A Locadora

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Leia ao som da música "Trevo" das lindíssimas ANAVITÓRIA e Tiago Iorc.

-Estou trabalhando, precisei vir de última hora. Não vamos poder nos ver hoje infelizmente. =/ - digitou Sete no messenger para Clara.

-Ah, tudo bem! Nos encontramos na segunda mesmo. - respondeu ela chateada.

Aquele domingo não parecia nada comum. Não conseguira dormir ao saber que se encontrariam num domingo, um dia a mais pra curtir a companhia do seu amado melhor amigo Sete. Mas tudo foi por água a abaixo em três tempos. Clara toda chateada pensava em um plano B. Já se arrumara, colocando sua melhor roupa, ou melhor, a melhor roupa que não desse a entender que se arrumara para ele. Mas sim, era pra ele cada detalhe e pra si mesma, é claro.

O sol estava a pino, o dia convidava todos a saírem só para apreciar seu grande espetáculo. Clara aguardava ansiosamente o toque de Sete pra sair correndo (não literalmente, é claro, não poderia ficar toda suada, aff, que nojo). Mas contra sua vontade teria que ficar mais uma vez mofando em casa. Começou a pensar em qual série poderia entretê-la. Bom, talvez um livro fosse mais proveitoso, intelectualmente falando. Ao caminhar em direção a sua biblioteca particular disposta em ordem crescente, ouviu o som da notificação. Sete a convidada para ir encontrá-lo na locadora mesmo. Não acredito, pensou ela ao dar vários pulinhos de felicidade. Coitados dos vizinhos de baixo. Sorry, mas precisava comemorar.

O caminho até o shopping da cidade (lugar onde ficava a tal locadora, talvez uma das sobreviventes nessa era de filmes online e pirataria) era longo. Mas Clara caminhava como se flutuasse, sem contar o sorriso bobo no rosto. Havia relutado com Sete se sua aparição não o atrapalharia ou lhe causaria problemas. E depois de usar todos os argumentos plausíveis e coerentes ela se deu por vencida. Não que fosse difícil convencê-la naquele momento. Só precisava da última linha e já teria aceito: "Quero te ver, isso não é motivo suficiente?" Sim e como era.

Depois de uns 20 minutos andando, finalmente chegou no que todos chamavam de shopping, porém, estava mais pra praça de alimentação. Porque shopping, na sua opinião, deveria ter bem mais lojas e mais de um andar. Mas ok, não entraria nos méritos da questão, até porque, conseguia se perder naquele lugar "pequeno". Nem sabia por onde começar a procurar a tal locadora. Mandou uma mensagem de texto e depois de algumas orientações mais específicas conseguiu finalmente achá-lo.

Ao chegar abraçou o amigo que vira há não muito tempo atrás. Mas não importava, estava com saudades, sem contar que era um dos melhores abraços do mundo. Ele deu algumas opções de filmes a ela, saindo, deixando-a sozinha com possíveis clientes.

Clara ficou levemente desesperada. Que loucura, pensou. É por isso que é meu amigo, o pré-requisito é esse - LOUCURA. Tentava escolher algo legal, sem poder sequer cogitar o seu gênero favorito - Romance. Será que comédia romântica ficaria ruim para dois amigos, que eram apenas isso (ou talvez não), assistirem juntos? Tá, cancela essa ideia. Ela é péssima.

Para a sorte deles não chegara ninguém, até Sete aparecer à porta. Ufa, que alívio. Como eram sortudos. Ele entregou uma sacola a ela, enquanto atendia mais alguém. Clara olhava para aquele pacote e fazia caras e bocas, tentando apenas pelo tato identificar o que seria o tal misterioso conteúdo. Bom, não conseguira, até que Sete com um sorriso a interrompe de sua linha de pensamento.

-Que cara é essa?

-De curiosidade, ué. - respondeu Clara tentando como seu último golpe cheirar o papel.

-É. Assim você tem mais chance. - riu ele debochando da amiga que não achava a menor graça.

-O que é isso?

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