Capítulo 4

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Durante o jantar, Mia e eu conversamos mais sobre as nossas vidas, e Mia ficou incrivelmente interessada no Brasil. Ela adoava lugares quentes, e pelo o que parece ela também adorou a comida brasileira. A noite havia sido bem agradável. Melhor do que eu poderia ter planejado. 

Eu já havia me aprontado para dormir, afinal aquele tinha sido um dia cheio de surpresas. 

Coloquei meu relógio para despertar as 8 horas da manhã, e me deitei na esperança de logo pegar no sono...Mas parecia que o sono não estava batendo em minha porta hoje. Então comecei a relembrar de vários fatos desse dia... O voo incrivelmente demorado, o hotel lindo que eu iria me hospedar e acabei não me hospedando, Mia e Martha, o jantar com as duas... 

Eu havia tirado muitas conclusões erradas aquele dia, e tudo o que eu pensava sobre Martha havia mudado desde que Mia contou sua história, mas depois daquele jantar, fiquei mais do que grata em saber que Martha estaria comigo naquela viagem. Ela tinha uma cara fechada sim, mas o espirito dela era tão receptivo e forte. Ela aparentava ser o tipo de mulher que aguentaria qualquer coisa, que não baixa a cabeça para quando um homem lhe ordena fazer algo... O tipo de mulher que qualquer uma deveria ser. Ela tinha um coração enorme e gentil, ao mesmo tempo que poderia ser mais perigosa que uma leoa. Simplesmente incrível. 

No jantar conversamos sobre muitas coisas: Minha casa, minha vida antes da viagem, minha família... Depois Mia me falou sobre a cidade novamente e se ofereceu para fazer um tipo de excursão comigo pela cidade. Já que eu ficaria mais do que uma semana, elas queriam se garantir que eu não me perderia no caminho da cafeteria até a casa de Mia, o que era bem provável de acontecer, mas tentei acalma-las dizendo que eu poderia m virar muito bem sozinha...( Pelo menos eu acreditava que se falasse isso varias vezes, então talvez o meu senso geográfico me ajudasse). 

Enquanto eu pensava nas coisas que havia para fazer no outro dia, cada vez mais a voz da minha cabeça foi ficando mais suave e lenta...

Quando dei por mim, já estava claro e o som irritante do despertador tocava insistentemente, me alertando que já estava na hora de levantar.

-Ah, adivinhe? - eu falava com o despertador do  celular- Eu sou chata, mas você com toda certeza é mais!

Minha voz estava completamente embargada, e meus olhos doíam pela luz que entrava pelas janelas do quarto. Tudo parecia mais vivido naquela manhã... Enquanto eu me levantava coloquei uma musica para tocar no modo aleatório... Então começou a tocar "Rude-MAGIC", não era bem o que eu estava esperando, mas o ritmo era muito contagiante... Então me dirigi ao banheiro e comecei a me aprontar: Tomei um relaxante banho de chuveiro, escovei os dentes 2 vezes, penteei o cabelo e  prendi as laterais na tiara preta. Me maquiei levemente e troquei de roupa...E troquei de roupa de novo, e de novo... até chegar a conclusão que já estava perdendo muito tempo escolhendo uma roupa para hoje, então fiquei com a primeira roupa que havia escolhido: Uma calça de preta justa que dobrei até as canelas, coloquei minha pulseira, uma camiseta cinza que parecia ser de algum time de beisebol,  que na verdade era bem maior do que eu havia imaginado,  e por ultimo minhas meias e os meus tênis de corrida preto básico da Nike.

Me olhei no espelho e reparei que meus olhos estavam mais brilhantes que o comum: Eu estava tão ansiosa para o dia de hoje que estava completamente radiante... Eu tinha uma boa programação e estava confiante. Ontem tinha sido um dia bem complicado? sim, verdade. Mas não significava que tudo daria errado hoje, todo dia é uma nova oportunidade, todo dia o nosso planeta terra está cada vez mais longe do ponto que esteve ontem, então se até o nosso planeta consegue desapegar, porque eu não posso? 

Peguei minha bolsa, coloquei minha carteira, a cópia das chaves que a dona Martha havia me dado na noite anterior, meu mini kit de primeiros socorros ( acredite, eu poderia precisar dele, já que eu tenho uma coordenação não tão boa assim), Meus cadernos, o meu estojo, o fone de ouvido e o celular... Parecia que eu tinha tudo o que precisava. Então desci as escadas preparada para o dia que viria.

Mia estava sentada na mesa sozinha, comendo uma porção de frutas com algo meio esbranquiçado por cima... Me aproximei dela e me surpreendi quando ela não sorriu logo no inicio, dando um sorriso meio tristonho ao invés do imenso sorriso que sempre havia em seu rosto. Tentei ignorar aquilo, me esforçando ao máximo para não desanima-la mais ainda.

-Bom dia querida colega de casa! Animada para a nossa jornada hoje?

Me sentei ao lado dela pegando uma maçã que estava na fruteira a minha frente, e Mia não se moveu... Mas o seu rosto demonstrou tudo o que ela estava pensando. Aquilo era o assunto que estava deixando ela incomodada. Mau sinal.

-O que foi? Está tudo certo para hoje não é?

Mia suspirou e me olhou  com pesar, era como se ela estivesse se sentindo muito culpada. Como se tivesse feito algo bem grave digno de prisão perpétua.

-Não, na verdade eu vou precisar ajudar minha mãe no hotel de novo e não vou poder ir com você. 

Fiquei em silencio por um tempo processando. Aquilo não era uma boa notícia mesmo. 

Eu iria para o centro comunitário hoje, o lugar onde pediram para me encontrar com um dos diretores de projeto, não seria uma entrevista, mas sim uma conversa casual...Mas ser pontual era muito importante, e eu não fazia ideia o quanto longe eu estava de lá, Mia disse ontem que iriamos andando, então não devia ser muito longe, mas se eu me perdesse isso não seria muito legal, e como meu senso geográfico nasceu quebrado eu não tinha ideia de como isso seria.

-Não tem problema Mia eu consigo me virar, afinal eu iria sozinha mesmo. No hotel não tinha um guia incluso no pacote. - tentar fazer piada não funcionava muito bem, mas era melhor do que ficar tensa, mais do que eu já estava- Vou me sair bem. Sem problema.

-Tem certeza Amy? Se não se sentir segura eu posso ligar para minha mãe e tentar convence-la. 

Mia era uma pessoa maravilhosa, mas dona Martha precisava dela muito mais do que eu, e eu não poderia ser egoísta ao ponto de pedir aquilo. Elas já tinham feito muito por mim até aquele momento, e dona Martha precisava de Mia. Eu poderia me virar, afinal eu cheguei na Inglaterra viva e bem, não deveria ser tão ruim assim. Não,  deveria ser mais fácil do que eu estava imaginando.  Afinal era só olhar no Maps certo? Eu definitivamente conseguia fazer isso. 

Perfeitamente AlinhadaDonde viven las historias. Descúbrelo ahora