Préfacio - O orfanato

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Bianca

Mais uma manhã. A penúltima.

Amanhã é meu aniversário e finalmente saio desse inferno.
Faz pouco mais de um mês que estou aqui, esperando.

Tenho recebido visitas da família Fessa e de Miá, mas Lina nunca mais veio aqui desde que eu pedi para que ela não voltasse. Eu estou com raiva dela, mas não consigo fingir que não sinto falta.

Quando veio o natal e os pais de Lina e Miá vieram jantar comigo foi a primeira vez que meu coração sagrou de saudade. Depois o ano novo, assisti o show dela pela televisão do refeitório, parecia que nada tinha acontecido no mês passado, parecia que o momento em que meu pai morreu eu já vim direto para esse inferno.

Conheci crianças incríveis aqui que realmente precisam de uma família e crianças que provavelmente só saíram quando fizer 18 como eu.
Todos os dia dona Eleonor vinha conversar comigo e dizia que estava dando um jeito, mas até mesmo com todo o dinheiro do mundo tive que esperar um mês pra sair.
A negligência de Lina piorou muito a situação, eles suspeitaram que ela queria fugir comigo sem apresentar a devida papelada. Então tive que sofrer as consequências.

Mas finalmente vai acabar, amanhã irei para casa dos Fessa porque eles conseguiram minha tutela, mas por formalidade mesmo. Infelizmente não sei se conseguirei ficar na mesma casa que Lina sem cair a tentação de correr até ela e bater nela, mas tem uma boa chance de eu beija-la.

Lina Fessa

Nunca imaginei como era estar com depressão, se sentir um nada e ainda ter que fingir que está tudo bem. Foi o pior mês em toda minha curta vida e nem pude ver meu amor, simplesmente porque ela não quer me ver, a única vez que fui visita-la foi como se eu fosse a última pessoa que devia estar lá. E depois fui proibida de entrar no orfanato. Pelo menos não tive muito problemas com a justiça, graças aos meus pais, que correram com advogados para retardar qualquer problema eminente.

Amanhã ela sai de lá, é seu aniversário de 18 anos. Meus pais vão fazer uma festa, mas eu não posso participar. Eu não posso comemorar com a minha namorada (pelo menos é o que acredito ser).

Eu não sei se vou aguentar estar na mesma casa que ela e não poder abraça-lá e beija-lá, isso é loucura, eu amo a Bianca e sou obrigada a manter distância porque ela me odeia por ter escondido que estava pedido a guarda dela. Como eu faço para ela me perdoar? Como eu posso me redimir?

Bianca

É incrível como uma noite pode acabar com seu psicológico, eu não estou me aguentando de ansiedade, quero sair logo daqui. Já posso imaginar dona Eleonor e seu Ricardo me esperando na entrada do orfanato, Miá me abraçando e chorando de felicidade. Minha última lembrança do dia depois do baile é de ser levada para saída dos fundos do hotel e Miá e Vanessa tentando conversar com as autoridades, tentado me fazer ficar e de Lina assinando uma pilha de papéis, ela nem tentou argumentar, simplesmente deixou ir. Em um minuto estávamos acordando de uma noite incrível e no outro tinha um abismo nos separando.

No mesmo dia dona Eleonor foi me ver e tentou me tirar de lá e disse que eu teria que ser forte que tudo iria ficar bem, como se eu tivesse 5 anos, mas eu fiquei bem, ela foi o pontinho que me agarrei naquele dia para não esquecer que tudo o que vivi no último mês foi real.

O Amor é um Rock II - InconstanteOnde histórias criam vida. Descubra agora