Capítulo 1 • Recordando

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|15 anos atrás...|

Ambar Smith

Fiquei feliz que nesse ano vovó fez questão de me pegar em Buenos Aires e me levar para a casa dela na Cidade do México, papai aprovou sem dar nem um piu.

A casa da minha avó era bonita e confortável, havia vizinhos legais que ela me apresentou, um casal em especial tinha um filho que era mais velho que eu.

Eu aceitaria qualquer tipo de rejeição, certo?

Não. Eu não sou boa com rejeição, principalmente quando eu não tenho nada para perder.

Eu já havia perdido a minha mãe no ano passado, nada mais me afetaria, possíveis surtos aconteciam semanalmente, mas desde então eu não aguentava receber um "não".

No mesmo dia da minha chegada, me arrumei bonitinha, talvez o garoto caísse nos meus encantos e virasse meu amigo se eu fosse uma menina delicada, coisa que eu realmente não sou.

Coloquei a tiara que era de mamãe e os sapatinhos que havia recebido de aniversário há poucos dias. Sai do quarto indo até a cozinha onde vovó estava.

― Está linda, minha princesa.

― Obrigada vovó. Quando meu novo amigo vai chegar?

― Você quer mesmo fazer amizades, não é? Mas tenho que avisá-la, Simon não é tão simpático assim, não fique triste se ele não te aceitar de primeira.

― Tudo bem. ― minto, com medo. ― No tempo dele.

Quando a campainha toca eu me alegro, saio correndo e vou até a porta abri-lá. O casal que vi ontem estão bem arrumados, enquanto o garoto na frente deles está com uma cara de bravo.

Vestindo um uniforme de time de futebol e com o rosto um pouco sujo e suado, ele me encarava com superioridade, me senti nervosa.

― Olá, Mônica e Miguel. ― minha avó cumprimenta a mulher e o homem,

― Olá, Amanda.

Dou um sorriso e estendo a mão para o garoto. ― Sou Ambar, e você?

Silêncio, o garoto ainda me olhava como se eu não tivesse importância. Um medo tomou conta de mim. E se eu não fosse importante para mais ninguém?

― Simon! Seja educado e se apresente para Ambar! ― Miguel pede dando alguns tapinhas no ombro do filho.

― Não vou. Ela não é minha amiga.

Meu coração acelera, respiro fundo tentando não perder o controle do meu próprio corpo. Minha avó me pega no colo, dando espaço para a família entrar na casa.

― Desculpa pelas vestimentas do Simon. Ele está se revelando um menino muito mal educado.

― Eu tenho nove anos, posso escolher o que eu quero vestir.

― Como se nove anos fosse muita coisa. ― retruco.

― E seis é muito? ― ele sorri debochado.

Minhas bochechas começam a ficar quentes e minha boca seca. Isso acontece quando eu me sinto muito nervosa. Simon aponta para mim, rindo da minha cara.

― Ela tá parecendo uma pimenta! Ou melhor, uma pimentinha, por quê é bem pequenininha. ― ele continua rindo.

Sinto meu mundo girar quando vejo minha avó rindo da piada sem graça.

― Você não vai ser meu amigo, mesmo, não é?

― Não mesmo.

Meu estômago embrulha e eu levanto da cadeira. ― Estou com sono, não quero mais comer. ― Saio correndo da sala de jantar.

pregnant | 🅴Onde histórias criam vida. Descubra agora