Sapito

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O celular de Cris começa a vibrar e eu tenho que acordá-la para atender, nós nem terminamos o filme porque nós duas adormecemos... Na verdade, nós nem chegamos aos dez minutos antes de dormir. Acordei cerca de cinco minutos atrás, mas não queria me mexer para não acordá-la, mas agora não tenho escolha.

"Cris. Che, acorde."

Ela se mexe um pouco, torce o nariz e vira para a esquerda, mas não acorda.

"Cris, acorde, seu celular está vibrando, certamente alguém está ligando para você."

Cris faz uma cara irritada e acena com a mão para me dizer para não incomodá-la, eu rio de sua atitude, mas insisto, falando um pouco mais alto.

"Cris. Abra os olhos."

Estico-me para pegar o celular e ver quem está ligando, talvez se diga quem é ela me diz se é importante ou não; é a mãe dela.

"Che, Cris. Sua mãe ligando para você."

Isso a acorda, eu mal terminei de falar e Cris já estava pegando seu telefone e atendendo.

"Mãe-"

Antes que ela possa dizer outra palavra, começo a ouvir a voz de sua mãe saindo do telefone e ela se vira para mim com um rosto irritado, revira os olhos e tira o telefone do ouvido.

"Minha mãe é pesada, uma mala."

Dou de ombros e Cris volta sua atenção para o telefone.

"Mamãe... Sim mamãe! Que sim! Eu já ouvi você! Uh-huh Não sei. Não muito. Eu não sei mãe! Quão pesada você é."

Cris desliga e tenho quase certeza de que ela desligou enquanto sua mãe continuava falando.

"Desculpe."

Ela joga o celular na cama e cai ao meu lado.

"Você já tem que ir?"

Cris fecha os olhos e se vira para onde eu estou para me abraçar, ela me abraça com força e esconde o rosto no meu pescoço.

"Criiiiiiis?"

"O que?"

"Você tem que ir?"

Cris enfia o rosto no meu pescoço o máximo que pode e aperta seu abraço.

"Chi".

Eu ouço a respiração dela no meu ouvido e percebo que ela está chorando de novo.

"Cris? Esta chorando? Venha, olhe pra mim."

Sento-me como posso, faço Cris se virar para me ver e limpo o par de lágrimas que caem de seus olhos.

"Basta olhar para esses grandes olhos azuis que você tem."

"Nah, eles são um pouco... de louca."

"Não..."

Ela se senta e cruza as pernas para que fiquemos cara a cara, ela se vira para me ver e seu rosto suaviza, ela sorri para mim enquanto exala pelo nariz.

"Quando eu era menina, meus irmãos me chamavam de olhos de sapo."

"É... bem, eu gostaria de ter seus olhos de sapo."

Deja-vú.

Toda essa conversa foi como um grande déjà-vú, imagino que parte desse sentimento apareça na minha cara, provavelmente confusão. Cris me observa por um momento e então, enquanto reclama, ela se levanta.

"Eu tenho que ir antes que minha mãe venha aqui para me tirar."

Afasto a sensação de que já tive essa conversa e me levanto também.

Segurando FumaçaOnde histórias criam vida. Descubra agora