Capítulo um - A Maldição

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A jovem corria pela floresta escura com dificuldade, a longa saia lhe atrapalhava ao passar por troncos, agarrando-se aos galhos fazendo seus pés tropeçam nas raízes, mas o medo de ser pega era maior; ela se perguntava o motivo de ter acreditado  que conseguiria lidar com aquela mulher. Aquela Herege! Pensou com raiva enquanto fugia da mesma.

Em um momento de distração se viu ao chão, lutando para levantar do meio das raízes, rasgando seu belo vestido para continuar correndo, e tentar sobreviver, mas foi impossível fazê-lo antes que a mulher lhe alcançasse. Mesmo sabendo que no fim não ia adiantar, ela ao menos tentou lutar pela vida.

— Você fez aquilo que ninguém mais fez em décadas ... me desafiou e agora é hora do seu castigo. —A voz atravessou as árvores escuras embrenhado em seus ossos causando-lhe arrepios. Seu olhar percorre a floresta enevoada, magia se agitava no solo, no ar e nas árvores, o silêncio era apavorante, olhando pros lados pode ver a sombra da mulher se formando entre os troncos.

— Por favor não, eu o amo, eu aprendi a amá-lo, posso odiá-lo. — A ruiva ainda tentou implorar, mesmo que no fundo soubesse que era uma grande mentira e que por isso não seria poupada. Ninguém jamais fora.

— Ah! O Amor. — A mulher murmurava com escárnio na voz o sarcasmo era palpável agia como se fosse algo proibido de ser pronunciado. A cada passo dela mais a magia ao redor se agitava causando calafrio e arrepios na ruiva entre às raízes.— Ele vai lhe custar algo caro.

Ao ouvir isso no pé de seu ouvido como um sussurro a magia ao redor pareceu gritar, a sua própria se amedrontou encolhendo até ser difícil de senti-la. A mulher se aproximou da menina encolhida ao chão, como um rato com medo demais para correr. Abaixou-se ao seu lado e segurou seu rosto, paralisando-a, os dedos gélidos e ossudos apertavam firmemente seu rosto, com as unhas perfurando-lhe as bochechas; pegou algo do saquinho que sempre estava em sua cintura, e seus olhos se tornaram violentas. Em sua mão a raíz esquentou derretendo e se fundindo com o metal e o pó de osso em sua mão, e então ela começou a falar, como se não estivesse verdadeiramente ali, entoando a maldição que lhe condenaria a eterno sofrimento.

— Você será a única, a verdadeira, e a imortal sedenta por sangue.
Matará para sobreviver, e viverá para matar.
Esse é seu destino e nada a salvará!
Sua sina é o amor.
Você não morre, mas por ele sucumbirá. 
Por ele todos sofrerão, por sua causa nunca amarão.
Os corações batem, mas não há vida em suas veias.
Três opções, três corações, três amaldiçoados e um único nome.
Entoado em teu ouvido pelo sussurro da noite.
Gravado em sua carne pelo abraço da morte.
A maldição foi escrita, e agora recitada.
Que seja tu a própria morte.

— Agora, morra Isabella. — Sussurrou a bruxa ao enterrar a faca forjada em sua mão durante o canto  no coração da ruiva, antes que a vida se esvaísse por completo, um nome foi sussurrado das sombras, e marcado em sua carne, um nome que nunca será esquecido. — Mikaelson...

*

Ao acordar Isabella tinha uma rotina, rotina essa que já se estabelecia por trezentos e vinte e oito anos; depois de tanto tempo se tornou normal ver seu próprio reflexo ainda como se tivesse prestes a fazer 20 anos. Durante as primeiras décadas ainda se assustava ou estranhava quando pegava água no rio, lavava roupas ou via seu rosto refletido em algum metal, a estranheza e remorso eram tantos que evitava ao máximo tais atos. Era como se de repente os anos tornassem dias e as horas segundos, e ela, fosse simplesmente congelando no tempo. Sentia o coração bater e seu corpo quente, mas não sentia frio e muito menos seu sangue correr pelas veias. Estava morta em vida. 

Haviam rumores de uma ameaça na vila a qual vivia há cinco anos. Isabella sabia que não demoraria para as pessoas acharem que ela era bruxa por não envelhecer e ela tivesse que fugir dali, se não quisesse passar por uma dolorosa tortura.

Linhagem de Sangue [Hiato]Onde histórias criam vida. Descubra agora