Ninguém além de você

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Espero Cris fora de casa na quarta-feira de manhã para surpreendê-la no aniversário dela, passei o dia inteiro pensando em mil maneiras de fazer algo enorme para ela, mas lembrei-me da conversa com Viri e Amira e decidi simplesmente manter as coisas simples e claras, então hoje chego cedo e escrevo para que ela desça. Estou na porta do prédio onde ela mora, com muito frio, esperando que ela abra a porta e começo a pensar que talvez eu não tenha planejado bem, Cris nem sempre acorda cedo e, se o faz muitas vezes volta a dormir, talvez eu devesse ligar para ela novamente...

"Olá!"

Cris sai de surpresa quando estou de costas e me faz pular, quase me fazendo jogar o que tenho em minhas mãos, me viro e seus olhos ficam grandes e seu sorriso suaviza.

"Feliz aniver-!"

Antes que eu possa terminar de dizer, ela passa os braços em volta do meu pescoço e me beija enquanto sorri, separa o rosto do meu e passa a mão pelo meu cabelo.

"O que é que você fez?"

Eu levanto minhas mãos para mostrar a ela.

"Não é muito, mas..."

Dou de ombros e ela me dá outro beijo.

"Me encanta."

Ele termina o abraço e dá um passo para trás, para que eu possa dar o que estou segurando, é um copo térmico para café adornado com um desenho de nós duas feito por mim, alguns bolos caseiros de mirtilo e algumas rosas.

"O copo está cheio hein, mas é café porque não são nem oito da manhã."

"Tudo bem."

Dou-lhe as coisas e caminhamos juntas para o metrô, eu já havia avisado Amira o que faria e ela chegaria ao insti separadamente. A viagem de metrô é mais silenciosa do que o habitual, ainda é cedo e não há muita gente ou barulho, o que é perfeito porque Cris não precisa se preocupar que eu comece a me sentir ansiosa e não sinto que um cara sem importância está nos observando. Descemos do metrô e caminhamos até o insti de mãos dadas, obviamente, estou segurando as coisas de Cris para impedir que ela as deixe cair. Nós vamos para a lanchonete que já está aberta e sentamos para que Cris possa experimentar o que eu trouxe para ela.

"Deixe-me dizer, eu fiz tudo sozinha, hein."

"Sim?"

"Sim Sim."

Cris pega um pedaço de um dos bolos e toma um gole do café.

"Bem, ficou delicioso."

Eu sorrio para ela, sentindo-me satisfeita por ela ter gostado, e ela termina tudo.

"Puxa, garota, é o melhor café da manhã de aniversário que já tomei."

"E ainda há mais uma surpresa."

Cris fica excitada, bate palmas e se vira para mim.

"Mas, ainda não, eu não vou dar a você até as aulas terminarem."

"Mas..."

Ela faz beicinho para mim digno de um Oscar e eu levanto minhas mãos.

"Sinto muito, mas é assim que será."

Eu rio quando ela bufa pelo nariz e cruza os braços, mas antes que eu possa continuar, outro grito de feliz aniversário é ouvido, nós duas nos viramos e são as garotas chegando com um pequeno bolo com velas como fogos de artifício e outra sacola de presente. Cantamos para ela todos juntos e ela finge soprar as velas para que apaguem, elas lhe dão seu presente (um cachecol rosa e amarelo e alguns brincos), e ficamos lá comendo entre as seis até a hora de entrar, acompanho Cris ao seu armário, esperando sua reação quando ela o abra.

Segurando FumaçaOnde histórias criam vida. Descubra agora