Quinta Carta

232 52 3
                                    

A gota de suor caiu lindamente sob o chão, onde Hoseok agora, se aplicava agachado. Fios desgrenhados, boca aberta e arfante. O jovem encerrava sua coreografia, sorrindo ao ver que tinha concluído a mesma com maestria.

O espelho da sala de dança, lhe mostrava um reflexo que lhe agradava. Peito liso, braços levemente definidos, até alguns pelos na região do rosto. O homem de quem se orgulhava.

Enxugou o excesso de suor com uma toalha, e se dirigiu para fora da sala.

Aqueles passos tão bem criados, foram ensinados aos trainees daquela empresa. Hoseok suspirou, se dando conta de que seria provavelmente, sua última dança na China.

O caminho até seu apartamento foi feito a pé, sob a luz não tão valorizada da lua, uma vez que os postes pareciam querer deixá-la para trás.

— Boa noite! — Cumprimentou o porteiro, já seguindo em direção aos elevadores.

— Boa noite senhor Jung! Tem algo aqui para o senhor.

— Já disse pra não me chamar de senhor, Li huan! — Hoseok sorriu, enquanto as palavras em chinês eram proferidas. — O que tem aí pra mim?

— Uma carta.

— Hum?! Sério?!

— Sim, eu também fiquei surpreso! — O síndico sorriu, lhe entregando o envelope. — Não vejo mais esse tipo de coisa por aí. Cartas.

Hoseok bocejou, cansado. Estava um tanto surpreso por receber uma carta, que pelo envelope simples e sem logomarcas, deveria ser de uma pessoa em especial, e não de uma empresa ou algo do tipo.

Se despediu do porteiro, e voltou a seguir seu caminho até o elevador. Enquanto entrava, focou seus olhos no espelho, ao invés do papel.

Realmente, se sentia lindo. Como nunca antes.

Ao chegar até o pequeno apartamento, descansou o corpo quente no tapete felpudo da sala. A respiração ficando mais pesada, e o sono começando e lhe atingir. Dormir no chão com certeza lhe causaria um resfriado, então antes de pegar no sono, levantou de vez. Instantaneamente, se lembrou da carta, que havia ido ao chão consigo, mas não se danificado.

— Okay. — Bocejou, sentando-se no tapete cor creme. — Vamos ver quem me mandou isso.

Os olhinhos negros saltaram em surpresa, ao mesmo tempo em que as sobrancelhas bonitas se franziam. Aquele nome… Só poderá ser ele mesmo. Apenas Kim Namjoon, seu “garoto de óculos” do colegial, mandaria algo assim para si.

O sono foi mandado para longe, e os dedos delicados rapidamente abriram o envelope, se deparando com papéis verde água. Verde, sua cor favorita.

“Esperança? Terra chamando esperança!”

— Oh meu Deus! — Colocou a mão na boca, gritando em euforia, e rindo de forma nervosa.

Era realmente, o “garoto de óculos.”

O garoto de cérebro sexy, e sorriso gentil. E ele havia lhe mandado uma carta.

“Oi Hobi! Como você está?! Não andamos nos falando muito, mas isso é normal né? Eu virei um escritor com uma vida meio aleatória, e você um professor de dança, que agora presenteia a China com seu talento.”

“Estou te escrevendo essa carta, nesse papel verde e fofo, porque você está com algo meu aí na China. Um pedacinho do meu coração.”

— Aish! Sempre tão bom com as palavras! — Disse, com a mão no rosto fino.

“Estávamos no terceiro ano quando eu te conheci. Mesmo você sendo de outra escola, eu te via dançar lá da janela de vidro da academia de artes. Frequentar aquele lugar virou algo muito mais encantador, e satisfatório.”

Letters 💌Onde histórias criam vida. Descubra agora