𝕸𝖎𝖆𝖒𝖎

𝒟𝑒 𝓃𝑜𝓋𝑜

Que babaca, que ódio que eu sinto dele, como ele pode chegar assim em mim do nada com uma proposta tão estranha. Depois de tudo aquilo que ouvi, apenas avisei que tinha que ir embora, obvio que aquilo não colou, até porque a reação dela foi estanha, como se eu tivesse dito algo absurdo. Talvez a forma que eu me pronunciei, ou até meu tom.

Agora? Agora eu estou voltando pra casa, andando mesmo eu sabia que precisava pensar, ou iria ter um surto de raiva, não queria sair de mim, como sempre, isso não acontece a muito tempo é agonizante só de lembrar de algo assim. A ultima vez que eu tive uma crise dessas faz meses, eu tinha acabado de chegar aqui. As ruas de Miami as 3 da manhã não são nem um pouco movimentadas, alem de ser frio por conta do mar, o vento gelado me deixava mais aflito, a minha respiração começava a aumentar, respirava fundo aquele ar.

Sinto meu corpo ir contra o colchão macio do quarto, solto o ar que prendia olhando para o teto, a proposta de Daniel girava na minha cabeça, não posso negar que ele é sim bonito, mas algo faz eu recuar. Eu deveria tentar? Seria a melhor opção?  Respiro fundo, eu não queria começar a tremer, fecho os olhos. 

Não vou deixar isso vir, não vou deixar, tento eu mesmo segurar minha mão, minha respiração já estava desregulada. E novamente eu estava naquela sala, Daniel estava diferente, quando eu ia me levantar a porta automaticamente havia fechando, o local ficava menor, o loiro estava na minha frente, seu rosto estava embaçado, sua voz ecoava pela sala, sempre repetindo a mesma frase.

- Por favor me deixa em paz. 

Eu queria muito chorar, o soluço saia pela minha boca sem comando algum, meu coração parecia querer sair de mim, ar algum parecia circular em meus pulmões, cada passo que o loiro dava pra frente eu dava dois pra trás. O chão parecia sumir, eu não o sentia, o suor que escorria da minha testa era frio. 

- Não faça nada comigo. 

Assim que fecho meus olhos sinto uma mão agarrar meus pulsos, alguns chamados longes, com os olhos abertos percebo que eu estava novamente em meu quarto. Estava deitado no colo de Chumbo, ele tirava os cabelos soados da minha testa, enquanto me olhava atentamente sem pronunciar qualquer palavra, eu estava chorando sem perceber. 

- Consegue respirar? - ele sussurra, por muito pouco eu conseguia o ouvir.

Apenas concordei com a cabeça, não queria ter qualquer dialogo agora. 

- Vou ficar a noite aqui. Mas antes você precisa tomar um banho, e vou lhe ajudar. 

De banho tomado, fui posto na cama enquanto Lucas se deita ao meu lado. Eu sentia vergonha por ter passo por isso, a unica pessoa aqui que sabia das minhas crises era o Becker. Encaro o homem ao meu lado que me olhava atentamente, ele pensava em algo, algo relacionado a mim, não é difícil de saber disso.

- Pare de pensar. - Ele diz.

Me assusto por um segundo, eu realmente estava pensando demais e pensando naquilo as vezes. Eu preciso me desligar.