O celular vibrando no bolso traseiro da minha calça, estava começando a me irritar. Não queria falar com ninguém no momento, já havia avisado Emily que me atrasaria para voltar, mas que recompensaria no seu salário.
Suspirei ao achar o que eu tanto procurava. Meus olhos marejaram, estar ali me deixava completamente emotiva. Passei a mão sobre sua lápide, Dylan Elliot.
- Oi meu pequeno aviador. – Abri um pequeno sorriso. – Faz alguns meses que eu não venho te ver, está tudo tão complicado aqui Dy. – Suspirei. – Eu tenho vontade de desistir de tudo sabe? Jogar tudo para o ar, e apenas me isolar de tudo e todos, porque está difícil Dy, muito. Mas Alice é linda, uma criança fantástica. – Sorri. – Você seria um pai tão babão, céus, eu passo horas vendo-a dormir e imagino como vocês ficariam babando nela.
Observei um casal jovem passar por mim, o rosto de ambos estava vermelho. Me perguntei quem eles haviam perdido, um filho? Irmão? Amigo? Como se sentiriam naquela situação? Alguns lidavam melhores com a perda que outros.
- Eu e Logan estamos tentando de novo, sei o quanto você ficaria feliz e preocupado com isso, mas está tudo bem, eu acho. – Suspirei. – Me acertei com meus pais, acho que os anos separados fez bem para gente. – Mordi o lábio inferior. – Eu sinto tanta sua falta Dy, sinto que as vezes não sei lidar com as coisas sozinha, e isso é péssimo. Eu sou mãe Dy, mãe da filha de vocês e estou com medo de falhar, eu não posso falhar, mas é inevitável, espero que vocês entendam.
{Cinco anos antes}
- Precisamos conversar Am. – A voz de Dylan preencheu meus ouvidos.
- Claro, sobre o que quer conversar?
Guardei meus esboços pessoais novamente na pasta, aqueles eram minhas peças exclusivas, apenas minhas. Observei Dylan se sentar sobre o sofá próximo a mim, suas mãos tremiam, me deixando claro que o assunto era sério.
- Loren está bem? – Perguntei rapidamente, visto que a garota ainda não havia voltado de seu trabalho.
- Sim, está. – Suspirou. – É sobre mim.
- Pode falar então, Dy.
- Fui ao médico algumas semanas atrás, era apenas uma consulta de rotina. – Respirou fundo. – Sei o quanto odeia enrolação, então irei direto ao ponto, estou com câncer.
- O que? – Olhei-o em completa surpresa, eu não esperava por aquilo. – Loren já sabe?
- Não, você é a primeira pessoa a saber sobre isso.
- Há chances de cura, não é?
- Sim, existe chances.
- Então por que está assim? Dy, eu te conheço, você vê o lado positivo em tudo, o que faz não pensar agora?
- Algo em mim não acredita que sairei dessa.
- Ei, não. Não, não e não. – Levantei-me rapidamente do chão. – Não iremos pensar desta maneira, ok?
- Amber você sabe que é cinquenta a cinquenta aqui, eu posso morrer.
- Ou pode se recuperar e viver mais tempo ainda. – Suspirei. – Iremos pensar positivo, já sabe se está avançado?
- Irei fazer o exame no próximo mês.
- Tudo ficará bem Dy, apenas seja positivo com tudo isso.
- Nossos papeis estão invertidos agora?
- Podemos dizer que sim. – Sorri.
- Irei atrás de um Banco de Sêmen antes de fazer qualquer outro exame.
- Deixe-me adivinhar, não contará para Loren.
- Se tudo ocorrer bem, ela nunca saberá sobre.
- E se tudo ocorrer mal?
- Pensei que fosse a positiva hoje.
- Só estou tentando entender sua ideia.
- Se tudo ocorrer mal, Loren ainda terá uma chance de continuar comigo de alguma forma, se ela quiser obviamente.
- Eu não sei se acho esse momento romântico ou se te bato por pensar que algo ruim irá acontecer com você.
- Não vivemos em um conto de fadas Am, as pessoas morrem todos os dias aqui.
- Não é porque pessoas morrem todos os dias, que devemos tratar isso como algo normal.
- A única certeza que temos é a morte.
- Sim, depois dos nossos oitenta anos esperamos por ela, não antes disso.
- Sei que é pedir muito de você, mas poderia ir comigo? – Sorriu. – Não quero ir sozinho.
- E perder você ejaculando em um potinho? Nunca. – Rimos. – Estarei lá, apenas se me pagar um lanche depois.
- Como quiser.
Dylan me puxou para um abraço, me trazendo a segurança que minutos eu havia perdido. O que eu faria sem esse homem na minha vida? Dylan era como um irmão mais velho para mim, e eu não existia sem ele. Não queria perdê-lo, mas infelizmente não estava mais na minha mão protegê-lo ou não.
{Atualmente}
- Eu falhei com você Dy, falhei duas vezes já, e estou com medo de falhar a terceira vez. Sei que Logan dá conta de tudo sozinho, ele sempre foi assim, mas eu. – Suspirei. – Eu não cuidava nem de mim, quem dirá de Alice. Talvez você esteja me olhando agora, e repetindo "você está fazendo um bom trabalho", ao menos eu gosto de pensar que você esteja repetindo isso, me sinto um pouco melhor assim. Talvez eu esteja no caminho certo, ou então no caminho totalmente errado, eu não sei. Só espero não errar tanto com Alice, ela é uma criança fantástica que infelizmente não conhecerá os pais incríveis que ela tinha.
"Nunca chegarei aos pés de vocês, é impossível chegar, mas tentarei ser o melhor que posso para Alice, por mais que alguns dias sejam difíceis. Espero que não fique bravo comigo por ter contratado Emily, ela é uma boa pessoa, me lembra muito a Loren. Acho que no final, Alice terá amostra de como você e Loren foi."
Olhei o pôr do sol em silencio, eu precisava voltar para casa o quanto antes. Voltei-me para a lapide novamente, passando meus dedos por ela.
- Eu tenho que ir agora, mas volto no próximo mês, eu prometo Dy.
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De repente mãe
RomanceAmber Prescott é surpreendida com o testamento de sua melhor amiga, a qual lhe concedia a guarda da pequena Alice. Nunca havia pensado em filhos, muito menos naquele momento de sua vida mas não podia recusar o último desejo de sua amiga. Amber passa...