ARP 87

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Não revisei tudo. Um dos parágrafos menciona os apelidos de Yoongi, para vocês se familiarizarem. Deixe um incentivo, uma crítica construtiva. Ficou forte, mas não perturbador, muito reflexivo.
Boa leitura anjo! Sinta-se em casa.
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"Ódio. Odiar. Odiei. Odiou. Sinto ódio, a ponto de me repudiar, e me odiei, você já se repudiou?

Escalamos uma montanha imensa, escorregando entre a areia, congelados no topo inundado da nevasca que nos tornamos. Em tamanha escala decaímos, já não somos a ponta do iceberg, fazemos parte da crosta gelada que se esconde por detrás. A ventania é asfixiante, os pulmões esguelam em meio as nuvens carregadas da água que seus olhos já não aguentam jorrar.

Entretanto, florescemos em pleno solo desértico. Os monstruosos pedaços de terras são movidos por entre a neve, os icebergs quebram os próprios lares e revelam segredos obscuros, o vento já não sabe para onde soprar e evolui para a perdição. O que nos leva a ambicionar o finamento também faz nossa vida pulsar.

Monstros por toda a parte, se materializando aos arredores. Nossa corrente sanguínea entra em ebulição e a ardência vulcânica nos amolece. A humanidade domina a arte de tremer diante do autêntico reflexo pessoal, amaldiçoa o espelho.

Alucinações, tormenta. Enxergar e ouvir seres vivos irreais que lhe contam fatores verídicos, porque conhecem tua mentalidade e o que ela deseja captar.

Pânico, vulnerabilidade. Cinco sentidos aguçados, mas sem sensações. Aprisionado pelo inconsciente, nada pode lhe tocar de fato, porque você não consegue sentir ninguém.

Ansiedade, inércia. O tórax alaga-se com o anseio pelo que não veio, e te afoga com a valentia que não lhe serve, afinal, ansiar não é o mesmo que agir.

Auto mutilação, hemorragia. O que tanto fere aqui dentro a ponto de me estilhaçar por fora? Por que as feridas se fecham mas não cicatrizam? Qual o motivo de estar a meses limpo, e enfrentar uma maratona para longe de objetos pontiagudos?

Despersonalização, retrato. Ver todo o caminho a sua frente, mas ser obrigado a escolher entre o finalizar e viver. Um passo e um pedaço de você perdendo-se no asfalto atrás. Uma espada de dois gumes, dividindo o que um dia chamou de corpo e mente.

Surto psicótico, amnésia. O subconsciente lhe apaga e põe em prática o que imploramos aos céus forças para enfrentar. Nadamos contra a correnteza e acordamos três dias depois, numa poça sangrenta nos informando que fora um sonho, não lutamos contra o suicídio, nossa mente nos derrotou antes mesmo da batalha ter início.

Depressão, impotência. Como um castelo de cartas, sou derrubado e desmontado pelo chão, você pode simplesmente comprar outro baralho, então sou varrido e depositado no lixo.

Insônia, coma. Acordado pela adrenalina recorrente. A visão capta sons, a audição enxerga vultos, o tato registra cheiros, o olfato tateia sensações. Desconexo como um quasar em meio a uma galáxia, melindroso como vênus retraindo. O sol nasce, você dormiu durante a madrugada, mas não lembra de ter despertado.

Bulimia, pressão. O combustível se alastra pelas colunas feitas de papel, o álcool usado para limpar as feridas é o colaborador ateando fogo em minha derme febril, em meu lar, o qual perdi. Pensando nisso coloco o café da manhã para fora, pois meu estômago arde em insatisfação e o obedeço.

Procrastinação, fortuna. Pagamos caro por percorrer uma estrada dando voltas pelos mesmos quarteirões. O combustível se esgosta, a bateria do celular descarrega, e não cheguei a lugar algum. O endereço está no bloco de notas mas seu desgosto o impele a ignorar. Preguiça? Ou indiferença? Agora estamos no meio da estrada, andamos quilômetros e quilômetros, no fim estagnamos por não escolher uma direção.

No Limite • [Borderline]Onde histórias criam vida. Descubra agora