CAPÍTULO 7 - O VELHO CELEIRO

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Ouço batidas na porta e ao olhar me deparo com Cadu lá parado me encarando. O rapaz entrou e ficou olhando para o quarto provavelmente tendo as mesmas lembranças que eu. Ficamos em silêncio, cada um olhando para as coisas que tinham por ali. As fotos, os quadros na parede e ele acabou encontrando a famosa revista da Playboy. Aquela revista. Cadu me olhou e sorriu mostrando a bendita na sua mão. Ri e balancei a cabeça em negação.

Se eu pudesse voltar no tempo talvez nada daquilo tivesse acontecido, talvez eu não tivesse desenvolvido aqueles sentimentos por alguém que não podia amar. A vida é tão cheia de talvez. E se naquela noite no celeiro eu tivesse recuado e saído de lá na primeira oportunidade? Se eu não tivesse cedido... se não tivesse entregado ó meu coração.

Eu precisava falar com ele, expôr meus sentimentos e tudo o que me incomodava em relação a ele.

- Cadu... - chamo sua atenção.

- Sim? - ele deixa a revista na escrivaninha e se vira totalmente para mim.

- Eu... eu preciso falar com você.. - nesse momento Bruno entra no quarto avisando que a janta estava pronta e que sua mãe estava nos chamando para comer. Bruno puxou Cadu pela mão enquanto tentava fazer com que ele o pegasse no colo. Mais uma vez não consegui falar pra ele, talvez eu não devesse falar mesmo. Tem muita coisa em jogo no meio disso tudo.

Me juntei aos demais para o jantar e não consegui disfarçar o meu incômodo, nunca consigo disfarçar algo que sinto. Me mantive em silêncio e pensativo ao longo do jantar e só falava quando alguém falava comigo. É claro que todos perceberam o meu jeito estranho, mas não perguntaram nada. Após o jantar subi para um banho e enquanto estava embaixo do chuveiro, Helena surgiu no quarto e adentrou o box. Ela estava preocupada comigo, disse nunca ter me visto tão calado e queria saber o que me atormentava. Eu não podia simplesmente dizer a ela o que estava acontecendo, até porque eu não sabia o que estava se passando dentro de mim. Era uma confusão tão grande, difícil de entender e de explicar. O que eu podia fazer? Dizer a ela que mesmo depois de tantos anos longe eu nunca consegui esquecer o Cadu e que continuava sendo apaixonado por ele e que estava morrendo de ciúmes por que agora ele estava namorando com outro que por um acaso está conosco na casa? Não, eu não podia fazer isso.

Helena me abraçou por trás mesmo vestida e ficou em silêncio. Cedi e me entreguei ao abraço. Eu precisava mesmo de um naquele momento e mesmo não sendo o dela, estava bom. Eu me sentia horrível por não estar sendo totalmente sincero com ela, mas e se a gente for embora depois dessa viagem e eu nunca mais vê-lo outra vez? A quem estou querendo enganar, se depois de cinco anos ele ainda mexe comigo o que me faz pensar que não irá continuar depois? Eu precisava aprender a parar de fugir dos meus medos e enfrentar eles de umas vez por todas.

Na hora de dormir eu me mexia a todo momento na cama, não conseguia pregar os olhos e estava sentindo um calor inexplicável. As janelas estavam abertas e mais parecia que estava dentro de um forno. Levantei e fui até o banheiro lavar o rosto e então decidi ir pegar um ar na varanda. Me sentei na cadeira de balanço e fiquei encarando o céu estrelado. Ainda eram oito horas da noite, estava cedo, mas todos estavam bem cansados e foram dormir diferente de mim.

O sítio era um lugar tão calmo, passava uma tranquilidade enorme. Quando mais novos eu e Cadu planejava morar em um sítio como esse longe da cidade, não éramos muito fã de cidades grandes - eu sigo não sendo, mas a vida me obrigou a morar em uma.

- O céu está lindo, não acha? - me assusto com Cadu parado do meu lado, nem notei a sua presença ali - Também não consegue dormir? Eu também não... como você está?

- Bem, e você?

- Você não parecia bem durante o jantar. Está acontecendo alguma coisa, você está bem estranho... - disse o rapaz se sentando na outra cadeira. Cadu me encarava esperando uma resposta - eu te conheço, Caio, o suficiente para saber que algo te incomoda e sei bem que não é somente a morte do seu pai - falou com certeza. Não estava tão errado - olha, se foi o beijo, me desc...

CADUOnde histórias criam vida. Descubra agora