No Limite • [Borderline]

Superflorescência

📌: Caso fique confuso(a) com as mudanças de humor, apenas continue a leitura, preciso demonstrar as emoções dos personagens a risca. No fim, tudo fará sentido. E segurem o coração! 📌
Leia as notas finais. Boa leitura anjo!

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Instantes, constantes, difíceis, temporários, permanentes, gelados, cruéis, ardentes, mortais. Se somos isso, então somos um lapso. Logo seremos o defeito da nação, o engano da vida, o erro do universo. Quando moldados desta forma, os seres humanos se esquecem que o modelador são suas próprias mentes. Desse modo, nos rebaixamos a níveis subterrâneos, condenações infundadas e idealizações pesadas. A mente negativa é capaz de lhe cegar, Yoongi se tornou cego. Uma nuvem carregada da água que o céu não pôde chorar ofuscou as qualidades da vida do adolescente atordoado, que acumulou emoções muito mais pesadas que milhões de litros jorrados em uma tempestade.

Faltava as aulas, a sua padaria favorita, seu parque tão amado, a biblioteca onde preenchia sua essência artística. Mas se soubesse que os jovens a essa idade passam por vendavais o tempo todo, se sentiria menos só. Pois todos os sentimentos (irracionais) que circulavam sua cabeça também faziam estragos em seus colegas de classe, nas crianças que são levadas ao parque de diversões e abandonadas lá, nos leitores que buscam refúgio nos livros e sentem as energias esgotadas mesmo quando os escritores os compreendem. Todos somos mortais, e Min Yoongi nunca parou para pensar nisso até descobrir que seu amigo de infância está incluso neste campo também. Felizmente, não teve de perder para valorizá-lo.

Estando emocionalmente abalado, sentia-se farto das complicações, de mapear as estrelas e desvendar a literatura ao passo que desconhecia o seu próprio universo. Desconhecer o problema consigo é cansativo, chegar a conclusão de que o problema sempre fora você abala estruturas, se ainda houver alguma. Ser o próprio peso é insuportável, pesar sobre alguém é frustrante.

Um poeta nos disse que algumas pessoas morrem numa queda e outras renascem dela, uma frase conhecida e tão inexplorada. Como renascer em meio a algo infindável? Caindo em direção ao abismo, arranhando-se nas paredes feitas de sua ruína, com medo de nunca encontrar o chão? Normalmente as crises de pânico traz seus medos sobre a morte a tona, mas a crise que teve na tarde anterior trouxe incertezas sobre a vida.

O emocional nos confunde, não é mesmo? Dizemos palavras sujas a nós, mas nossas ações demonstram o desejo de sobreviver. Assim como o adolescente relata não se conhecer, mas estuda as próprias crises para sobreviver a elas. O pânico não é controlável, não é adiado, é invicto. E ainda assim, pôde calcular o tempo que tinha até ser iniciado. Soube o quanto aguentaria até chegar a casa do maior. Se encontrava seguro porque deu o primeiro passo e pediu ajuda, mesmo que não pudesse fazer nada além de gritar e chorar.

Isso não é ser o vilão da própria história, vilões não realizam atos heróicos. Vilões sobrevivem a situações hediondas, então se for se comparar a eles, ao menos aprenda com a força que carregam.

Dividido entre a ansiedade por esperar o tornado que virá e os escombros que lhe sobrarão no final, Min sequer notou que pela primeira vez conseguiu enxergar a borda dos seus problemas. Ele está na borda desde que nasceu, mas ainda não aprendeu a ser a linha divisória.

6:27 A.M.

Ao acordar um pouco perdido, seu chamado por Taehyung antecede a abertura dos olhos, se dirige a ele pelo apelido antigo, com a voz ainda sonolenta.

— Tae Tae.

A imagem que o loiro vê causa surpresa. Uma camisa branca amassada devido ao quanto fora apertada por dedos longos,  braços o rodeando sem força alguma, e um lençol. Fora carregado até a cama, mas não a sua. O ser ao seu lado continua recostado a cabeceira, e seus fios loiros se espalham pelo colo deste. Os olhos ardem um pouco, mas com algum esforço os abre mais e vê não apenas o relógio mas também um papel azul na escrivaninha ao lado da cama. Apoia as mãos em um espaço livre no colchão, em busca de apoio. Mas ao impulsionar o próprio corpo a dor o incendeia.