Sexta Carta

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O cheiro de café, e pães frescos, invadia o paladar de todos ali presentes na Sweet home. Mesas cheias, e pedidos aumentando. Yoongi carregava seu típico sorriso doce, doce como o Red Velvet que amava fazer.

Em uma mesa, um pouco afastada da entrada, dois homens estavam sentados. Saboreando pãezinhos de chocolate, e sorrindo um para o outro. O passado se reencontrando.

— Então agora você é tatuador… Isso é incrível Jimin!

— Obrigado! — Jimin sorri, limpando a boca com um guardanapo. — Mas é um estúdio escondido. Na minha loja eu coloco, e vendo piercings, mas tatuagens não são muito bem vistas por aqui, você sabe certo?

— Sim… Infelizmente as pessoas não sabem apreciar esse tipo de arte, eu tenho umas escondidas… — Disse divertido.

— Whoa! Sério?! Aposto que você tatuou uma lua!

Namjoon arregalou os olhos, sorriso surpreso.

— Como você sabe?!

Jimin sorriu grande, tendo os olhos espremidos até virarem duas linhas.

— Você ficava parecendo um bobão observando a lua quando a gente morava em Isan. Lembra que a gente ia no parque à noite só pra isso?

Namjoon sorriu, nostálgico.

— Lembro… A lua me deus muitas coisas sabe?

— Tipo um livro?

— Hum?!

— Eu li seu livro, “mono”. — Disse, ficando tímido. — Eu nunca tive coragem de te procurar de novo. Sabe, eu me senti muito culpado.

Namjoon franziu o cenho.

— Culpado?! Pelo que?

— Pelas coisas que meu pai te disse… Ele foi um escroto de merda, e nós éramos dois garotos. Se foi horrível pra mim ouvir ele te xingar, imagina pra você…

Jimin tinha a voz mais baixa ao falar aquilo, tendo asco pelas lembranças tão amargas.

— Não é como se só eu tivesse ouvido coisas ruins Jimin… Você ouviu coisas bem piores.

Ambos se encararam, percebendo que relembrar o passado, lhes traziam cenas bonitas, mas também cruéis.

— Eu queria te agradecer, Namjoon hyung.

—… Pelo que?

— Por tudo. E principalmente, por aquela carta. Sinto que você colocou um ponto final em algo que eu não consegui sozinho.

Um ponto final.

Namjoon não tinha um. Sentia que quanto mais pensava sobre seu próprio coração, mais parágrafos de dúvida surgiam em seu caminho. Vírgulas, pontos continuativos, aspas… Nunca um ponto final. Seus sentimentos continuavam presos na confusão de seu próprio coração.

— Um ponto final…

— Eu me senti, especial… Senti que fui importante pra você, assim como você foi pra mim.

Algumas horas atrás…

Jimin voltava do mercado naquela manhã. As mãos fofas carregavam duas sacolas de compras, nas quais alimentariam ele, e seu colega de quarto, Jeongguk.

O mais novo, Jeon, estava na faculdade, e ele sabia que o mesmo só voltaria a noite, uma vez que tocava em mais de um bar por noite. Os melhores eventos eram os casamentos, Jeongguk trazia doces, e ganhava bem mais.

Jimin pegou sua correspondência na portaria, e subiu até sua casa. A verdade é que ele já poderia ter saído, e morar com a namorada, mas Jeongguk ainda não tinha condições de pagar o aluguel sozinho. Os dois viviam juntos, mas a vida financeira havia andado mais lentamente para o Jeon.

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