Faziam exatamente quatorze minutos que minha mãe estava parada me encarando e eu sabia o que isso significava, mas eu não necessariamente estava no modo para dar uma explicação.
A ressaca me consumia por inteiro, sem falar na pequena dor lá no fundo da alma em lembrar de tudo. Flashes da noite passada rodavam por minha mente e ao mesmo tempo em que o pavor de saber que algo de muito ruim poderia realmente ter acontecido comigo, ter Harry lá por mim era tão importante. Era tão absurdamente confuso ter ele assim tão perto, dizendo coisas que pareciam significar muito. Eu sabia que agora eu não tinha mais escapatória e que eu teria que enfim sentar e resolver as coisas com ele, mas só de pensar meu ar começava a faltar.
- Você quer tomar café enquanto me conta o que está acontecendo?
A voz carinhosa de minha mãe é o gatilho suficiente pra que eu desabe chorando e a próxima meia hora se resume a fungadas altas, suas mãos gentis acariciando meu cabelo com cheiro de shampoo de Harry, seu colo extremamente familiar e meu coração apertado. Minha cabeça parecia que explodiria e eu não sabia que era humanamente possivel sentir tanta dor. Quando enfim parei de chorar, minha mãe me medicou e dormi por pelo menos mais umas duas horas. Quando acordei ja era meio da tarde e minha mãe estava na sala assistindo a alguma comédia romântica. Me aproximei dela e me reconfortei em seus braços que se abriram automaticamente quando me viram e quase comecei a chorar novamente mas me contive pois eu já não sabia se tinha lágrimas suficientes. Desta vez ela não me perguntou nada, apenas deixou que eu ficasse lá por mais algum tempo até meu estômago estivesse roncando alto demais para qualquer um de nós ignorar.
O cheiro tão familiar da sua comida me fez esquecer por algumas horas onde eu estava e tudo o que tinha acontecido, porém mais uma vez fui lembrado que não dá para fugir dos problemas para sempre.
- Está pronto para conversar querido?
Minha mãe volta da cozinha secando as mãos em um pano de prato que uma vez foi azul e senta ao meu lado no sofá. Aceno leve com a cabeça, começando com um pequeno resumo sobre como conheci Harry e como nos aproximamos com o passar do tempo. Em vários momentos, quando as lembranças ficavam quase insuportáveis demais e minha garganta fechada, eu tive que parar para me recompor e a mão quente dela estava lá, em silencio e apenas esperando para que eu conseguisse prosseguir.
- Eu sei que já fugi demais e não posso mais fazer isso, mas é só que eu não sei se consigo mãe. Eu realmente me apaixonei por ele mas eu tô com medo - funguei e usei as costas da mão pra secar uma única lágima solitária que escorreu pela bochecha.
- Medo do que exatamente querido?
- Eu não sei. Medo de tudo, eu acho. Harry é muito popular e amado e sempre saiu com tantas garotas e ele ficava repetindo "é tudo sobre sensações" o tempo todo. Eu simplesmente não sei o que pensar e não quero perder ele mas sei que eu nunca vou poder ter ele tambem e.... - minha mãe me interrompe, secando mais algumas outras lágrimas que escorriam agora sem que eu conseguisse controlar.
- Louis, meu amor, respira. Você está pensando demais e não é com clareza. Primeiro, pelo pouco que pude ver, você já tem o Harry. Ele está claramente apaixonado por você, e não o julgo pois não tem como não se apaixonar pelo meu bebê.
- Mãe! - fungo.
- Eu tô falando sério! Eu passei pouco mais de duas horas com ele e só de tocar no seu nome ele se iluminava por inteiro. Não conheço nada sobre ele mas até um cego pode ver que ele te ama querido, então porquê você ainda não sentou com ele e resolveu as coisas? Fugir só está machucando à vocês dois.
- Mas mãe....
- Não tem "mas mãe". Vocês são adultos, pelo amor de Deus! Entenda, meu filho, que por mais que doa horrores falar sobre, guardar é sempre pior. É como se você fosse acumulando e machucando a você cada dia mais, no entanto, quando você acabar por explodir, vai machucar tantas, mas tantas outras pessoas, e tenho certeza de que não é isso que você quer. - Ela tira a franja de meu rosto e suspiro concordando. - Se for para acabar tudo entre vocês ou se for para vocês finalmente ficarem juntos como algo permanente, que seja, mas a única saída para isso é se vocês sentarem e conversarem. Não existe outra alternativa.
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Booty Call
FanficDois vizinhos Noites de sexta Cervejas Como prosseguir quando as cervejas tornaram-se desculpa para sexo embriagado e casual, sem sentimentos? E com o fato de que com o passar do tempo as coisas ficaram mais lúcidas, o sexo melhor e mais sujo, e ag...