Angeloi: O Reino Dos Anjos

94 6 1
                                    

As montanhas eram tão altas que ele podia sentir o céu e os ventos

As montanhas eram tão altas que ele podia sentir o céu e os ventos

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Kim Tae-Hyung

    " A luz era fraca durante a noite, mas mesmo assim eu andava firme pelas sombras, só queria poder por minhas mãos pelas grades e tocar o vento. Eu gostava do cheiro da penumbra e do mistério, gostava de ouvir o som de minha roupa de dormir ridícula arrastando pelo chão daquele edifício agraciado pelas nuvens.

   Era tão bom olhar para o céu escuro e imaginar as conversas entre as estrelas que lutavam para iluminar aquele manto de trevas. Em noites nubladas eu costumava me sentir triste e era naquelas onde eu chorava mais, caindo e me desfazendo no chão junto com a água, trovões e raios. As noites de lua eram o alento de minha alma. Eu me pegava conversando com o corpo celeste e dependendo de sua fase era uma pauta diferente.

   Na lua nova eu contava a lua sobre meu mundo, esperando que ela me contasse mais sobre o que ela via por fora. Lua crescente era a época de falar do meu trabalho de príncipe, de como era difícil e como era impossível fazer tudo o que se tinha vontade. Na lua minguante eu apenas falava as loucuras que pensava e sentia, sobre as viagens que minha mente amava fazer e durante a lua cheia... bem, eu me tornava sensível e frágil. Na lua cheia eu também costumava chorar, falava manso e baixo, um sussurro de uma alma leve e vazia.

"Por favor, envie alguém a quem eu possa dizer tudo que entala minha garganta"

"Por favor deixe-me libertá-la do fardo que é ouvir-me"

"Eu gostaria de sair para vê-la de perto"

"Permita-me abrir minhas asas banhado por sua luz"

   Eu sentia minhas asas dormentes às vezes, ainda que fizesse questão de voar com cuidado por dentro de meu quarto quando podia. Agora que mal via mais que quatro paredes, não sabia se aguentava mais olhar para minhas janelas e não me mover, minhas asas tremiam em desejo. Cada dia no qual eu repetia a mesma rotina noturna, uma parte de mim quebrava como uma estátua feita de porcelana fina e antiga, um anjo decorativo, belo e melancólico. Abandonado a ficar preso acumulando poeira e se destruindo em sonhos."

[...]

   Quando eu abri meus olhos, vi o teto de meu quarto e mais uma vez senti soprar por meus ossos o vento do vazio. O barulho parecia estar mais audível do que em qualquer dos quatro meses que já passavam, era como se por um milagre a porta estivesse... mas aquilo não era possível! Eu virei a cabeça rápido e sem pensar muito e levantei com um salto e bater de asas, pus toda a velocidade que eu pude para passar por aqueles corredores altos e largos:

PríncipesOnde histórias criam vida. Descubra agora