Capítulo 30 • Meu pai

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Ambar Smith

Respiro fundo após ler o último relatório do dia. Estava na pequena sala de trabalho que Simon fez improvisadamente para nós dois dividirmos, o que foi uma ótima ideia, já que não era legal fazer isso na cozinha.

Infelizmente, eu não consigo ficar horas e horas vendo relatórios sem ter pelo menos uma distração, então abri meu Facebook no navegador pelo meu notebook. Havia uma notificação dizendo que tinha uma mensagem, estranho, ninguém usa o Facebook para fazer comigo.

Engulo em seco quando vejo quem é, imediatamente clico para ler.

"Oi, filha. Tudo bem?

Soube que você está grávida e está noiva do garotinho Simon, então, parabéns. Vim te desejar tudo bom e feliz ano novo atrasado, porque apesar de não nos falarmos, somos pai e filha ainda, não é?

Então eu vou ser avó, hein? Já sabe o sexo do bebê? Escolheu o nome? Para quando está previsto?

E o garotinho Simon? Como ele está? Espero que o romance de vocês deem certo, sempre soube que alguma coisa vocês tinham, não era normal ficarem grudados o tempo todo sem se sentir atraído pela pessoa.

Soube também que você concluiu a faculdade e está trabalhando como advogada no Fashion Alamand, isso é incrível, parabéns, sempre soube que você ia chegar longe, fico orgulhoso de você.

Bem, vim avisar que estou na América do Sul, no Chile, em Santiago. Poderíamos nos ver para contarmos as novidades pessoalmente, posso pegar um vôo para aí se você quiser. E por mim tudo bem se você não quiser.

Uma última coisa, você terá um irmãozinho. Filhinha, você tinha razão, sair com milhares de mulheres não ia cobrir o vazio que a sua mãe deixou, eu deveria ter recomeçado, não ter tentado substitui-la, peço  desculpas por não ter te escutado.

Ainda assim acho melhor nos encontrarmos para explicar isso direito.

Apesar de tudo, ainda te amo e sinto que tenho tempo para consertar tudo o que fiz.

Se não nos vermos, da um beijo no meu netinho por mim, por favor? E pode abraçar o garotinho Simon por mim? Obrigada.

Te amo, filha."

Aquela merda parecia a porra de uma carta de despedida, quando terminei, estava em lágrimas. Ele falava como se não tivesse noção do tempo, na cabeça dele, eu ainda era aquela garotinha de seis anos que ele deixou a minha vó me levar para o México. Quase não tivemos um jantar decente ou uma conversa quando vovó morreu, o que significa que ele ainda acha que eu e Simon somos crianças.

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