Terceira Carta

270 62 3
                                    

A voz doce iluminou a última nota da canção, ganhando assim, uma bela salva de palmas poucos segundos depois. O ambiente de iluminação fraca, divergia da luz única no pequeno palco do bar, palco este, que Jeongguk cantava sua última canção da noite.

Os corações dos clientes ali presentes foram limpos a cada verso tocado no violão, e cantando na voz aveludada.

Jeongguk esboçou um sorriso ao finalizar a canção, e de olhos fechados, recebeu as palmas pelo ótimo desempenho ali feito.

Cantar era a coisa que mais amava fazer, em toda a sua vida que não julgava tão significante, mas ele tinha gratidão pelo dom que ganhara.

Após uma reverência agradecida ao público, guardou seu violão na case preta, e seguiu o caminho até a saída, pois já havia recebido o pagamento adiantado pela apresentação. Jeongguk cantava em bares por aí, explorando os mais diversos locais de Seul, nos quais sua voz seria ouvida, e gostada. Onde seria querida.

Estava nesse caminho a poucas semanas, mas já conseguia se sustentar dividindo o quarto com um colega.

Não era muito, mas era bem melhor que se prostituir, como costumava fazer a pouco tempo atrás.

Ter perdido a mãe para a tuberculose, só deixou um fardo como pai de presente. Um velho bêbado, agressivo, e asqueroso. Jeongguk havia se submetido a sair com caras da faculdade por dinheiro, e seu corpo era amassado por mãos rudes toda noite. Era ruim? Sim, mas foi o que lhe salvou de acabar na sarjeta, já que não conseguia arrumar um emprego sem atrapalhar sua faculdade, e quando o tinha, sua falta de experiência o jogava para trás.

O ar gelado das ruas o ajudava a mergulhar em pensamentos, agora, não tão vívidos em sua cabeça. Uma época que não quer mais lembrar.

Em partes.

Ao chegar no apartamento simples, do bairro mais simples ainda, o sofá foi o destino do violão marrom chocolate, pois a cadeira da cozinha o esperava. Precisava estudar, e seus materiais já estavam ali desde a tarde.

A cozinha cheirava a detergente de lavanda, e tinha alguns pratos e talheres para secar no escorredor. Seu colega de quarto sempre mantinha tudo arrumado, e isso era ótimo.

Tomou um grande copo d’água, e comeu uma banana da fruteira quase vazia. Um banho rápido foi capaz de relaxar seu corpo, e uma xícara grande de café, de acordá-lo.

Sentou-se à mesa, já separando seus livros para estudar. Franziu o cenho ao notar algo diferente no meio de suas anotações.

— Ué? Isso é do Jimin hyung?

Uma carta.

E não, não era para o seu hyung. A carta era direcionada a si. Jeongguk estreitou os olhos, pensando que poderia ser uma brincadeira do seu colega de quarto, e que ele estava tentando tirar uma com a sua cara, mas sua expressão muda ao ler o remetente.

Kim Namjoon.

Aquele nome…

Sentiu seu coração dar um passo infalso ao ler, se lembrando automaticamente do rosto pertencente a aquele nome.

— Nam…?

Os dedos ágeis e calejados do violão, abriram o envelope com cuidado, revelando as folhas pautadas.

“Ei Jeon!”

“Sou eu, seu hyung favorito.”

“Acho que faz tipo um mês que paramos de nos falar… Acho não, enquanto eu escrevo essa carta se completou um mês, eu realmente contei hehe.”

Letters 💌Onde histórias criam vida. Descubra agora