Os deveres do príncipe herdeiro

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Acordei feliz por causa do sonho que tive, mas quando me lembrei que dia era hoje, meu humor foi embora completamente. Hoje é o dia antes da Prova Real, onde meu pai, o rei de Norta, vai escolher uma noiva para mim. Esse pensamento me faz estremecer, não entendo por que não posso me casar por amor. Expulso esse pensamento tão rápido quanto ele apareceu. Não posso desapontar meu pai, o dever de um rei para com seu reino, um pequeno preço a se pagar pelo poder, é isso que meu pai diz.

Depois de me levantar e colocar meu uniforme, sempre uso ele quando estou no castelo, mesmo não sendo obrigatório, meu treinamento militar me ensinou a estar sempre alerta.

Vou para a sala do café da manhã, os sentinelas fazem reverências exageradas quando passo, mas não dizem nada. Entro na sala com o rosto inexpresivo, meu pai me dá um grande sorriso e Elara me ignora completamente, mas não me importo. Meven está sentado encarando seu prato, quando ele me vê, vejo apenas pena em seus olhos, não suporto que tenham pena de mim, mas nessa ocasião não me importo também.

- Bom dia filho, como está hoje? - Meu pai se dirige a mim, estou tão bravo que tenho que forçar as palavras a saírem.

- Estou ótimo pai, obrigado. - Ele percebe meu tom de voz, que eu quase nunca uso com ele e não diz mais nada, isso significa que teremos uma conversa mais tarde, mas graças ao meu horário, não haverá tempo para isso. Olho para Maven que está imerso em seus pensamentos, eu posso ser o futuro rei e posso ser forte, mas Mevey é mais esperto, ele é um príncipe duas vezes melhor que eu.

- Está ansioso para o treino? - Pergunta Maven, ele sabe como me ajudar, ele pode até ser somente meu meio irmão, mas ainda é meu irmão, ele está tentando tornar o clima menos tenso. Sei que ficar bravo não vai ajudar em nada, então tento esquecer que dia é amanhã e me concentrar no dia de hoje.

- Claro, vou te ensinar como se defender, você está melhorando a propósito. - Eu digo e ele faz uma careta. Ele pode ser o mais inteligente, mas não é bom para lutar, eu sou como fogo, literalmente, o fato de eu ser um ardente ajuda muito com isso.

- Não precisa me iludir Cal. - Ele diz, não tenho a oportunidade de responder pois meu pai me dirige a palavra.

- Hoje os meus dois filhos irão participar de uma reunião com o conselho de guerra, precisarei dos dois, não se atrasem. - Ele diz com sua voz de rei. - Preciso falar com você Cal. - Ele continua, mas não é o rei que está falando comigo, quem está falando comigo é meu pai. E ele não está pedindo para eu conversar com ele.

- Claro pai. - Eu digo, com meu tom normal de volta, ele parece relaxar um pouco.

A tarde, vou para o treino, vejo todos suando e pedindo pausas, mas eu continuo bem, isso é mais que normal para mim, na verdade, eu gostaria de intensificar os treinos, mas não posso fazer isso. Os treinos me fizeram esquecer o dia de amanhã e para mim era só mais um dia normal, mas tudo que é bom dura pouco. Assim que termino, vou tomar um banho, embora não tenho suado nada, mas assim que entro no meu quarto, vejo meu pai de pé, olhando meus livros de táticas de guerra, no começo ele não me nota, mas quando fecho a porta atrás de mim, ele se vira e me encara.

- Precisamos conversar filho. - Franzo as sobrancelhas, sei o que ele quer me dizer, é o que ele diz todos os dias. - Sei que você não está feliz com a Prova Real, mas é necessário.

- Eu sei pai, vou apenas seguir suas ordens. - Volto a usar aquele tom frio. Sei que não vai adiantar nada mas não posso evitar. Meu pai se aproxima de mim e coloca as mãos no meu rosto. Não me afasto.

- São os deveres do príncipe herdeiro. - Ele diz. Essa eu já conheço, ele sempre diz isso e eu sempre cumpro suas ordens. Estou acostumado a elas. - Eu também não tive escolha e nem por isso eu reclamei. - Quando ele diz isso não consigo segurar o riso.

A Rainha Vermelha Pela Visão De CalOnde histórias criam vida. Descubra agora