Prólogo

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❝ — How painful is this life? ❞

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Guardas idiotas. Prisão idiota. Grilhões idiotas. Tudo naquele lugar fedia a morte e mediocridade. Os guardas que o escoltavam não fugiam à regra. A figura encapuzada ao seu lado também não. Mas, apesar de odiar admitir, Taehyung ainda conseguia sentir um cheiro nostálgico no homem. Cheiro de... Sol? Devaneio idiota.

Kim Taehyung, o maior Assassino de Adarlan era arrastado pelo labirinto de seu atual lar: as Minas de Sal de Endovier. O poço onde Adarlan enviava seus escravos, homens e mulheres inimigos do reino, rebeldes, ou mero espólio de guerra. Não importava de onde vinham ou o que tinham feito, se o soberano decidisse que era um estorvo ou uma ameaça, eram descartados ali. 

Uma jovem simpática, não muito mais velha que o assassino, fora lançada às Minas haviam três meses. Seu grande crime era ser filha do cozinheiro real. O pai foi executado por ter feito um prato que não caiu ao gosto do caçula real. Ao que parece, acusaram injustamente o pobre homem de tentar envenenar a família real com uma gororoba feita de ervas mágicas.

Magia era o maior tabu naquele império dominado por um tirano. A simples menção dos antigos costumes e saberes é um passe direto para as fogueiras e a execução imediata. Tantos livros foram queimados naquelas fogueiras, tantos conhecimentos perdidos para sempre. Esse era o poder do Império, devorar a magia, bani-la. Então estender seu território, conquistar ainda mais terras sob a coroa de Adarlan.

E ali estava Taehyung, preso como um pássaro, com as asas cortadas. O Assassino que instaurou o terror no Reino não passava de um adolescente magricelo sendo arrastado por correntes e grilhões de ferro.

— Ora, vamos queridinho, não seja tão tímido. Me dê o prazer de ver seu rosto ou de pelo menos ouvir sua voz. - O assassino murmura, estranhando a sua própria voz.

Já fazia tanto tempo que não conversava com alguém que as frases saíam arrastadas, e era necessário um grande esforço para selecionar as palavras certas. Obviamente não foi convincente o suficiente para que o homem encapuzado lhe dissesse algo.

Taehyung estava habituado a ser escoltado por um grupo de guardas, devido a um certo incidente, mas o grupo daquele dia era diferente.

Uma das primeiras habilidades que aprendeu enquanto se tornava Assassino, foi a observação. Saber olhar para as pessoas e não se prender ao rosto bonitinho, as expressões faciais e ou vestes. Ir além, tomar cada pessoa como um livro a ser lido. Assim, para Taehyung era uma tarefa simples analisar o grupo que o escoltava.

Eram oito homens o cercando, enquanto o homem encapuzado seguia ao seu lado. Taehyung percebeu que apesar da postura tensa, haviam traços de guerreiro no modo como mantinha a mão sobre a espada.

O soldado parecia estar ciente de cada movimento de seus homens, e assim como ele mesmo, de cada caminho que seguiam naquele labirinto escuro e frio. Sua postura rígida delatava sua classe como nobre. Havia orgulho na forma como ignorava Taehyung, e como os demais homens se submetiam à ele graças a um simples aceno ou uma mudança sutil na postura.

Um nobre guerreiro, que apesar das feições cobertas, Taehyung sabia pertencer a alguém jovem.

Seus olhos finalmente percorreram a arma que agora estava não mão do sujeito: uma longa espada dourada, com uma águia entalhada... 

Merda. As coisas tornariam-se muito, muito complicadas em breve. Isso seria... Divertido.

— Cale a boca e ande. - O homem ordena.

O assassino estava certo. A voz era jovem, mas firme, um comando. Ele devia ter um cargo importante. Talvez fosse um comandante enviado pelo rei para, finalmente, executar o Assassino.

Eles já haviam dado três voltas pelos caminhos das Minas, no que parecia ser uma tentativa de confundi-lo. Tolos. Ele já havia decifrado aquele labirinto há muito tempo, e bastou menos que alguns minutos para aprender os detalhes do novo local explorado. 

Finalmente pararam diante de duas grandes portas. Estava na hora. Não foi uma vida longa... Não poderia se consolar em pensar que foi uma vida bem vivida. Sua vida foi uma completa merda. E sua morte, obviamente, seria tão medíocre quanto a vida foi.

O fim do maior Assassino de Adarlan seria em uma sala gelada nas Minas de Sal em Endovier. E seu túmulo seria uma vala comum, longe de sua terra. Adorável.

As portas abriram-se. Alguém lhe cutucou nas costas com o cabo de uma espada, então veio o empurrão e Taehyung cambaleou para frente. Guardas idiotas.

Ele daria conta, facilmente, dos oito homens. O desafio seria o encapuzado. O físico do guerreiro era marcado por experiência em batalha... Sem arma alguma, e de mãos e pés acorrentados, sem contar o peso dos grilhões... É, seria divertido.

— Ajoelhe-se, seu rato imundo.

A dor nos joelhos veio logo em seguida. O impacto reverberou por seus ossos e ele só pode lançar um olhar furioso para o porco que o mantinha preso ao chão. Um nobre, certamente, pelas roupas pomposas e o perfume enjoativo.

Taehyung não teve tempo de formular algum xingamento decente antes de sentir o toque frio que percorria seu corpo, perfurando-o como uma lâmina. Seus olhos deslizaram para o a figura sentada no trono, e ele mal pode lembrar como se respirava.

Porque ali, diante de sua figura deplorável, estava o príncipe herdeiro de Adarlan.

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❝ ... How beautiful is this life? ❞

Faz muito tempo que não desenvolvo nada dessa fic e decidi revisar desde o início para retomar ela. Não sei se alguém está lendo, ou vai ler, mas espero que possa conquistar um espacinho no dia de alguém. 𔘓

fireheart [vmin/tkk] (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora