estava na ponta dos pés, eu conseguia sentir seu corpo tremendo levemente para conseguir unir nossos corpos. A minha nuca pesou, meu peito palpitou e quando achei que era a pressão caindo, percebi que ela passou seu antebraço ali.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Doce Sorte [EM REVISÃO]
RomanceComo é o amor? Como é a felicidade? Ou a pergunta crucial: como pagar o aluguel do próximo mês? Luckin, um homem antisocial que ama a sua monótona rotina, é o completo oposto da sua vizinha ao lado, Mellorine. Ele a conhece da forma mais desastrosa...