𝒯𝒾𝓇𝑜 𝓃𝑜 𝑒𝓈𝒸𝓊𝓇𝑜

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𝓜𝓲𝓪𝓶𝓲, 23 𝓭𝓮 𝓶𝓪𝓲𝓸

Olhava para a luz que passava pela janela, mais uma vez eu tinha deixado ela aberta, ficar deitado na cama parecia mais interessante do que ir fecha, mesmo ainda sentido cansaço. Preciso pensar em um jeito de pedir demissão, seria estranho eu simplesmente falar que me demitir por que estou com um homem rico, pouquíssimas pessoas sabiam da minha sexualidade, e não é pelo que está ocorrendo que todo mundo deve saber. 

Respiro fundo, eram por volta de seis horas da manhã, meu relógio não tinha nem despertado, mas meu corpo sim. Tenho que resolver tanta coisa e o pior de tudo é saber que é um tiro no escuro, não sabia se seria atingido e caso fosse eu não sei de onde viria. Me viro na cama para o outro lado, tentando fechar os olhos e descansar, a porta do quarto abre revelando Chumbo, não queria falar com ele ou com Lucas, eles sabiam que eu precisava deles ontem. 

Chumbo faz completamente o contrário do que eu queria quando decide abrir a cortina do quarto. 

— Fecha essa merda, Chumbo. — minha voz sai rouca e abafada pelo travesseiro que esta em cima da minha cabeça.

— Você precisa ir trabalhar. Já são seis e meia. — sua voz saia tranquila.

— Eu não tenho emprego. 

Depois da minha fala nada mais foi ouvido, quando eu me virei pra olhar o surfista, ele estava quase que paralisado tentando entender. 

— Você aceitou, Felipe? 

— Queria que eu fizesse o que? Eu estou curioso e disposto a isso. 

— Mais curioso do que disposto, eu posso apostar.

— Para com essa merda. Aonde foram ontem? 

Ele solta uma risada, como se lembrasse de alguma coisa. O encaro da pior maneira possível, suspiro e me levanto da cama indo para o banheiro, respiro fundo olhando meu reflexo no espelho, jogo  um pouco de água no meu rosto apos escovar meus dentes. Eu estava estressado com os meninos, isso era fato, mas não posso negar que eu realmente queria fazer aquilo, sentir os lábios dele com os meus. Eu estou certo fazendo isso?

Entro de baixo da água morna, enquanto sentia ela relaxar meu corpo, eu não conseguia esquecer a noite passada. Era como se as imagens e sensações estivessem ainda aqui, a sensação dele me fazendo encara-lo, ou até mesmo o fato de me pressionar contra algo, trazia uma sensação estranha dentro de mim. Desligo o registro respirando fundo enquanto tiro o cabelo molhado do rosto, uma das minhas mãos parecia que ia entrar na parede de tanta força que eu usava para me apoiar. Não poderia continuar pensando nisso, Daniel só quer se aproveitar e eu também não vou ficar para trás.

       +🕖 = 🕙+

Depois de finalmente voltar da corrida, eu precisava encarar a realidade que me esperava, me demitir, a casa estava silenciosa, o que era estranho, até eu ouvir o barulho vindo do quintal, o que não me surpreendeu nem um pouco o fato de ter alguém com Hadson, os sons dos gemidos eram mais nítidos. Reviro os olhos ouvindo aquilo enquanto preparava alguma coisa para comer, a opção de panqueca com chocolate parecia a melhor de todas. 

A garota apareceu na cozinha tentando disfarçar ao máximo o fato de estar com vergonha de mim, enquanto eu apenas me retiro do local, sem antes virar e gritar com o homem que entrava no comodo 

— Hadson Nery deixe essa merda arrumada, ou eu arrasto sua cara no asfalto. — encarava o homem a metros de mim.

Entro no meu quarto trocando de roupa enquanto terminava de comer a panqueca, eu não usava uma das minhas melhores roupas, da mesma forma que eu faria se fosse trabalhar, mas pelo menos estava apresentável. Celular e carteira estavam no meu bolso, decido pedir um carro particular ao invés de ir de metro.

O sininho toca assim que eu entro na lanchonete, Bianca olhava pra minha cara com a maior interrogação possível, caminho em sua direção e me sento no banquinho a sua frente. 

— Por que não veio hoje? — é a primeira coisa que ela fala.

— O Tiago está ai? — respiro fundo tentando não olhar nos olhos da Andrade.

— Ele não vem hoje, talvez amanhã quem sabe. —  Ela falava enquanto enchia alguns copos de suco — Vai meu falar ou não por que de não estar desse lado do balcão?

— Vou me demitir... - minha voz quase não sai 

O barulho de um copo se chocando no chão foi ouvido. — Como assim?! Ta brincando né, Felipe?!

— Queria poder dizer isso, mas vou mesmo me demitir. 

      +🌆🕖🌃+

Passei boa parte do dia na lanchonete, quando voltei pra casa, Lucas estava em casa, e pelo visto era só ele mesmo, algumas caixas de pizza se encontravam em cima da mesa, pra ser mais exato, tinham quatro, uma para cada um, era nosso trato dentro da casa. Pego uma delas indo na direção do meu quarto, me jogo na cama, a caixa caiu ao meu lado, o clima em Miami estava frio pelo horário, então eu estava dentro das cobertas. Muitas coias se passavam pela minha cabeça, principalmente, o fato de ter que falar com Tiago, além de ser meu chefe, era um amigo aqui, mas iria o perturbar naquele horário, talvez ele estivesse com Jorge.

𝓜𝓲𝓪𝓶𝓲, 24 𝓭𝓮 𝓶𝓪𝓲𝓸

Agora, eu posso dizer que eu sim, não sei como me sinto estranho, eu não sei se estou fazendo a coisa certa, tinha muito medo de estar errado arriscando todas a minhas peças em uma proposta muito arriscada. Eu não tinha muitas informações sobre Daniel, talvez só por ele ser ator e ex-modelo,  e se tudo aquilo que ele disse foi em vão. De um coisa eu tenho certeza e é que eu estou desempregado. 

𝕸𝖎𝖆𝖒𝖎Where stories live. Discover now