Acordei com o sol de verão do Rio de Janeiro queimando meu rosto, aqui no orfanato eles tem o mau hábito de achar que o sol alegra qualquer um, e eu só me irritava com isso. Mas hoje não, hoje o sol parecia beijar meu rosto, não por que era meu aniversário, até porque eu não me importava com isso, mas sim porque eu iria sair daqui, ia ver mais que um jardim e crianças, mas que paredes brancas e gente tentando te animar, eu ia respirar de novo o ar da cidade, apesar de me despedir do Rio eu não me sentia triste, mas sim aliviada por finalmente sair desse inferno feliz.
Às exatas 10h da manhã vieram me liberar, quando cheguei a recepção e encontrei minha nova família me esperando não pude me conter e comecei a chorar, corri até dona Eleonor e a abracei o mais forte que pude, queria transmitir minha gratidão de uma vez só apenas nesse gesto, mas não seria possível.
Quando finalmente a soltei olhei quem mais estava ali, seu Ricardo, Vanessa, Fernando e Miá, todos sorrindo e extasiados com o fim das indas e vindas das visitas no orfanato. Essa parte acabou.
- Vamos minha linda, tem um jatinho nos esperando para nos levar para casa. - Disse dona Eleonor tentando conter as lágrimas.
- Sim claro! - Respondi.
- Você está com fome, quer comer antes? - Perguntou seu Ricardo, completamente preocupado.
- Eu estou mais ansiosa para sair daqui, mal posso esperar chegar em São Paulo.
- Então partiu, "Maninha" vamos fazer esse dia valer a pena. Não é todo dia que fazemos 18 anos. - Brincou Fernando me abraçando pelos ombros.
Eu sorri e finalmente sai daquele lugar. Entramos no carro, grande o suficiente para caber todos (provavelmente alugado) e nem fiz questão de olhar para trás.
- Desculpa mas não trouxemos roupa de troca, gostaria de comprar alguma coisa para vestir? - Perguntou dona Eleonor.
- Não, está tudo bem, eu só quero comer alguma coisa, não consegui tomar café lá, é sempre mingau de aveia e tem dias que me pergunto se realmente é de aveia.
Fernando caiu na gargalhada e Miá e Nessa tentaram não rir junto.
- Tudo bem, vamos passar em um lugar para tomar café e depois vamos para casa. - Respondeu seu Ricardo, contendo o riso.
- Bianca, eu sei que você não gosta de falar disso, mas Lina está tão deprimida e se não fosse pelos compromisso da carreira de cantora ela teria sucumbido, então você poderia dar uma chance para ela? Isso é um pedido de uma mãe desesperada.
- Don... Eleonor, sua filha me escondeu que a qualquer momento eu poderia ser obrigada a ir para um orfanato esperar para viver por conta própria, e realmente aconteceu isso, e ela não argumentou em momento algum quando eles me buscaram... Sei que é difícil ver sua filha daquele jeito, mas eu preciso de um tempo.
- Tudo bem querida, mas pense nisso, por favor.
O carro ficou com um clima tenso, e o motor parecia gritar. Só quando paramos para comer que voltamos a ter algum assunto. E quando finalmente chegou os pratos que Fernando quebrou o gelo.
- E ai Maninha, o que quer fazer hoje. Podemos ir ao boliche, uma balada, parque de diversões, qualquer coisa.
- Eu não sei, eu nunca comemorei meu aniversário, acho que estar tomando café aqui com vocês é o auge para mim.
- Oh minha querida, que não seja por isso. Não estavamos mantendo segredo, mas pelo visto você precisa se animar. Letícia esta nesse exato momento ajudando a organizar uma festinha para você. Então você terá um bolo, balões e iremos cantar parabéns. E mais tarde você irá sair com Fernando, Miá, Nessa e Letícia para se divertir, não me perdoarei se seu aniversário passar em branco. - Disse Dona Eleonor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Amor é um Rock II - Inconstante
RomanceApós a desilusão e o rompimento brusco, Bianca vai para NY começar outra vida com Miá. 2 anos depois ela reencontra Lina com a fama em outro patamar, mas será que tudo vai ser resolvido ou o amor já acabou?