O dia passou arrastado. Falei com Helena sobre o tal show e ela pareceu animada para ir, então fiquei mais animado também. Os gêmeos amaram a ideia.
Após o almoço recebi uma mensagem de Cadu dizendo que o local do show havia sido trocado e que agora seria na praia, o que me pareceu ainda melhor a julgar pelo dia quente que estava sendo. Isso fez com que Helena ficasse ainda mais animada, ela ama praia e ficar perto da água - Sarah puxou isso dela - e como na cidade em que a gente morava não tinha praia e a que ficava mais próxima era muito longe, Helena nunca ia. Era necessário fazer uma viagem muito bem planejada pra conseguir ir.
A hora passou e o show estava chegando. Iolanda achou melhor que as crianças não fossem, pois poderia ser perigoso já que haveria tanta gente e também não iríamos conseguir nos divertir tendo que vigiar eles sempre - não que isso seja um problema, mas eles são bem hiperativos. Poderiam sumir a qualquer momento da nossa visão.
Mesmo com o choro deles, concordamos com minha mãe e não levamos os dois. Prometi a eles que, caso se comportassem bem, levaria ambos no parque. Esse era o nosso acordo.
Helena estava linda. Cabelo solto e esvoaçante, um vestido azul claro pouco acima do joelho e bem soltinho, perfeito para o clima quente da noite. E levava também um casaquinho básico para caso esfriasse repentinamente. Esse clima é meio doido, a mesma hora que está um calor insuportável faz um frio congelante. Eu apostei em uma bermuda branca, mesmo com Helena e minha mãe dizendo para por uma mais escura porque iria sujar, e uma camiseta salmão acompanhados de um sapatênis.
A praia não era muito longe de onde minha mãe morava, dava para ir a pé e assim o fizemos. Aparentemente era um evento que mobilizou toda a cidade já que encontramos muita gente indo para o local da festa. Até mesmo a lanchonete do Seu Afonso estava fechada em pleno sábado. Após aproximadamente trinta minutos andando, chegamos até a praia. Estava toda iluminada, tinha música alta tocando e muita gente - eu quero dizer muita gente mesmo. Minha fobia social quase ativou o pânico, mas me controlei bem.
Helena e eu ficamos em um quiosque sentados olhando a movimentação. Compramos uma água de côco e ela parecia estar se divertindo. Olhava para todos os cantos em busca de um rosto conhecido ou talvez um bem específico, mas não o encontrei. Talvez ainda não tivesse chegado. Será que ele não iria? Mas foi ele quem me convidou, porque faria uma coisa dessa? De repente meu olho é tampado e tudo fica escuro. Sinto um perfume doce e uma mão gelada em meu rosto.
- Adivinha quem é - disse aquela voz incomparável. Tava na cara que era ele.
- Cadu! - digo tirando sua mão do meu rosto - besta - falo dando um soco leve em seu ombro, mas ele reage exagerado. Logo percebo que Cadu está acompanhado de Júlia, aquela da praça. Ela estava deslumbrante. Helena ficou incomodada, pude sentir, mas logo ignorou e voltou a se divertir.
- Achei que você não viesse mais - disse minha esposa se dirigindo para Cadu que tinha acabado de roubar o meu côco.
- Hm - se engasgou com a água, trouxa - estava esperando a bonita aí ficar pronta - disse apontando para Júlia que riu da situação - Aliás, vocês se conhecem? Essa é a Júlia, do nono - falou o garoto tossindo muito. Helena parecia tentar se lembrar da mulher ao seu lado, mas não teve muito êxito.
- Aquela que vomitou na quadra? - Helena diz. Júlia confirma seguida de uma risada. Nem mesmo eu a tinha reconhecido, pois fazia tempo demais que não a via e mesmo na época de escola não éramos tão próximos. Júlia sempre foi a menina bonita e popular do colegial, sempre tinha todos os guris aos seus pés.
Não esperava encontrar tanta gente conhecida ao retornar pra cidade, mas pelo o que percebi muitos não a deixaram como eu e Helena. Helena, essa estava se divertindo bastante. A abertura do show começou com canções bastante conhecidas como as da Legião Urbana, entre outros ícones da música brasileira. Até então eu não sabia de quem seria o tal show. Quando eu era mais novo não costumávamos ter eventos grandes como esse na cidade e talvez por isso quase toda a população estivesse reunida na praia. Estava tudo muito bom, mas o barulho alto me dava dor de cabeça e logo na terceira música me afastei um pouco do pessoal e me sentei perto de uma árvore pouco longe da multidão. Não sei lidar bem com muita gente perto de mim.
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CADU
Ficção GeralCasado e pai de dois filhos, Caio volta para a sua cidade natal acompanhado de sua mulher afim de visitar seu pai doente e passar um tempo longe da cidade grande. Lá, ele reencontra o seu passado e o seu antigo amor de infância: seu melhor amigo, Ca...