fireheart [vmin/tkk] (EM REVISÃO)

[06] A doll and the monster

❝ - Like a doll with hands tied, I fall into a dream I can't wake up from ❞

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TAEHYUNG

Ele estava em pé diante de casas incendiadas. Pessoas corriam, em uma bagunça de choro e gritos. Havia desespero, medo, horror e dor, tanta dor por onde os olhos alcançassem. Havia apenas a morte e a dor daqueles que conseguiam sobreviver ao ataque.

Ele lembrava do cheiro pungente, podia ver os corpos descartados em meio ao massacre daquele dia. Ainda podia ouvir as vozes macabras que pareciam entoar canções fúnebres.

As crianças choravam sob os corpos carbonizados de seus pais. Havia um cheiro pungente de sangue no ar. Tudo fedia a ferro e cinzas. Ele queria fugir, gritar, mas seu corpo tremia. Não conseguia fazer nada.

Um menino chamou sua atenção, tinha cabelos curtos, roupas de seda bem ornamentadas contrastando com os pés descalços. Seus olhos irrompiam em lágrimas.

Os cabelos negros eram açoites ao vento. O menino descia uma ladeira à toda velocidade até que suas pernas pequenas demais cederam. Ele rolou, como um boneco sem vida.

Taehyung queria correr até o menino desmontado no chão mas não conseguia sair do lugar. Abriu a boca, mas sua voz não era nada mais que um eco.

Ele teve outra paralisia do sono, esteve preso naquele cenário infame que o levou para o caminho do crime. Mas Taehyung não era mais aquele garotinho indefeso, e sim, alguém tão sujo e vil como aqueles que o perseguiram naquela noite.

Tão diferente da imagem que agora é refletida diante do espelho. Todas essas roupas e acessórios de luxo transformando um escravo, um assassino, em um lorde.

- Querido, você está parecendo um boneco! Um príncipe!

A voz cantarolante de Philippa trouxe Taehyung de volta à realidade, e ele não pode conter o riso amargo quando olhou para seu reflexo. Philippa estava certa, ele realmente estava lindo. Ele estava como deveria estar, belo e inofensivo aos olhos de todos que não seriam seus alvos.

Seu look para a encenação no papel do Lorde Han-sung, candidato à campeão real, consistia em uma calça justa, uma camisa de gola alta com mangas compridas, sapatos de luxo e um brinco de prata.

Apesar do tecido visivelmente caro e do recorte cuidadoso para revelar um visual poderoso - e nada espalhafatoso como imaginou que seria -, o que realmente chamava a atenção eram os detalhes em branco. Mais precisamente as amarras.

Eram largas braçadeiras em formato de cinto que adornavam seus pulsos sobre o tecido negro aliadas a estrutura de fivelas que envolvia desde sua cintura fina, então cobria parte de seu abdômem em tiras laterais que lhe circudanvam até a lombar, ligadas a uma tira mais grossa que ia até seu pescoço.

Ele deslizou os olhos repetidas vezes tentando manter na barriga revoltada o pouco de comida que Philippa lhe obrigou a comer. Aquilo só podia ser uma piada. Eles haviam lhe tirado os grilhões de ferro para lhe dar uma camisa de força e uma coleira?

Era. Uma. Maldita. Coleira.

O assassino deslizou o dedo pela estrutura branca que envolvia seu pescoço, percorrendo a linha sobre seu peitoral e abrindo-se naquelas tiras ao longo de seu abdômen. Ele odiou aquilo.

No entanto, apesar de odiar, não conseguia dizer ou fazer nada. Apenas ficou encarando o reflexo daquele rapaz impecável, como um perfeito boneco.