02 | p a r c e i r o s

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"Quão injusto é o nosso acaso
Encontramos algo tão verdadeiro
Que está fora de alcance
Mas se você o encontrasse nesse vasto mundo
Você teria coragem de deixá-lo ir?"
— Not About Angels, Birdy.

"Quão injusto é o nosso acasoEncontramos algo tão verdadeiroQue está fora de alcanceMas se você o encontrasse nesse vasto mundoVocê teria coragem de deixá-lo ir?"— Not About Angels, Birdy

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É ele.

É claro que é. Eu reconheceria a cicatriz que percorre boa extensão do lado direito do seu rosto e a covinha em sua bochecha esquerda em qualquer lugar. Eu seria capaz de reconhecer seus fios escuros até mesmo vendada, apenas passando os dedos entre eles e sentindo a textura macia que me é, mesmo que um pouco distante, tão familiar.

As mudanças são nítidas, no entanto. Músculos que não existiam antes marcam seu corpo esguio, dando-o uma estrutura um tanto quanto atlética. Os traços faciais mais precisos e duros, assim como sua barba por fazer, com toda certeza, não existiam também.

Caleb Hughes deixou de ser a criança da qual eu me lembrava e transformou-se em um homem.

Assim que a Professora Maxwell anunciou seu nome, todo o meu corpo retesou em alerta. É sempre assim. Caleb é um nome comum e eu já me acostumei em escutá-lo diversas vezes. No começo, meu estômago se revirava em antecipação e em esperança. Mas, apesar do nome similar,
nunca era ele. Entretanto, quando ele, ele mesmo, entrou no meu campo de visão, as sílabas tão conhecidas por mim rastejaram lentamente para dentro da minha mente, ecoando várias, e várias, vezes pelo meu crânio. Após ele escapar dos meus olhos, seu nome ainda ressoava dentro de mim.

Agora, enquanto os outros alunos levantam, formam duplas e começam a discutir sobre o tema em questão, eu continuo imóvel sobre o assento. Eu esperei tanto por esse momento, mesmo que com o passar do tempo eu tenha me tornado descrente ante a possibilidade de vê-lo novamente, e, agora, eu simplesmente não faço ideia do que fazer ou como reagir.

Tudo evapora, no entanto, quando eu sinto. Quando eu o sinto. Antes mesmo de me alcançar, eu sei que ele está vindo em minha direção. A energia atrativa que paira ao nosso redor, assim como a ansiedade de tê-lo perto de mim outra vez, faz com que uma onda de calafrios transpasse meu corpo, alcançando minha espinha e contribuindo para os arrepios que tomam conta de mim. Ele para à frente da minha cadeira, a postura descontraída e as mãos escondidas dentro dos bolsos do jeans escuro. Mesmo eu estando sentada, ele deixa com que suas orbes dancem pelo meu corpo, explorando cada pedacinho meu. Então, quando seus olhos se voltam para os meus novamente, um sorriso torto mancha seus lábios avermelhados.

Ele mudou mesmo, concluo, rindo internamente. A chama maliciosa que se acende em seus olhos é o suficiente para que, por um momento, a imagem do garoto de doze anos que eu guardei por tanto tempo desapareça. Quando éramos menores, ele me olhava com carinho, com certa admiração. Hoje, ele me olha como se estivesse prestes a arrancar minhas roupas.

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