Já era tarde, não havia quase ninguém no prédio. Àquela hora todos já deviam estar em suas casas, confortáveis. Mas havia está moça que estava com os olhos fixos nos escritos que se encontravam sobre sua mesa. Qualquer barulho ao seu redor não poderia e não conseguiria desviar seus pensamentos. Qualquer interrupção feita porá exclusivamente para que ela pudesse ir ao banheiro, pegar um café, buscar algo que a fizesse se sentir alimentada. Seus olhos por ora chegavam a arder levemente devido ao cansaço do dia extenso de trabalho. Mas decidira que precisava ir em frente. Não havia como parar.
Estar e ter um trabalho como aquele era uma prioridade. Não existia nada no mundo que a fizesse sentir-se mais completa, embora pudesse fazer qualquer outra coisa. A leitura a fazia sentir-se viva. Ler sobre os sentimentos, pensamentos, histórias, a fazia sentir-se viva. Era algo que a mantinha respirando confortavelmente. Mergulhar nos pensamentos de alguém através de palavras e compreender suas inspirações era o que a fazia pensar que aquele era o trabalho certo. Muitos tinham talento, mas poucos eram apreciados. Estava ali, então, ela, tentando fazer jus a sua profissão e dando oportunidade a alguém que por alguma razão entendida por ela, preferia manter-se oculta, em sigilo, o próprio sigilo.
Ao passo que lia paragrafo por paragrafo, era como se tivesse vivido aquilo. Era como se visse a vida passar diante de seus olhos. Era algo antigo demais, mas, ao mesmo tempo, se aproximava de algo quase moderno. Nos tempos de hoje tudo parecia ser igual ao passado. Certas coisas não haviam mudado, e era o que enxergava, era o que escreveram ali nas folhas que eram tocadas por seus dedos cuidadosos. Precisava continuar. Precisava ir em frente, e ler, palavra por palavra para ver onde aquilo tudo iria chegar, causando certa sensação em seu coração...
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Final da década de 1840 - Amherst – Massachusetts
O crepúsculo se aproximava e o pomar estava quase silencioso se não fosse o som da respiração de duas pessoas que faziam companhia uma a outra. Dentre todos de Amherst, eram as mais próximas. Quem quer que as vejam não poderia imaginar quão forte era o vínculo que as uniam como um verdadeiro entrelaçar de dedos. Poderiam ser vistas como melhores amigas, mas, apenas elas sabiam o que significavam uma para outra além de melhores amigas: para nada importava quando estavam juntas, como duas verdadeiras almas que se pertenciam genuinamente.
- No que está pensando? – Perguntou Susan quando o olhar repousou sobre Emily que a encarava. Susan possuía um hábito marcante de sentir quando as pessoas a estavam observando. Sobretudo quando se tratava de Emily que sempre que a encarava levava consigo um pensamento profundo.
Desta vez não havia como ser diferente.
Ou havia?
- Não estou pensando em nada – Respondeu Emily com um riso.
- Eu não acredito – Rebateu Susan em seguida.
- Por que não? – Questionou de volta uma Emily que fingiu ofensa.
- Emily, você está sempre pensando. O tempo inteiro. Seria uma surpresa se não o estivesse fazendo agora, o que, é claro, não será, então, vamos lá, me diga. No que pensas?
- Está ficando tarde, não acha?
De repente Emily achou que seria bobagem de sua parte falar o que se passava em sua mente sombria. Sabia que mais do que todos que a cercavam, Susan era quem mais a compreendida. Porém, de uma forma ou de outra, falar em voz alta aquilo que pensava causou um arrepio em sua espinha. Estar na companhia de Susan de repente se pareceu como um presente em meio à infelicidade que parte de sua reclusa existência a fazia sentir às vezes, e não gostaria de estragar o momento. Tentou fugir de dizer o que ecoava em sua mente, contudo a jovem que tinha a mesma idade que ela, por cerca de vinte anos, entrelaçou os dedos fortemente a fazendo recordar o que importava no final de tudo.
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Only hope afterlife
FanfictionAtravés dos anos o universo está destinado a unir duas pessoas. Através dos anos o universo está destinado a separar duas pessoas. Havia somente este universo e este está determinado a por em teste dois corações que sempre encontravam um caminho de...