Capítulo 3

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Cada palavra usada para contar a história tocava profundamente o coração de quem lia. A sensação estava fazendo com que a mente de Sue quisesse explodir, o sentimento de que poderia explodir. E ficou mais intenso diante das próximas paginas que ela se pusera ler, agora, deitada no sofá de uma sala iluminada somente por um abajur ao seu lado, tornando o ambiente levemente aconchegante.

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O mundo poderia vir a ruir. Se transformar em nada. Desaparecer. Ainda assim de alguma forma especial Emily e Susan, ou Susie, como por vezes Emily costumava chamar ao se encontrar distraída nos encantos da sua pessoa favorita – não iria se importar desde que tinham a companhia uma da outra.

- Eu gostaria de poder me casar com você.

- Me perdoe por ter falhado. Eu ainda te amo.

- Você não falhou comigo, Sue. Você nunca o faria, na verdade.

- Eu não sou perfeita. Eu posso machuca-la.

- Não vejo como alguém como você poderia machucar um alguém como eu – Emily diria a Susan que já sentia como se estivesse morta por dentro a partir do momento que a perdeu para algo que vai além de seu controle, porém preferiu fingir que tem algum controle sobre seus aturdidos pensamentos; continuou a falar:

- Seu coração é o mais delicado e puro, o melhor que já conheci.

- Você não costuma conhecer tantos corações, costuma?

- Você está certa. De qualquer forma, não faço tanta questão.

Elas trocaram um olhar e riram. Mantinham-se deitadas de frente uma para a outra enquanto suas mãos estavam entre seus corpos, juntas. Precisavam deixar aquele lugar, não poderiam ficar por mais tempo e lhes doía como o inferno à ideia de precisar se afastar, Susan, indo para o lugar onde estava passando os últimos dias desde que perdera a família, e Emily, para o lugar que deveria ser sua casa, mas se parecia bem mais como uma prisão.

- Nós precisamos ir, e sinto que você ainda não me falou o que pensa.

- Está tudo bem.

- Não, Emily, não está. Apenas vá em frente, estou aqui para você.

- Promete que se nos perdemos uma da outra, você procurará por mim?

- Emily?

- Eu disse que poderia ser fantasmagórico.

- Não acho que seja se é o que está pensando – Susan disse com um riso.

- Então, prometerá?

Susan semicerrou os olhos; estava confusa, sem saber exatamente o que Emily gostaria com toda aquela conversa. Sempre soube que a moça tem uma mania de ter altos pensamentos que somente ela compreende, e ninguém mais.

- Seja um pouco mais clara, porque sinto que não estamos aqui para falarmos sobre minha escolha em casar-me com Austin. Você deveria está agora mesmo tentando mata-lo ou algo do tipo, e não aqui, comigo. Ao menos é o que acho.

- Eu não tive reação alguma sobre ouvir esta novidade dele. Talvez de você, sim.

- Mais uma vez, sinto muito. Não tenho para onde ir. E isso é tão errado – Ela se arrependia da mesma forma que alguém se arrependia de ir embora de um lugar onde fora feliz e não poderia voltar. Era a mesma sensação, e lhe apertava o peito encarar Emily e vê-la sentir dor ao pronunciar aquelas palavras.

- Quando lhe digo para procurar por nós, se em algum momento nos perdermos uma da outra, estou querendo lhe pedir que, não desista de nós. Mesmo depois da morte. Tente procurar por mim, eu estarei fazendo o mesmo. Talvez não tenhamos muito sucesso nesta vida, mas quem sabe não poderemos ter algum tipo de sucesso em outra vida?

Only hope afterlifeWhere stories live. Discover now