10- Sem hesitar

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NOTA: quando vocês verem ao decorrer do capítulo falas entre aspas (''), significa que essa é uma conversa feita em libras, ou seja, a linguagem para se comunicar com pessoas surdas.

Espero que gostem e, se possível, comentem e votem! Boa leitura ♥

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Autora ON

Por duas horas os olhos esverdeados ficaram sendo atingidos por raios solares e as outras duas horas o dia foi da estrada ficando escura. No total, quatro horas de viagem. Quatro horas da succubus jogada no banco do passageiro dormindo firme, mas, em contrapartida, foram quatro horas de total paz onde Luck só se irritava com o trânsito insuportável.

Pensou que ela realmente devia estar com muito sono já que as cinco horas da manhã, invés de estar dormindo, a Da Vinci loira estava fazendo um retrato dele. Então durante as quatro horas ele a deixou babar no vidro do carro dele a vontade sem reclamar.

Quando faltava cerca de vinte minutos para chegar no sítio, ela acordou. Não disse nada, a zumbi apenas ficou observando pela janela do carro o breu de lá de fora. Internamente Luck queria que ela tivesse acordado antes para ver o pôr do sol magnífico que ele acabou vendo sozinho.

Achava que talvez ela fosse gostar dessa paisagem bucólica e rural, mas suspeitava que ele fosse o único que gostasse disso, já que ganhou esse gosto desde que era criança. Adorava ficar observando atentamente a paisagem mudar, os campos cobertos de grama se tornarem campos cobertos de neve. Gostava de se perguntar em que momento mudou e ele não percebeu.

Só que antigamente eu não podia observar isso de carro. Era a pé e... não era nada agradável. Pensava quase que mórbido em lembranças.

– Quanto tempo falta? – ela perguntou com uma voz rouca que o trouxe de volta para realidade.

– Não sei, acho que só mais alguns minutos, estamos perto já! – sua voz ficou entusiasmada ao se imaginar chegando em casa.

Era para ele estar morrendo de sono e cansaço, mas ao ver essa estrada e a fina neve caindo o deixou muito animado, afinal, estava com saudades de casa. A poucos minutos se lembrava da sua infância melancólica, agora se lembrar da sua adolescência o fazia ficar feliz, foi uma fase completamente diferente na sua vida, foi uma parte feliz. Essas duas épocas lhe remetiam dois sentimentos completamente diferentes, mas nostálgicos.

– Não dá pra ver nada. – ela sussurrou.

Ela se mexeu ao seu lado cobrindo-se com o casaco que durante a viagem caiu mil vezes e ele teve que pegar em todas essas mil vezes para cobri-la novamente.

Com ajuda do farol do carro, viu aquela placa de madeira quebrada inconfundível.

– Chegamos! – disse ele sorrindo.

Após adentrar o sítio e estacionar o carro na garagem, como haviam pedido no grupo da família, ele rapidamente abriu a porta do motorista para ir pegar as malas o mais rápido possível já que estava animado e ansioso.

– Mellorine, vem me ajudar! – gritou, mas não obteve resposta alguma dela.

Iria ver se estava tudo bem, mas acabou se distraindo com os cachorros mais bobos do mundo, Yoko e Yoli que vieram o cumprimentar assim que o viram de longe, o reconhecendo.

– O que foi? Está passando mal? – perguntou quase que caindo com o cachorro que pulava em cima dele.

Com a falta de resposta da demônia, ele enfim foi até a janela do banco do passageiro e se curvou para olhá-la. Quando ela desceu o vidro, ele percebeu que seus ombros estavam um pouco encolhidos e seus olhos pareciam ligeiramente hesitantes.

Doce Sorte [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora