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Meus pés doem de tanto andar, meu corpo parece estar cozido de tanta quentura, meu celular também está quente no meu bolso, hoje parece ser um dia extremamente seco ou úmido, na real eu não sei qual causa a pior sensação térmica, e com um sol de rachar. Quando chego em casa, ao tentar abrir a porta, quase queimo minha mão na maçaneta, que ficou exposta ao sol durante a manhã inteira. Depois que faço o jogo de abrir o mais rápido possível a maçaneta antes de queimar meus dedos vou direto para o meu quarto quando chego tiro toda roupa e jogo no chão juntamente com minha mochila e entro debaixo do chuveiro e espero a água descer. Apenas um detalhe: a tubulação fica na parede que foca exposta ao sol durante a manhã, mas obviamente eu só me lembro disso quando a água quase fervendo toca minha pele, eu começo a xingar furiosamente, depois de escapar do processo de escaldamento eu sento no vaso sanitário e espero a água esfriar um pouco, minha cabeça lateja muito, meus olhos também. Todo dia é esse processo de tortura ao voltar pra casa, às vezes eu desejo a manhã inteira que caia uma chuva torrencial na hora da saída, pois acho bem melhor chegar encharcado de chuva do que pré-cozido pelo sol.

Depois que tomo banho vou à cozinha, onde pego dois ovos e frito para comer com macarrão, quase não consigo comer devido ao sono, que parece pousar sobre minhas costas e tentar furiosamente fechar meus olhos. Depois de almoçar vou até os fundos da casa onde ficam nossas duas cadelas de estimação, Rubi e Safira, ambas ficam debaixo de uma pequena cobertura onde elas descansam e fogem do sol, coloco ração e troco a água delas e então finalmente posso dormir. Eu provavelmente não deveria ir deitar agora, tenho muito trabalho da escola para fazer e tarefas domésticas também, mas o sono parece incombatível então me rendo e vou deitar; jogo as roupas na cadeira do lado da cama e deito na cama de qualquer jeito e antes que eu possa pensar em mais alguma coisa eu já dormi.

Meu celular me acorda com seu som padrão que poderia se chamar facilmente de orquestra do demônio, mas sinceramente seria uma ofensa ao conceito de orquestra e o demônio também não iria gostar de ser associado a algo tão abominável quanto o som de um despertador de celular; desligo o alarme e decido não conferir minhas redes sociais, tem uma notificação de sms, é para ganhar um cupom de desconto em alguma rede de fast food, clico e inicio o cadastro, recebo um código e finalizo o cadastro, a bateria está baixa então prefiro desliga-lo e deixa-lo carregando.

Vou até a cozinha e começo a lavar as louças, mas então me lembro da roupa suja e volto ao meu quarto e pego o cesto de roupa suja e jogo tudo na máquina de lavar, eu lembro que há algum tempo atrás minha mãe guincharia se me visse fazendo isso, mas depois de um tempo nem ela tinha paciência para separar as roupas pra lavar, agora era só questão de checar se não tem muitas peças. Depois de botar as roupas para lavar e terminar de guardar e louça; ainda tenho que varrer e passar pano na casa inteira e ir ver quantas obras de arte mal cheirosas a dupla dinâmica fez lá nos fundos. Acho que as outras pessoas acha isso cansativo, mas eu particularmente gosto, ou pelo menos preferiria fazer isso a ir trabalhar ou estudar, é tão mais simples, eu nunca vocalizaria esse pensamento, mas é uma realidade para mim, poucas tarefas me dão satisfação por conclusão e uma delas é arrumar a casa, e em parte porque particularmente é satisfatório ajudar minha mãe. Faz um tempo que somos só nós dois e qualquer coisa que eu consiga fazer para aliviar o estresse dela me ajuda. Faz um tempo que ela anda muito estressada e ansiosa, Erik era um pé no saco na vida dela, e quando ela pediu o divórcio o alvoroço que ele fez foi tão violento e absurdo que somente uma medida protetiva foi o suficiente para fazê-lo manter distância. Mas cá entre nós, sabemos que essa medida é apenas um papel, nada impede ele de vir aqui e esfaquear minha mãe e eu durante a noite, por isso compramos Rubi e Safira, gêmeas pitbull, uma tentativa desesperada de reforço na segurança. Uma benção que nos agracia ainda é o fato de que os amigos da minha mãe conhecem Erik, então sempre que ele está na cidade, nós recebemos alguma informação. Talvez seja difícil entender, mas depois de um tempo o medo acaba se esvaindo aos poucos, não de forma rápida e nem perceptível, mas vai reduzindo.

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