Dia sete de setembro, estava dirigindo em direção ao casamento de uma amiga que iria acontecer numa área florestal aos arredores da cidade em que morávamos. Era um dia calmo, havia um céu claro com milhares de estrelas e uma lua minguante, o clima estava agradável, a única coisa desconfortável era aquele vestido longo cheio de pedrarias que eu fui obrigada a usar já que seria madrinha no casamento.
Enquanto dirigia notei que o sinal de GPS do meu celular começou a dar problemas, mas como no dia anterior eu mesma havia feito o percurso com Cecília para colocar plaquinhas indicativas que auxiliariam as pessoas a encontrarem o local da celebração não tive medo. Continuei dirigindo e um pouco a frente avistei uma destas placas com uma seta que apontava para a entrada por entre a floresta, era uma estrada estreita de terra vermelha, naquele ponto não haviam postes com luzes ou qualquer outra fonte de iluminação que não fossem os faróis do carro ou aquela linda lua minguante que parecia um sorriso estampado naquela imensidão em azul marinho.
Segui pelo caminho de terra atenta a qualquer sinalização já que meu GPS havia parado de funcionar completamente, avistei ao longe luzes na cor verde e fui em direção a elas, conforme me aproximava fui notando coisas que não me recordo de ter visto como uma ponte de madeira suspensa sobre um córrego. Enquanto o carro passava eu podia ouvir o ranger da madeira velha que parecia que iria ceder a qualquer momento, depois da ponte me vi entre altas árvores, a floresta ao meu redor parecia ter ficado mais densa, no entanto continuei na direção daquelas luzes. Ao chegar onde elas estavam notei que todo o caminho a partir dali estava iluminado por elas, ao meu ver parecia parte da decoração do casamento e aquilo não me preocupou. Continuei no caminho iluminado por cerca de 10 minutos e parecia que não tinha fim, pois até o limite da minha visão eu apenas via aquelas luzes, mas não o lugar onde aconteceria o casamento, decidi seguir por mais alguns minutos e caso não encontrasse nada voltaria para casa. O Som do carro começou a falhar, havia apenas estática, em seguida foram os faróis e por fim o motor, o carro apagou e eu entrei em pânico, não conhecia aquele lugar, não havia encontrado ninguém no caminho e se eu tivesse entrado no lugar errado quanto tempo levaria até conseguir socorro? Foi neste momento que comecei a ouvir algo semelhante a passos sobre galhos secos. Podia ser qualquer coisa, desde uma pessoa a um animal, olhei em todas as direções e não avistava nada, aquilo estava além dos limites das luzes e aquilo começou a mover-se mais rápido, podia ouvir as folhas sendo arrastadas e num extinto de preservação travei as portas do carro, reclinei o banco, mas os barulhos não paravam, parecia que algo estava à espreita, mas por algum motivo não se aproximava, talvez as luzes o mantivessem longe, ainda assim era apavorante não saber o que estava ali.
Ouvi o barulho de fogos e o céu inteiro se iluminou com eles que explodiam criando um show de luzes, aquele barulho fez com que aquela coisa se afastasse, eu pude ver o vulto dela se afastando por entre os troncos, ao meu ver, parecia um cachorro de tamanho mediano, pelos escuros e longos. Arrumei o banco e tentei religar o carro que funcionou normalmente para a minha surpresa, continuei dirigindo por aquela estrada iluminada, agora um pouco mais tranquila, ao longe comecei a ver partes da estrutura da festa, senti um alívio no peito e então notei que as luzes verdes acabavam a mais ou menos 200 metros de onde aconteceria a cerimônia, confesso que ao chegar na última luz hesitei em continuar. Minhas mãos estavam suadas e tremulas, meu coração começou a acelerar e eu podia sentir um calor estranho me invadir o corpo, enquanto estava parada tentando superar aquela ponta de medo, fui surpreendida por um estrondo sobre o carro, o teto afundou um pouco e aquilo me assustou e eu dei uma ré, ao fazer isso o que havia caído sobre o carro rolou para o meu para-brisas da frente, era o corpo de um homem, seu rosto havia sido totalmente destruído e dava para ver um buraco que lhe atravessava o corpo bem na altura do coração, eu queria sair dali mas o nervosismo me impedia, toda vez que eu tentava sair com o carro ele apagava, percebi então que havia um pouco mais ao longe uma área iluminada por uma única luz verde e nos limites dessa luz estavam algumas pessoas, haviam várias outras caídas ao chão, não precisava chegar mais próxima para ter certeza de que àqueles ao chão estavam mortos.

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Contos Sobrenaturais
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