Vendetta

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POV Caio

Quando acordei percebi de imediato que não havia dormido em minha cama, uma dor aguda despontou do final da minha coluna e se desdobrava como um espiral por minhas costelas. Dormi numa posição extremamente desconfortável, porém na hora nem iria imaginar as consequências disso.

Me levantei indo ao banheiro me encontrando deplorável, olhos inchados, cabelos desgrenhados e a até minha barba por fazer parecia mais mal feita envolvida nessa atmosfera de fossa amorosa em que eu me encontrava. Lavei o rosto mais de uma vez, a água gelada acertando meu rosto dolorido das expressões exageradas de ontem, na verdade algo além do físico me fazia sentir dores pelo corpo todo, se é que isso faz algum sentido. Devo estar ficando louco.

—Ah Caio seu idiota. -resmunguei ao espelho.

Separei umas roupas quando segui à meu quarto, olhando a cama desarrumada e infelizmente tendo a lembrança da magnífica noite com Heric. Me demorei olhando aquele espaço onde havíamos nos amado, cheguei perto da cama e sentei devagar resvalando os dedos pelo lençol macio, imaginando involuntariamente os dedos brancos de Heric a apertar o tecido enquanto fazíamos amor.

Levantei rápido ao constatar que meu nível de melancolia ultrapassava a da banda Evanescense facilmente, então cortei o blá blá blá de mal amado aprontando meu banho. Após devidamente higienizado, tomei uma aspirina começando a colocar meu terno preto com detalhes mínimos num preto brilhante, camisa creme bem clara e uma gravata de um azul escuro denso como meu humor naquele dia.

Quando cheguei no escritório, subi cumprimentando somente quem fazia muita questão de ter minha atenção, sendo notável a todos que meu humor não estava lá essas coisas. Meu secretario se assustou com meu horário adiantado, dando a volta rapidamente no balcão para me receber.

—Bo-bom dia senhor. Gostaria de um café? -ele disse ainda num leve choque se recompondo logo em seguida. Felipe estava polido assim, pois sabia que se eu cheguei adiantado é por que tem algo errado.

—Expresso sem açúcar e mande minha agenda por email... Ah e quero uma caixa de cigarros também, você sabe a marca. - eu disse rapidamente visualizando o trabalho acumulado em minha mesa.

—Sim senhor. - ele respondeu tímido se curvando sutilmente em sinal de respeito. Por isso era meu secretario pessoal... Além de meu amigo é claro, porém neste momento ele soube ser estritamente profissional me tratando como seu chefe.

Entrei passando pela pesada porta de mogno que estava curiosamente entreaberta, fresta pela qual eu havia visto apenas a papelada amontoada em minha mesa. Ao passo que abri a porta tomei um leve susto ao ver meu chefe e sócio ali, virado para a janela extremamente grande de vidro, na verdade ia do chão ao teto, e ele estava apoiado ainda em pé perto do meu computador.
Pigarreei e ele se virou abrindo seu sorriso bonachão de sempre. Continuou ali de braços cruzados enquanto começava a falar.

—Oh Alencar! Que bom que chegou mais cedo... Estava te esperando e sabe que gosto da tua sala? Tens um decorador muito bom...

—Ah obrigada senhor... Fui eu que projetei em sociedade com um amigo engenheiro, a decoração eu que escolhi a dedo.

—Suas sociedades sempre inteligentes hum? - ele riu com o auto elogio. Não que eu não gostasse dele ou algo assim, mas as vezes Roberto tinha uma mania muito chata de se enaltecer com adjetivos sutilmente colocados elogiando si mesmo.

—Não é a toa que estamos aqui, sim?

—Sempre sincero! - ele riu sem graça, eu também tinha minha liberdade de tratamento com ele. —Garoto, eu preciso de uma ajuda sua... - West saiu de trás da mesa seguindo até o meio da sala chegando perto e postando sua mão em meu ombro direito.

Por Uma Noite - repostadaOnde histórias criam vida. Descubra agora