Num ataque desesperado motivado por fúria e angústia, uma moça pelos seus 16 anos grita no pátio da sua escola e rompe em choro abundante. A garota dos pensamentos em água, começou a fluir conjunções e frases em sua cabeça. Perguntou à colega perturbada a razão pelo alarido extremo, que levou à perturbação daquele espaço imaculado pelos alunos, verde e fluido de cosmos bonitos:
- O que aconteceu?
- O meu namorado traio-me!
Depois de ter dito isso, levantou-se e correu para o horizonte.
Naquela noite, o tema ao qual a mente da garota sucumbio foi a menina perturbada pelo namorado, seu amor.
Ela nunca tinha tido um namorado, nem sequer uma paixão, muito menos entender o sexo e as motivações das pessoas, que as levam a magoar as outras.
A garota do banho não falava com garotos, não por vergonha ou por falta de interesse, mas porque não se achava no direito de o fazer, até se encontrar e conhecer. Por isso a garota se masturbou, no banho pela primeira vez, não por desejo sexual ou por todas as suas amigas o fazerem, mas simplesmente para se conhecer melhor, ignorando o prazer. Ela não gostou, mas no outro dia, pelo breu da noite, a luz da lua cheia passou por entre a janela da casa de banho, interrompendo a garota que estava cantando. Ela achou a faixa de luz um espetáculo incrivel e especial. Viu naquilo uma simplicidade complexa e minimalista e então, ao ver isso se masturbou porque sentiu vontade de o fazer, olhando para a lua. Ver aquela bola gigante no céu a lembro que nunca tivera ninguém para chamar de"amor" e pesou nela o pensamento de solidão extrema, apesar dos incontáveis amigos. Ela apercebeu-se que a probabilidade de estarmos sozinhos no universo influência a forma como as pessoas reagem e foi assim que ela entendeu o conceito de teísmo e a sua importância na sociedade, apesar de não achar pertinente acreditar em algo que lá no fundo sabes que não te vai ajudar. O mundo é um lugar solitário.
Depois de um longo banho, ela saiu à rua, por entre candeeiros com luz fusca e passeios sem marés de gente, como aqueles dos pensamentos. Ela nunca fora de mais ninguém para além de Poseidon mas tinha uma especial conexão por aquela ruela em frente a sua casa, onde observava tulipas com cores garridas, encostadas a um muro de pedras nítidas pertencentes às mansão da senhora Madison. Ela parou naquele muro com os cotovelos a seu auxílio e chorou para regar as plantas, pois elas também estavam sozinhas, igual à lua quando está cheia e não pode chorar por ter pessoas a olhar para ela, igual à garota que se masturbava a olhar para a lua cheia pois era a única coisa simples na sua vida e notava beleza naquele tom, igual à garota que chorou por perder quem ama e mais importante, igual a toda a gente que vagueava pelas ruas porque se sentia perdida e não sabia quem era. Então a noite fez-se ainda mais escura e a garota foi para casa com um sorriso no rosto!
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A garota dos pensamentos em água
غموض / إثارةUma garota que ainda não se encontrou, apenas se segura na água dos longos banhos que toma onde tudo faz. Ela embarca num mistério introspectivo e explora a natureza humana assim como as histórias da vila em que vive!