Amherst, Massachusetts – 2010
Ir ao pomar sempre foi a coisa de Emily e Sue. O tempo ali passava mais rápido longe de toda a movimentação da cidade. Enquanto uma lia um livro sobre poemas, a outra escrevia poemas. Às vezes era o oposto. Porém sempre havia esta que escrevia poemas e sua maior inspiração era a outra.
Naquela tarde, no entanto, a atmosfera estava diferente no pomar.
- Me diga o que está acontecendo – Pediu Emily pela terceira vez. – Você está quieta desde que chegamos. Não comeu quase nada. Eu sei que sou péssima na cozinha, mas, ao menos finja que gostou do meu sanduíche de atum.
- Seu sanduiche de atum está ótimo, Em – Sue respondeu com um riso. – E você está melhorando na cozinha. Não posso tirar seus créditos sobre isso.
- Então qual o problema? Converse comigo. Precisa de algo?
Desde que Sue perdeu certo amparo, Emily se certificou de que iria cuidar dela. E se certificou de que sua família cuidaria dela também. Eram muito novas para cuidar da vida, sabiam, então por ora precisavam ficar sob dependência de alguém – ao menos Emily pensava. Mas não Sue. Não depois de tanto tempo sentindo-se perdida.
- Tenho algo para contar. Mas, não sei como será.
- Apenas conte. Não temos segredos uma com a outra.
O silêncio pesou sobre elas. Emily encarou Sue, com receio.
- Ou temos?
- Promete que irá me entender?
- Sue, estou começando a ficar preocupada.
- Serei direta. Tenho guardado isso por semanas.
- Certo...
Sue tomou uma respiração. Engoliu em seco. Sua mão tremia. Para ajuda-la, Emily a tomou pela mão e a apertou significativamente. Sue não sabia se era para o melhor ou para o pior. As palavras então vieram:
- Estou me mudando para Boston em dois dias.
- O quê?
Emily sentiu como se estivesse levando uma descarga elétrica, a mão indo para longe de uma Sue que ficou sentada, encarando-a, enquanto a outra se colocava de pé. A reação de Emily foi insuportável para ela própria que, negou com a cabeça e riu.
- É uma brincadeira? Isso não tem graça!
Negando com a cabeça para ela, Emily a ouviu sussurrar.
- Por quê? Você não pode simplesmente ir embora!
- Emily, está na hora de crescer, você sabe, eu não tenho nada.
- Você tem. Você me tem, Sue. Eu prometi. Cuidarei de você!
- Sabe o que estou querendo dizer – Sue continuou sussurrando, desta vez em pé, tentando se aproximar de uma Emily que recuou em lágrimas. – Emily, entenda, eu não tenho uma vida perfeita. Eu não tenho onde cair morta, e preciso disso.
- Você acha que eu tenho uma vida perfeita? É isso?
- Não foi o que quis dizer. Apenas...
- Essa não é a sua única opção. Não é e você sabe.
- Na verdade, é. Ainda me resta uma tia e ela quer me ajudar.
- Isso não pode ser real!
- Me perdoe.
- Você não pode ir.
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Only hope afterlife
FanfictionAtravés dos anos o universo está destinado a unir duas pessoas. Através dos anos o universo está destinado a separar duas pessoas. Havia somente este universo e este está determinado a por em teste dois corações que sempre encontravam um caminho de...