26 | d o r

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"Segure, segure, me agarre
Porque eu sou um pouco instável
Um pouco instável"
— Unsteady, X Ambassadors.

"Segure, segure, me agarrePorque eu sou um pouco instávelUm pouco instável"— Unsteady, X Ambassadors

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se Deus quiser, a gente finaliza essa história de uma vez hahaha.

boa leitura :)

A dor é inevitável.

Ela é angustiante, sufocadora. E, por menos desejada que seja, a dor é inevitável.

Um dia, ela irá bater em sua porta, mansa e lasciva. Você não a convidará para entrar, tampouco a convidou para estar ali naquele momento, mas ela o fará assim mesmo. A dor te invade, cruel, e ri às suas custas.

E então, ela precisa ser sentida.

Como um recém nascido que chora ao sair da barriga, expulsando todo o líquido dos pulmões para poder respirar. Para não se afogar. Para viver.

A dor é, também, essencial.

O pensamento me conforta, ainda que o embrulho em meu estômago pareça piorar a cada passo que dou. Meus dedos continuam entrelaçados ao de Caleb enquanto cruzamos o jardim, parando rente a porta de entrada.

Levo mais alguns segundos para criar coragem e, finalmente, tocar a campainha.

Mais alguns instantes se passam até que a porta seja escancarada, revelando Phoebe em toda sua plenitude; os cabelos negros presos em um coque, os olhos cor de chocolate enormes e brilhantes e o sorriso tão amplo quanto o do Gato de Cheshire.

Uma gata, penso. Se Phoebe tivesse um espírito animal, com certeza seria uma gata. Felina, elegante. Mas perigosa, também. Proteje aqueles que ama com unhas e dentes, se for preciso.

Ainda estou parada na varanda feito uma estátua quando Phoebe, minha mãe, me envolve em seus braços, puxando-me para si com uma ternura acolhedora tão familiar. Noto quando a mão de Caleb escorrega para longe da minha, e ele se afasta para dar-nos a privacidade de que precisamos.

E é quando eu sinto.

Saudade, culpa.

Arrependimento.

Dor.

Envolta no calor reconfortante que só uma mãe pode oferecer, choro silenciosamente. Deixo que a dor se esvaia do meu corpo em forma de lágrimas, levando consigo o aperto angustiante que carreguei no peito todos os dias desde que deixei Santa Mônica. E no fim, é como se eu pudesse respirar sem dificuldades outra vez.

Como expulsar todo o líquido dos pulmões.

Quando nos afastamos, o suficiente para podermos nos olhar nos olhos mas não o bastante para nos separarmos, rastros molhados banham as bochechas de Phoebe e, em suas íris escuras, as gotículas do choro contido brilham como estrelas solitárias no céu.

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