POV Heric
Respirei fundo. Afinal quando seu melhor amigo da vida liga em prantos pra você, o que se espera? Eu não sabia se poderia ajudar efetivamente, mas pelo menos meu ombro eu daria sempre que ele precisasse chorar. Jonathan é um em um milhão, sempre me ajudou e agora é a ocasião perfeita para eu retribuir um pouquinho de tudo o que ele já fez por mim.
—Heric! Ele está lá em cima... Não sei o que deu nele, está chorando desde que chegou aquele dia que foi te visitar na escola, até faltou na escola sexta-feira. - sua mãe dizia enquanto me recebia em sua casa. Eu calculei e deduzi que foi o dia em que peguei ele discutindo com Oliver... Essa história estava muito mal contada.
—Obrigado por abrir tia Dora... Vou subir então.
Ela assentiu com a cabeça e os olhos cansados, provavelmente da preocupação com seu filhote mais novo. Subi as escadas devagar, me preparando para o pior. Se JJ se declarasse naquela dia não sei o que faria. Como dizer que já tenho o homem da minha vida sem machuca-lo? Ele é como um irmão para mim! Cheguei até sua porta que estava fechada e dei alguns toques.
—Jay? – usei seu apelido mais íntimo. Aquele que eu usava quando criança já que não gostava de chamá-lo de "jota jota". – Posso entrar? – ele soube que era eu, já que era o único que dizia JJ na versão americana (Jay Jay).
—Pode... Pode entrar... – ele fungou me deixando perceber claramente que ele havia chorado muito.
Quando entrei em seu quarto pude perceber que não era exagero, ele estava com seus olhos inchados e a ponta do nariz super vermelha, cheio de lencinhos de papel em volta de si amassados em bolinhas.
—Jonathan! Você está péssimo! – corri até sua cama e o abracei sentando a seu lado. Logo ele desabou em lágrimas outra vez, eu estava muito apreensivo com o que eu iria ouvir ali, porém me esforcei ao máximo para manter a calma.
Após ele se acalmar um pouco ajudei ele a limpar o rosto com mais alguns lenços e joguei todos fora.
—He-Heric... – ele começou ainda soluçando um pouco. – O que eu vou te dizer é meio complicado... Não espero que você entenda de uma vez. Só me escute... Preciso de você dessa vez. Eu... – fiquei apavorado com esse começo de conversa e todo a minha calma foi para o espaço, desatei a falar em cima do que ele falava.
—Jonathan, você está confuso. Você não gosta de mim desse jeito! Não pode ser... Olha sei que me evitou esses dias e que me chamou aqui pra dizer isso. Está chorando por que eu voltei com Caio e até com Oliver você brigou por mim. Somos amigos a tanto tempo! Não faça isso, por favor... – sentei a seu lado novamente após despejar tudo isso rápido em cima dele.
—Hã? – ele deixou a cabeça cair de lado como um cãozinho que pede comida. – Do que você ta falando? – ele até riu de leve deixando seu choro de lado.
—Ah.... Não... Não era isso que você ia dizer?? – eu mesmo fiquei sem entender nada.
—Hahahaha... ai Heric só você pra me fazer rir numa situação dessa... Bem que minha mãe sempre te achou meio metidinho. – ele apertou a ponta do meu nariz e riu, mas logo ficou sério outra vez. – Heric... É bem sério o que vou dizer e tem até a ver com você afinal.
—Ai fala logo Jonathan! – comecei a ficar muito curioso.
—Acho que me apaixonei por Oliver. – fiz uma cara de espanto e ele riu pesarosamente. – Mas é claro que ele cairia de amores pelo meu melhor amigo lindo e não por mim não é? Errado. Oliver correspondeu meu sentimento! – eu ia sorrir feliz por ele porém ele fez uma cara tão triste que decidi esperar o desfecho da história. – O problema foi: ele correspondeu a nós dois! Heric... –ele parou para não chorar. Engoliu em seco continuando: - Heric, essas últimas semanas foram um martírio para mim! Não sei se deveria dizer isso justamente a você, a outra ponta do triângulo, mas não posso mais segurar isso comigo! Minha cabeça, meu coração, tudo virou de cabeça para baixo no momento em que vi aquela criatura alta! Você não imagina o quão difícil foi aceitar que eu realmente gostava de um menino naquele momento. Foi aí que decidi empurra-lo pra você. Péssima ideia! – ele sorriu irônico e ao mesmo tempo uma lágrima desceu de seu olho esquerdo. – Vocês se deram tão bem, eu fiquei com raiva e ciúmes. Não queria ver você nem pintado de ouro, mas não podia dar bandeira então tentei agir normalmente. Durante esse tempo Oliver veio atrás de mim e começamos a sair, cada dia que passávamos juntos eu me apaixonava mais e mais. Na minha cabeça, tudo estava resolvido: vocês eram muito amigos e em breve Oli me pediria em namoro. Naquele dia no ginásio eu tinha ido buscar ele pra quinta da pizza na minha casa, mas quando cheguei vi vocês... – ele não conseguiu terminar chorando copiosamente. Me compadeci de sua dor, passando a mão atrás de suas costas num carinho firme.
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Por Uma Noite - repostada
Romance* história repostada depois de ser deletada pelo site sem explicações. * Uma noite. Um garoto. Um advogado.