No Limite • [Borderline]

Comet Wirtanen

●Lembrete: A explicação do nome e foto estão no final, a maioria dos capítulos terão os títulos de fenômenos naturais. Boa leitura anjo!●

As palavras interrogativas da doutora continuavam vagueando pela mente de Min, não o deixando raciocinar o suficiente para formular uma resposta, nem que ela fosse dada por um gesto ou expressão.

Por quê?

Por quê?

— Min Yoongi.

Seu tom de voz suave se tornou mais firme, e isso chamou a atenção do garoto, assim tomou-lhe todo o foco que antes era dado a cortina clara e fina permitindo a entrada da luz solar. A  primeira vez que nunca pensou que chegaria chegou escandalosamente. As pessoas ao seu redor sempre respeitavam seu espaço, a um nível alarmante. Como quando Jackson  –– seu pai –– viu sua mão completamente ferida juntamente com o sangue espalhado pelas paredes de seu escritório onde sacrificava o tempo que deveria ter para o filho, viu mas não dirigiu uma palavra sem a permissão do pálido, sem perceber que o mesmo implorava com o olhar para ser salvo.

— Se é tão difícil, por que não acabou com isso?

Mas então ela estava ali, falando o que todos temiam em dizer ou perguntar, usando tons firmes, olhares concisos e questões afiadas que abririam feridas antigas, talvez até novas. E Yoongi se sentiu em casa.

— Você vai abrir minhas feridas?

Após interrogar algo tão inocentemente, avistou um sorriso fofo e fechado da terapeuta a sua frente, como se estivesse orgulhosa de sua coragem para admitir o que seria feito ali. Reconhecer uma ação já é um passo a mais que dará inicio a outros.

— Onde quer chegar com isso? 

Admirou o modo paciente e nenhum pouco ansioso da mulher formada em uma área da saúde tão bonita e tão delicada.

—  O que quer que eu faça?

—  Conte o que te fere, se desejar.

Sequer elevou seus pensamentos a qualquer julgamento antecipado, estava ocupado demais com suas interrogações.

— E o que você vai fazer comigo?

Suas sobrancelhas juntas esclareciam todo o nervosismo que sua voz morta escondeu desde que chegou. Mas bastou ouvir a replicação para desfazer a expressão instigadora.

— Cicatrizes.

Os olhos arregalados evidenciaram a surpresa e não só isso, reluziram sobre a dona da fala com admiração. Fechou os olhos firmemente por puro instinto, como se quisesse ter certeza de que não era nenhum pensamento inebriante ou alucinações confusas. Interpretou de sua forma, uma palavra o levou a investigar coisas que nunca pensou que poderiam estar escondidas dentro de si, alojado em sua alma, em sua essência. Pois desde que chegara repetiu  diversas vezes a mesma fala.

Eu quero morrer.

Eu quero morrer.

Eu quero morrer.