CAPÍTULO 9 - CHUVA DE ARROZ

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O dia amanheceu diferente. Ao meu lado Cadu dormia tranquilamente, lindo. Não sei explicar, era como se eu finalmente estivesse e pudesse ser feliz por simplesmente estar ao lado dele. Havia se passado um mês desde a partida de Helena com as crianças, nos falávamos quase que diariamente por mensagens ou ligação.

Eu levantei, escovei os dentes e deixei Cadu na cama dormindo enquanto preparava o café da manhã. Queria fazer algo especial pra ele, afinal fazia um mês desde que finalmente ficamos juntos. Devo dizer que nunca vi uma mesa de café tão bonita quanto a que eu preparei aquela manhã. Ele acordou e tinha um brilho diferente nos seus olhos, tinha um sorriso sapeca, como se estivesse aprontando algo e não queria me contar. Tomamos o café juntos - na verdade, Cadu comeu correndo pois disse que precisava sair. Fiquei sem entender nada, porém bem triste pois tinha preparado tudo com tanto carinho e ele nem deu bola.

O dia se passou lento, Cadu ficou a manhã inteira fora e nem sequer respondia as minhas mensagens ou atendia as minhas ligações. Ok, talvez eu estivesse um tanto paranóico, mas sabia que estava acontecendo alguma coisa e realmente estava. Eu só não sabia o que era. Liguei para Júlia afim de saber se ela tinha alguma noção do que acontecia, mas ela disse não saber também. Pensei que talvez fosse coisa da minha cabeça e não tinha nada acontecendo e deixei de lado. Chegou a hora do almoço e nada de Cadu aparecer em casa, ele apenas me mandou uma mensagem dizendo que estava ocupado resolvendo alguns assuntos e acabou se enrolando. Dei de ombros e fui fazer uma visita pra minha mãe. Ela já estava lidando melhor com a morte do meu pai, o que era bom. Até voltou a fazer seus bolos.

Meu telefone toca. Era Júlia na ligação perguntando onde eu estava já que não me encontrou na casa de Cadu, disse a ela e logo apareceu na casa de minha mãe.

- Boa tarde dona Iolanda! - cumprimentou a moça de cabelos brancos - Ei, Caio, vamos a praia essa noite? Vai ter um showzinho lá bem bacana - disse ela se sentando no sofá. Usava uma saía longa estampada com flores e um um cropped preto.

- Ah, não sei, Ju. Não estou muito animado... - digo. Ainda estava chateado com Cadu.

- Ah, vamos, vai ser legal! Até a Jéssica vai ir, você não vai se arrepender... - Júlia disse.

- Ok, acho que você já enrolou muito a história até aqui, Caio. Que tal pularmos para a parte que interessa logo, heim?

Será que eu posso terminar de contar a história? Já vou chegar lá, eu heim. Me desculpem a interrupção, como eu ia dizendo... Júlia insistiu muito até que acabou me convencendo a ir ao tal show com a ajuda da minha mãe. Cadu, pra variar, ainda não tinha dado as caras e eu já estava bem irritado com isso.

Voltei pra casa e encontrei em cima da cama um bilhete dele dizendo que me encontrava na praia e estranhamente tinha uma roupa separada ao lado do bilhete. Agora tinha certeza, alguma coisa estava acontecendo que só eu não sabia. Tomei banho e me arrumei com a roupa que encontrei na cama, que por sinal não era minha. Estava quase na hora marcada e lá estava eu indo para a praia. Estranhei ao ver que não tinha nenhuma movimentação ou coisa do tipo como da outra vez.

Ao chegar próximo da praia tive os olhos tampados. Ficou tudo escuro e claro que me assustei, afinal não estava entendendo nada. De repente, quando tive a visão devolvida, vi um caminho feito de velas e tinha algumas pessoas conhecidas ali como minha mãe, Helena e os meus filhos. O que estava acontecendo? Não era meu aniversário. No final do caminho, que tinha o formato de um coração, Cadu estava lá dentro vestindo uma camisa floral e bermuda branca semelhante a minha. Estava com seu bom e velho violão.

- O que é isso? - não podia ser o que eu estava pensando. De repente Cadu se sentou no chão, me pediu pra fazer o mesmo, pegou seu violão e começou a tocar e a cantar.

CADUOnde histórias criam vida. Descubra agora