Suspirei cansada. Não fazia nem se quê quatro horas que Alice estava em casa e eu já estava louca. A pequena não parava de chorar e isso estava me preocupando, já havia trocado sua fralda e lhe alimentado, o que mais poderia ser?
[Amber]
Kevin socorro // 10:19
Ela não para de chorar // 10:49
Já fiz de tudo // 10:49
[Kevin]
Está pedindo ajuda 'pro irmão errado Am. // 11:00
[Amber]
Kristin está em cirurgia // 11:02
Por favor Kevin, eu preciso de ajuda // 11:02
Ela vai me deixar louca. // 11:11
Alice continuava a chorar em meu colo, não sabia lidar com crianças, muito menos bebês. Aquela situação me lembrava do terrível jantar que tive com um dos meus ex-namorados, a sobrinha dele estava conosco, foi catastrófico aquele dia.
Por que aceitei que Loren engravidasse? Poderia ter dito que não, expulsado ela de casa, mas não, apoiei ela em tudo e cá estou eu, com um bebê no colo sem saber o que fazer.
- Vamos lá Alice, se continuar assim, irei chorar junto.
A bebê me olhava sem entender o que estava sendo dito. O som alto da campainha fez a pequena parar de chorar por segundos.
- Seu salvador chegou. – Kevin disse, entrando na casa. Em suas mãos havia algumas sacolas. – Ela é linda.
Levantou a mão para tocá-la, virei meu corpo para trás afastando Alice dele. Arrancando-o uma careta de seu rosto, e uma risada da bebê.
- Não. Lave suas mãos imundas antes de tocar nela.
- Quanto drama mamãe, estou indo lavar as mãos. – Revirou os olhos, largou as sacolas na bancada e lavou as mãos. – Pensei que os avos dela estariam aqui.
- Foram embora hoje cedo, depois que o testamento de Loren foi lido, eles decidiram ir. Provavelmente ficaram chateados e surpresos com tudo o que rolou, eu não sei.
-Eu também ficaria se meu filho fizesse um testamento e deixasse o bem mais valioso dele na mão de uma amiga... mas então você é oficialmente mãe agora? – perguntou, pegando Alice no colo.
A pequena parecia prestar atenção na conversa, olhava para nós todo o momento. Os olhinhos cor de mel que a bebê tinha a deixava adorável.
- Ainda não, tenho uma semana para decidir o que fazer com ela, e caso eu me decida ficar com ela terei que entrar com um processo de adoção.
Kevin me encarou sem entender. Repassei minha fala mentalmente, verificando se havia me embolado em algum momento.
- Ainda está com dúvidas se ficará com ela?
- Kevin eu tenho meu trabalho, não posso largar tudo.
- E vai abandona-la?
- Eu não disse isso...
- Mas é o que parece.
O rapaz saiu da cozinha com Alice quase adormecendo em seu colo. Olhei para as sacolas que ele havia trazido, eram coisas para a bebê. Suspirei, após ver as coisas. Ficariam lindas nela.
Aproveitei a paz que havia se instalado na casa e passei a fazer o almoço. Assim que desliguei a última panela, fui atrás de Kevin, o rapaz estava no quarto de Alice, observando a dormir em seu berço.
- O almoço está pronto.
Ele assentiu, cobrindo Alice antes de sair do quarto.
- Estou com medo Kevin. – Admiti pela primeira vez em voz alta. – Medo de falhar com Dylan e Loren, principalmente com Loren.
- É uma enorme responsabilidade, sabemos disso Am. – segurou minha mão por cima da mesa. – Mas precisa decidir o que quer fazer logo.
- Eu sei. – Suspirei.
[...]
Kevin acabou passando o resto do dia conosco, Alice pareceu gostar da companhia dele. Graças a sua ajuda consegui guardar as coisas de Loren, ainda doida olhar para o quarto e saber que ela nunca mais voltaria. Terminei de arrumar a cozinha, Alice dormia no carrinho de bebê, me aproveitei disso e a levei para meu quarto ainda no carrinho. Parecia estar em um sono bom, hora ou outra sorria levemente.
Peguei a caixa no fundo do guarda roupa, era uma caixa de sapato, Loren havia encapado ela com algumas figurinhas. Abri a mesma, tirando de lá suas cartas para Alice. Nunca havia lido nenhuma delas, apenas sabia que Loren as guardava em meu guarda-roupa.
Minha pequena Alice, infelizmente não tivemos a oportunidade de se conhecer, mas quero que saiba que mamãe te ama muito. Talvez você sinta raiva ao saber da sua história, por saber que engravidei ciente que não viveria para te criar, mas eu não encontrei motivos para viver sem seu pai, não via mais uma vida sem ele. Eu tentei, juro que tentei seguir em frente e recomeçar minha vida, mas não consegui, e nessa descobri que ainda havia uma maneira de manter o nosso amor vivo, de realizar nossos sonhos. Você minha pequena foi o nosso sonho, infelizmente nenhum de nós conseguiu te conhecer, porém lembre-se sempre que nós te amávamos bem antes de conhece-la. Creio que sua tia (agora "mãe"), tenha cuidado maravilhosamente bem de você, eu mesma me certifiquei que você ficasse em boas mãos. Desde que recebi o positivo passei a escrever todos os dias para você, quero que conheça a historia de seus pais, que saiba como éramos. Eu te amo muito minha filha, espero que não me odeie pela minha decisão. Com amor mamãe.
Fechei a carta com lagrimas nos olhos. Olhei para Alice que ainda dormia tranquilamente em seu carrinho, não poderia deixa-la, não me perdoaria acaso fizesse isso. Guardei a carta na caixa novamente e a devolvi para o guarda-roupa, leria o resto em outro momento.
Arrumei Alice em seu carrinho, e lhe puxei para perto da cama. Mandei uma rápida mensagem para Harry, pedindo para mandar meu trabalho por e-mail, trabalharia de casa até criar uma rotina com Alice.
- É pequena, parece que seremos eu e você agora. – Sorri, mesmo que ela não estivesse acordada para ver.
Estava ciente que criar uma criança não era uma tarefa fácil, mas eu estava pronta para aceitar o desafio, ao menos esperava que estivesse.
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De repente mãe
RomanceAmber Prescott é surpreendida com o testamento de sua melhor amiga, a qual lhe concedia a guarda da pequena Alice. Nunca havia pensado em filhos, muito menos naquele momento de sua vida mas não podia recusar o último desejo de sua amiga. Amber passa...